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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Planalto articula para evitar racha na base na eleição do sucessor de Cunha

Com o discurso oficial de que é “indiferente” sobre quem será eleito para o comando da Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto articula, nos bastidores, uma saída para que a eleição na Casa, prevista para a próxima semana, ocorra sem risco de provocar um racha na base aliada ao governo Michel Temer.


Uma das ações costuradas nos corredores do palácio é a tentativa de que as legendas governistas definam um nome de consenso da base até o momento da votação. Assim, avalia o Planalto, Temer não precisaria passar pela situação de apoiar publicamente um deputado e se desgastar com os demais.

A corrida pela presidência da Câmara, que estava limitada aos subterrâneos do Legislativo nas últimas semanas, foi deflagrada oficialmente na última quinta (7), quando Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciou ao comando da casa legislativa.

Entre os auxiliares de Temer, a ordem oficial é para ninguém do governo interferir, publicamente, no processo de eleição do novo presidente da Câmara para evitar fissuras incontornáveis entre os partidos aliados. De qualquer forma, os ministros palacianos Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) estão acompanhando com lupas as movimentações dentro da base aliada.

Assessores de Temer admitem, sob a condição de anonimato, que “ninguém pode ser ingênuo de achar que o governo não está se movimentando".

"Para o governo, o ideal é que os próprios deputados da base cheguem a um consenso. É isso que o presidente tem dito a todos os deputados que vêm ao palácio pedir apoio", relatou ao G1 um assessor do peemedebista.

Na avaliação dos principais conselheiros do presidente em exercício, o mais importante neste momento é o Palácio do Planalto não “carimbar” o apoio a algum candidato, por exemplo, do partido “A”, pois, com isso, as legendas “B, C e D” poderão, por pressão política, deixar de votar projetos de interesse do governo na Casa.

Possíveis candidatos

Segundo o G1 apurou, um mapeamento do Planalto apontou que a renúncia de Cunha, esperada há algumas semanas, resultou na movimentação de 10 a 12 parlamentares da base para suceder o peemedebista no comando da Câmara.

Interlocutores do governo dizem que, mesmo com a expectativa da renúncia, o Planalto trabalhava com a hipótese de ter entre três e quatro candidatos da base, mas não mais de dez, o que, segundo relatos, gerou uma “surpresa” entre os responsáveis pela articulação política do governo.

Conforme esses relatos, Temer não tem um preferido para suceder Cunha, mas auxiliares dele veem “com simpatia” alguns possíveis candidatos. Entre eles, estão os deputados Rogério Rosso (PSD-DF) – que presidiu a comissão especial do impeachment na Câmara – e José Carlos Aleluia (DEM-BA). Até o momento, porém, nenhum dos dois admite oficialmente a candidatura ao posto.

Rosso é visto, dentro do palácio, “com ainda mais simpatia”, uma vez que, na avaliação de auxiliares de Temer, ele tem “bom trânsito” entre as principais lideranças da Câmara e tem “baixo índice de rejeição”.

Além disso, os palacianos consideram que o líder do PSD conduziu "bem" os trabalhos da comissão especial que analisou o processo de impeachment de Dilma Rousseff e que ele não tem a imagem ligada “aos velhos caciques”.

Segundo integrantes do governo, entretanto, este fim de semana será "como dias de semana normais" e, até o momento da votação, "todos os nomes precisam ser avaliados".

O dilema de Temer

Mantidas as previsões de a eleição do novo presidente da Câmara ocorrer na terça (12), como defendem os líderes partidários, assessores do Planalto dizem que o governo tem até a noite desta segunda (11) para definir quem irá apoiar.

“Mas não esperem um anúncio oficial. Isso não vai ocorrer”, disse ao G1 um assessor do governo.

“O que se pode esperar é, após a confirmação do eleito, um movimento do Planalto de procurar o novo presidente e sugerir que os trabalhos sejam feitos em conjunto e em harmonia”, acrescentou o integrante da equipe de Temer.

Nas últimas semanas, uma romaria de deputados passou a procurar Temer no Palácio do Planalto para pedir a bênção do peemedebista para uma eventual candidatura à presidência da Câmara.

O movimento, que demonstra inicialmente a ascendência do presidente em exercício sobre sua base aliada, também o coloca em uma situação delicada. Um gesto mal interpretado ou uma ação atribulada e açodada podem gerar ressentimentos em parlamentares e partidos aliados, comprometendo a atual coesão da base.

Com vasta experiência nos meandros dos carpetes verdes da Câmara dos Deputados, Temer tem consciência de que sua postura, neste momento, pode manter a harmonia na base governista ou pode deflagrar um racha com consequências imprevisíveis.

O episódio da eleição do próprio Eduardo Cunha para a presidência da Câmara, no qual atrapalhados articuladores políticos da presidente Dilma Rousseff abriram uma guerra com o PMDB e com os partidos do chamado "Centrão" para tentar eleger o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), transformou praticamente em pó a base aliada da petista.

Segundo relatos de integrantes do palácio, o presidente em exercício tem respondido a todos deputados que o procuram que eles devem conseguir, antes de mais nada, o apoio de seus partidos para então buscarem a bênção do governo.

Temer, de acordo com assessores, passará o fim de semana “atento” às movimentações na Câmara dos Deputados, mas não pretende interferir diretamente no processo. A expectativa é de que, até o momento da votação, parte significativa dos atuais 12 pré-candidatos governistas abandonem a disputa.

Há uma avaliação no Palácio do Planalto de que alguns dos mais de dez possíveis candidatos à presidência da Câmara só colocaram o nome da disputa para pressionar o governo e tentar conseguir, por exemplo, obter cargos no Executivo federal.

"O Temer tem uma larga experiência política e muito dessa experiência foi construída na Câmara. Ele sabe como funciona a Casa. Quando os deputados decidem, a Câmara segue um curso próprio. Se o governo tentar interferir no processo interno de disputas, pode sair enfraquecido", avaliou ao G1 um interlocutor do presidente em exercício.
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