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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Uma pedra por outra

Com desmonte de garimpo em MT, polícia teme que aventureiros sejam cooptados pelo tráfico

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Com desmonte de garimpo em MT, polícia teme que aventureiros sejam cooptados pelo tráfico
O desmonte do garimpo ilegal instalado na Serra do Caldeirão, em Pontes e Lacerda (483 km de Cuiabá), determinado pela Justiça Federal nesta sexta-feira (16) pode não ser o fim de um problema na região. O que tem preocupado as autoridades é o número de pessoas que migrou para a cidade atrás de ouro e agora estará sem dinheiro e sem ter como recuperar o investimento feito iniciar a aventura. Pontes e Lacerda, pela proximidade com a Bolívia, é um território usado como corredor para o tráfico de drogas. Autoridades locais temem a cooptação dessas pessoas pelas quadrilhas que atuam na região.


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O tenente coronel Eduardo Luiz Silva dos Santos concedeu entrevista ao Olhar Direto em Pontes e Lacerda, um dia antes de o juiz federal Francisco Antônio de Moura Junior, da 1ª Vara Federal de Cáceres, mandar fechar o garimpo. Na ocasião, Santos informou que a taxa de criminalidade da região manteve-se inalterada com a explosão da extração de ouro. Mas já mostrava preocupação com o que poderia acontecer após a desocupação da Serra do Caldeirão.
 
“O problema é muito mais grave e infelizmente as pessoas acabam vindo, fazendo dívidas, vendendo um bem pra levantar algum fundo e acabam chegando aqui e ficando sem o ouro, sem um bem e ainda com a dívida nas costas. E ai começa a entrar na nossa área, que é a área da segurança pública. O pessoal que veio de fora e ai? Vai ficar fazendo o que depois na cidade?”, questionou.
 
Até então, os forasteiros estão em sua maioria na serra, o que evitou maiores problemas para a população da cidade. “Mas a gente sabe, por experiência, que em cidades que se transformaram em garimpo que a tendência é piorar porque vem gente não só interessada em garimpar, mas em obter algum lucro com outro tipo de atividade, geralmente através de ilícito. Roubo, prostituição e várias outras frentes”, informou. A polícia detectou até gente oferecendo ouro, cuja procedência é ilegal, no Facebook.
 
“Foi uma surpresa pra a gente constatar que em uma semana, 10 dias, saiu de 500 pessoas para cinco mil. É difícil até se planejar com esse crescimento que está tendo lá. Por outro lado já tem alguns casos de pessoas que não estão encontrando nada e estão indo embora, acabam se desestimulando, eu acho que o caminho é esse mesmo, não é tão fácil como as pessoas estão alegando. As imagens que pessoas postaram nas redes sociais como sendo do garimpo são montagens, são de outros lugares e então a nossa preocupação principal como órgão de segurança pública é quanto especificamente para que isso não se transforme numa bola de neve depois que vá gerar outros tipos de crime, nossa região é delicada, porque é uma região de fronteira. Então há o receio de que essas pessoas ociosas depois também venham a ser cooptadas pelo tráfico, então é uma situação delicada e é preocupante”.
 
O Comando Regional que atua na localidade cobre 10 municípios, mas o pólo fica em Pontes e Lacerda. Na cidade, o contingente policial é de aproximadamente 70 homens. “Historicamente temos problemas que toda a cidade tem, de roubos e furtos, e o usuário que acaba gerando uma parcela dos roubos e furtos. O tráfico até que não impacta muito porque ele [município] é um corredor. Mas aqui nós temo quadrilhas especializadas nisso, inclusive recentemente algumas quadrilhas foram desarticuladas aqui na região, os cabeças até estão presos e isso gera um conflito entre as próprias quadrilhas, gera desentendimento e as vezes isso acarreta diretamente nos índices de homicídio, porque acontece   morte por encomenda, por pistolagem”.
 
Retirada e confisco
 
Além do desmonte do garimpo, a Justiça Federal determinou que todo o ouro encontrado com os garimpeiros seja apreendido junto com equipamentos, maquinários e instrumentos utilizados na extração e lavra do minério.. Também está proibida a entrada, comércio ou qualquer outra forma de distribuição ou venda de combustível e suprimentos no local.

As forças policiais - Secretaria de Estado e Segurança Pública do Estado de Mato Grosso, Comando da Polícia Militar em Cuiabá (MT), Delegacia de Polícia Federal em Cáceres (MT) e Delegacia de Polícia Rodoviária Federal em Cáceres (MT) – deverão permanecer diuturnamente no local pelo prazo mínimo de dez dias após a desocupação.

Sem ouro, sem perspectivas
 
Olhar Direto acompanhou por dias a rotina do garimpo na Serra do caldeirão e encontrou pessoas que investiram pesado no garimpo e ainda não haviam encontrado ouro, só acumulavam dívidas. A ação do Ministério Público federal, que ainda não havia sido apreciada pela Justiça, apenas aumentou a corrida pelo ouro. Muitos garimpeiros aceleraram os trabalhos ou dobraram o turno de trabalho para tentar conseguir um pouco de ouro antes da desocupação do garimpo. 
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