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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Adolescentes ocupam escola para impedir fechamento e garantem próximo ano letivo

Foto: Reprodução/Facebook

Adolescentes ocupam escola para impedir fechamento e garantem próximo ano letivo
Sob risco de não voltar a funcionar em 2016, a Escola Estadual Criança Cidadã (CAIC) em Cáceres (217 km de Cuiabá), está ocupada por alunos desde o começo de segunda-feira, 30. Os cerca de 150 adolescentes impediram a entrada de professores e vem promovendo ações como oficinas de cartazes, aula de ioga, e criação de um varal com as reivindicações coletivas de estudantes, docentes e comunidade. Com apoio da maioria dos pais, que vem acompanhando o protesto, principalmente no período noturno, eles também receberam doações de alimentos para as refeições básicas diárias. A escola CAIC atende 780 alunos da creche ao nono ano, na região.


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Em funcionamento desde 1998, a instituição funciona em um prédio construído pelo Governo Federal em terreno municipal. Nos últimos anos, no entanto, a administração passou a ser divida entre Município e Estado, que gerem da creche ao 5º ano, e do 6º ao nono ano, respectivamente. Sendo assim, em setembro de 2015, a Prefeitura exigiu o terreno, e a Assessoria Pedagógica comunicou o encerramento das atividades no local. Agora, em dezembro, pais e professores também constataram que as matrículas para o próximo ano letivo foram suspensas e que o nome da instituição não consta no site da Secretaria Estadual de Educação (Seduc).

Foi a partir daí, que, de acordo com a diretora da instituição, Regina Simões Morales, os jovens tomaram conhecimento da situação e se ofereceram para ajudar. “Fizemos uma reunião na tarde do dia 30 para falar com os pais e tentar mobilizar algum tipo de protesto pelas ruas. Alguns estudantes pediram para participar e no final, informaram aos outros. No início da noite fui avisada pelo porteiro que um grupo de mais ou menos 15 alunos tinha entrado na escola, avisei então às coordenadoras e professoras e fomos para lá acompanhá-los, pois nos sentimos responsáveis. Não imaginávamos que seria assim, está sendo muito bonito vê-los mobilizados”.

Regina também explica que mesmo não podendo entrar mais, ela e os professores tem se revezado durante as manhãs e tardes, do lado de fora da escola. Além disso, os menores são acompanhados por grupos de pais que vão para lá à noite. Para evitar qualquer tipo de atitude que tire o foco de suas exigências, os estudantes tem se organizado na distribuição de tarefas, fazendo eles mesmos a limpeza de banheiros, salas e quadras. Um controle feito com crachás também impede que alunos ‘bagunceiros’ passem pelos portões.

No Facebook, a página Ocupa CAIC ajuda a anunciar as ações que vem sendo realizadas na instituição. No espaço, além da propagação dos cartazes com mensagens de resistência, os protestantes pedem por contribuições de alimentos, cartolina e tecido TNT para confecção de faixas e cartazes, marcador permanente, tinta spray, tintas e pincéis.

Com as hashtags  ‪#‎EscolaViva! ‪#‎OcupaCAIC‪ #‎OcuparEResistir ‪#‎DiárioDaOcupação, as próximas iniciativas anunciadas pelo grupo incluem a pintura da escola e um mutirão, que inclui a criação de uma horta comunitária, que deve acontecer no próximo sábado, 5, de manhã. “Tentativas de fechamento da nossa escola não passarão!” diz um dos posts.
           
Francisco de Souza é pai de uma das alunas presentes no movimento e conta que sua filha, Gabriela, 11 anos, freqüenta a CAIC desde a creche, quando tinha quatro. Para ele, o fechamento da escola é arbitrário e prejudicaria uma grande quantidade de adolescentes, já que, nesta época do ano não é mais possível encontrar vagas em outras escolas públicas. “Não queríamos que ela saísse daqui porque o local é próximo a nossa casa e, assim, posso levar e buscas todos os dias. Hoje as coisas estão muito difíceis, a gente tenta ficar de olho. Já até tentei fazer a matrícula em escolas de outros bairros, mas além de ser longe, não tem mais vaga”, afirma.

A diretora fala sobre a consciência de propriedade do terreno e alega que não querem tomar o espaço da Prefeitura. Mas, em sua opinião, não se pode remover os estudantes assim. Por isso, a proposta do movimento é de que a permanência no edifício atual seja mantida até a entrega de um novo. Segundo Regina, há ainda a possibilidade de que apenas o 6º e o 9º ano do ensino fundamental deixem de funcionar, proposta também refutada pela comunidade.

“Este remanejamento não pode ser feito da noite pro dia. Há diretrizes que estabelecem um período de até 20 anos para isso, e o ensino em nossa cidade, atualmente, não tem condições de passar por essa mudança.”

Resultados

Um acordo que garante o funcionamento da escola CAIC foi firmado na tarde de hoje pelo prefeito de Cáceres, Francis Maris Cruz, e o Secretário de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc), Permínio Pinto. Eles se reuniram em Cuiabá para tentar resolver a situação. Como o impasse teve início com o pedido da Prefeitura, ficou acordado que o Estado pagará um aluguel do imóvel, garantindo o ano letivo de 2016, quando deverá ser construída uma nova escola. Os alunos que participam da ocupação já haviam garantido a permanência até a apresentação de uma proposta concreta sobre o futuro de suas aulas. Agora eles esperam pela oficialização e divulgação do documento.  
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