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Terça-feira, 23 de abril de 2024

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Em 5 meses de governo, Temer recebe quase 14% do Congresso

Ao longo de seus cinco meses de governo interino e efetivo, o presidente Michel Temer já recebeu 13,4% de todos os 594 deputados e senadores do Congresso Nacional. Ao todo, 80 congressistas foram recebidos em audiências no gabinete de Temer no terceiro andar do Palácio do Planalto, conforme a agenda oficial do peemedebista.


O levantamento do G1 considerou as audiências realizadas entre 12 de maio – data em que ele assumiu interinamente a Presidência – e 11 de outubro, último dia em que ele despachou no Planalto antes de viajar para a Ásia. A reportagem contabilizou apenas as audiências oficiais divulgadas na agenda do peemedebista pela assessoria de imprensa do palácio.

O levamento não inclui os deputados e senadores que se reuniram com Temer em cafés da manhã, almoços e jantares nas residências oficiais da Presidência e da Vice-Presidência. Além disso, também não estão contabilizadas conversas extra-oficiais que não constaram na agenda do peemedebista.

Os parlamentares mais prestigiados com audiências na sede do Executivo federal são os das bancadas do PMDB, partidos de Temer. Desde que ele assumiu o comando do Planalto, 20 deputados e senadores peemedebistas já o visitaram no palácio.

Para se reunir com Temer, deputados e senadores podem ter de enfrentar uma fila de espera de até um mês. No total, ele já recebeu congressistas de 17 legendas. Alguns parlamentares, inclusive, já o visitaram mais de uma vez.

O segundo partido que mais teve parlamentares no gabinete de Temer foi o PSDB, com audiências. O partido comanda três ministérios: Cidades, Justiça e Relações Exteriores.

Outra sigla com acesso praticamente franqueado ao Planalto é o PP. Os progressistas já foram recebidos em nove audiências oficiais.

As conversas de deputados e senadores com Temer costumam se estender por no máximo uma hora e meia. Muitas audiências, entretanto, se encerram em no máximo 30 minutos.

Os congressistas mais assíduos no gabinete presidencial são os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O deputado do DEM foi recebido seis vezes pelo presidente desde que Temer ocupou a cadeira de Dilma Rousseff.

Já Renan esteve sete vezes no Planalto para falar com o colega de partido desde que maio, isso sem contar os constantes encontros informais, jantares e almoços.

A primeira vez que Temer recebeu parlamentares oficialmente no palácio foi em 17 de maio – apenas cinco dias depois de ele assumir interinamente o comando do país. Naquele dia, ele se reuniu, inicialmente, com líderes da Câmara dos Deputados. Na sequência, ele atendeu a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e, depois, Renan Calheiros.

Desde que se assumiu definitamente a Presidência, em 31 de agosto, Michel Temer intensificou sua conversas tête-a-tête com deputados e senadores. Em menos de 30 dias, ele recebeu, pelo menos, 17 parlamentares.
O primeiro parlamentar a ser recebido oficialmente após o afastamento definitivo de Dilma foi o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC-AL), que também foi afastado do Planalto por meio de um processo de impeachment. A audiência ocorreu no dia 8 de setembro.

Do alto ao baixo clero

As audiências de Michel Temer com congressistas não se restringem a conversas com expoentres do parlamento. As agendas do peemedebistas registram encontros com representantes do alto clero do Congresso Nacional, mas também com parlamentares quase desconhecidos, que integram o baixo clero do Legislativo, como os deputados Luis Tibé (PT do B-MG) e Rôney Nemer (PP-DF).

Um dos raros integrantes da base aliada que sinalizava que iria votar contra a Propostoa de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece um teto para os gastos públicos pelas próximas duas décadas, Nemer se reuniu com o presidente no dia 7 de outubro. Oficialmente, entretanto, o parlamentar do PP diz que foi ao Planalto pedir mais verbas para obras de infraestrutura no Distrito Federal.

No dia da votação do primeiro turno da PEC 241 na Câmara, Nemer votou contra a proposta considerada uma das prioridades do governo para tentar reequilibrar as contas públicas.

Contrastando com o usual traje social dos políticos que circulam pelo Planalto, o deputado governista foi à audiência com Temer vestindo calça jeans e camiseta xadrez. Ele disse que foi mais informal ao encontro ocorreu em uma sexta-feira, dia em que ele visita cidades do entorno do Distrito Federal.

Nemer afirmou ao G1 que Temer gostou da informalidade do traje. “O presidente estava de terno. Pedi desculpas por ir assim, aí ele falou: 'eu tenho é inveja, queria estar assim também'”, relatou Nemer.
Na audiência, o deputado do DF disse que lhe ofereceram café e água. Para evitar o vazamento do conteúdo das conversas, tanto parlamentares quanto assessores têm de deixar os celulares e outros aparelhos eletrônicos na antessala do gabinete presidencial.

'Colher de chá ao baixo clero'

Na avaliação do cientista político David Fleischer, da Universidade de Brasília (UnB), Temer valoriza as conversas bilaterais com parlamentares por ter "um pé no Congresso".

"Ele já foi parlamentar. Faz parte do negócio. Quer ser presidente? Tem de falar com o Legislativo", ponderou o especialista.

O fato de Temer receber costumeiramente políticos de menor expressão política em audiências oficiais, na visão de Fleischer, mostra que o peemedebista reconhece a força dos congressistas para aprovar matérias de interesse do governo, como a PEC do teto de gastos e a reforma da Previdência Social.

“Temer dá uma colher de chá ao baixo clero. Afinal, o bloco é 80% da Câmara. É quem realmente vai fazer acontecer as aprovações”, enfatizou.

O professor da UnB destacou que o perfil de Temer é diferente do de Dilma, que era conhecida por não ter paciência para atuar no varejo de articulação política e, raramente, se dispunha a receber parlamentares no Palácio do Planalto.

Um dos exemplos da falta de paciência política de Dilma com as conversas com deputados e senadores ganhou tom anedotário em Brasília ao longo da gestão da petista.

Apesar de fazer parte do PT – mesmo partido de Dilma – o ex-senador Eduardo Suplicy (SP) ficou mais de 5 anos à espera de uma audiência oficial com a então presidente da República. Ele só foi recebido pela petista em junho deste ano, quando ela já estava afastada da Presidência, mas ainda ocupava o Palácio do Alvorada.
"Ela [Dilma] não recebia políticos e empresários, detestava fazer esse relacionamento, o que acabou prejudicando o seu governo", destacou David Fleischer.
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