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Sábado, 20 de abril de 2024

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paciência e esperança

Aventureiros acampam na rua, mas não deixam Pontes e Lacerda com esperança de saída “milagrosa”

Aventureiros acampam na rua, mas não deixam Pontes e Lacerda com esperança de saída “milagrosa”
Quem vê Jucelino Rodrigues deitado na rede, conversando com os amigos e praguejando contra a crise, a corrupção e a falta de oportunidades no país, pode até pensar que o paraense está no quintal de casa, em mais um dia corriqueiro. O problema é que o garimpeiro está a quilômetros de casa e sua rede está pendurada na calçada que separa a rodoviária de Pontes e Lacerda da rua. Sob a sombra das árvores ele apenas espera. Aguarda a chegada de mais notícias sobre o garimpo instalado na cidade para saber se volta pra casa ou se sobe a Serra do Caldeirão atrás de minério.


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Ao redor de Jucelino, a movimentação é grande. Há muitas barracas e redes espalhadas pela calçada que cerca a rodoviária da cidade. Ao longe, o paraense vê embarcar um grupo de 20 pessoas de Porto Velho que voltam para a cidade de origem após 20 dias de trabalho na Serra do Caldeirão. Tempo suficiente para tirar meio quilo de ouro. “Da pra viver, mas se tivermos uma decisão favorável, nós vamos voltar. Enquanto isso, esperamos em casa”, revelou um membro do grupo instantes antes de iniciar a viagem.

Voltar e esperar em casa não é uma opção para Jucelino. Fica, ou vai embora de vez. Chegou ontem em Pontes e Lacerda, após iniciar a viagem na sexta-feira (16), e sequer chegou a ir ao garimpo. Teve a ideia de tentar a sorte quando viu reportagem no Jornal Nacional sobre a “Nova Serra Pelada”. “Eu vi o Willian Bonner falando que um caboclo sozinho tinha tirado 80 kg de ouro aqui”, explica. Só não deu muita atenção para quando o âncora do telejornal avisou que a Justiça Federal havia mandado fechar o lugar, após a reportagem. Aceitou a aventura com mais dois amigos.

A poucos metros de Jucelino, está sentado em um banco Paulo Ferreira Batista. Apresenta uma ferida aberta no braço que garante não ser fruto do garimpo. Um companheiro de frente de trabalho segue em silêncio ao seu lado. A dúvida também lhes martela a cabeça. Ir embora, ou ficar mais um pouco? Cada dia que fica em Pontes e Lacerda, aumenta seus gastos. Mas já decidiu que não volta ao garimpo até sair uma decisão favorável que lhe garanta o direito de voltar a explorar o subsolo da Serra do Caldeirão sem estar à margem da lei. Não é uma decisão lógica, mas baseada na fé.

Paulo Ferreira veio de Cuiabá para Pontes e Lacerda com um grupo de 25 pessoas. Conseguiram 26 gramas de ouro, que comercializaram por R$ 2,8 mil, dinheiro que não cobre nem as despesas da viagem do grupo. Um dos companheiros ainda teve uma moto roubada do estacionamento do garimpo.

“Nosso pessoal não vai voltar mais lá não enquanto não vier a decisão certa. Vou ficar aqui aguardando a decisão. Se falar que a policia vai fechar, ai cada qual toma seu destino, eles voltam pra Rondônia, e eu pra Cuiabá, mas se puder voltar a trabalhar, a gente já vai subir com maquinário”, planeja e aguarda a saída milagrosa. 
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