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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Cientistas desvendam mistério dos 'cogumelos transparentes' que vivem nas profundezas do mar

Cientistas desvendam mistério dos 'cogumelos transparentes' que vivem nas profundezas do mar
Cientistas australianos identificaram por meio de análise genética a origem do "cogumelo" encontrado a grandes profundidades no mar.


A criatura gelatinosa foi vista pela primeira vez há 30 anos na Tasmânia, no Pacífico. Ela têm uma haste cilíndrica coberta por um disco plano e semi-transparente que abriga uma ramificação de canais visíveis a olho nu.

Como estes canais se parecem com diagramas em formato de árvore, conhecidos como dendogramas, o termo inspirou seu nome científico: Dendrogramma.

Os espécimes originais foram descritos por cientistas pela primeira vez em 2014 por uma equipe de pesquisa dinamarquesa. Esses pesquisadores afirmaram que essas as criaturas fazem parte de um grupo taxonômico único, segundo estudo publicado no periódico científico "PLOS One".

Mas os cientistas não validaram isso com evidências genéticas, em parte por causa da forma como os espécimes haviam sido preservados, mantendo no ar a dúvida sobre sua real natureza.

"Eles chegaram a coletar amostras, mas o material se deteriorou", diz Tim O'Hara, curador sênior do Museu Victoria, em Melbourne, na Austrália.

Quebra-cabeças genético

O'Hara diz que, assim como na Ciência Forense e na Medicina, o DNA tornou-se "peça essencial do 'kit de ferramentas' de um zoólogo".

"Hoje, publicar a descoberta de um novo sub-reino sem mostrar como ele se relaciona com outros animais por meio do DNA é uma forma antiquada de trabalhar."

Mas, no fim de 2015, uma nova expedição coletou novas amostras, que estavam a 2,8 mil metros de profundidade no litoral sul da Austrália.

"Foi um momento 'eureca!'", diz Hugh MacIntosh, pesquisador sênior do Museu Victoria que identificou as criaturas em novembro passado.

"Ao segurar um contra a luz e ver suas veias bifurcadas características irradiando pelo corpo transparente, percebi que havíamos acabado de reencontrar o Dendogramma."

Ao todo, 85 espécimes foram coletados e armazenados em uma solução que permitiria a extração de seu DNA.

"De repente, podíamos ter o DNA e completar o quebra-cabeça, e foi isso que fizemos", afirma O'Hara, que liderou a etapa genética da pesquisa.

Água-viva modular
Os resultados da análise foram publicados nesta semana no periódico Current Biology e revelaram que as criaturas submarinas não são algo único no reino animal, como sugeriu a equipe dinamarquesa em 2014.

Na verdade, pertencem a uma classe de águas-vivas conhecida como sifonóforos e encontradas ao longo da costa australiana e nos oceanos Pacífico e Índico. Entre os sifonóforos mais conhecidos está a caravela-portuguesa.

"Ficamos muito surpresos", diz O'Hara. "Conhecemos muito pouco sobre os sifonóforos, porque não são achados com frequência."

Apesar de aparentarem ser um organismo único, os sifonóforos são, na verdade, uma colônia de vários pólipos de características distintas - alguns são "especializados" em flutuabilidade, propulsão, alimentação, reprodução e defesa, explica O'Hara.

Eles também possuem um órgão em formato de cogumelo, a bráctea, que pode se separar do resto do corpo quando perturbado.

Assim, descobriu-se que os misteriosos "cogumelos" não eram uma espécie independente, como se pensava, mas, sim, uma parte de um organismo que tinha sido expelida e que morreria pouco depois disso.

"Ficamos um pouco desapontados", diz o especialista. "Teria sido legal encontrar uma nova classe de animais, mas, de qualquer forma, solucionamos o mistério."

Mistérios do oceano
Uma vez desvendada sua origem, outras questões surgem imediatamente.

Com um diâmetro de 2 cm, estas partes em forma de cogumelo são consideravelmente maiores do que as mesmas estruturas encontradas em todos os sinóforos já conhecidos - a maioria têm cerca de 2 mm, diz O'Hara.

"Sabemos que essa estrutura faz parte de uma outra coisa, mas como seria essa outra coisa ainda é um mistério", diz o cientista.

Isso mostra o quão pouco conhecemos a profundeza dos oceanos. O'Hara diz que, como a Austrália não tem submarinos capazes de explorar este ecossistema, é preciso "recorrer a dragas e outras ferramentas antiquadas, que são levadas até o fundo mar, depois puxadas por alguns metros e, então, recolhidas".

"Era exatamente assim em 1870. Ainda estamos tateando no escuro nas pesquisas sobre o oceano profundo."
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