Autoridades do Sudão proibiram a jornalista Lubna Ahmed Hussein, indiciada por usar calças compridas em público --crime pelo qual ela poderá ser condenada a 40 chicotadas-- a deixar o país.

Ela pretendia viajar para Beirute, onde planejava dar uma entrevista ao canal árabe MBC, mas as autoridades do aeroporto de Cartum a impediram de viajar.

"Disseram que as autoridades tomaram uma decisão no último dia 7 que me proibia de deixar o país", afirmou.

Na última terça-feira (4), a Justiça de Cartum decidiu adiar para setembro o julgamento da jornalista.

Lubna Ahmed Hussein, que escreve para o jornal de esquerda "Al Sahafa" e trabalha para o departamento de mídia da missão das Nações Unidas no Sudão, foi presa em Cartum no início de julho depois de ter sido flagrada usando calças.

Ela contou que estava em um restaurante no dia 3 de julho, quando a polícia entrou e ordenou que as 13 mulheres que estavam usando calças compridas os seguissem até a delegacia.

Dez delas foram transferidas para outra delegacia dois dias depois, e foram liberadas após terem recebidos dez chibatadas cada, segundo a jornalista, que usa o véu islâmico.

Algumas dessas mulheres são do sul do Sudão, majoritariamente cristão e animista, onde a sharia (lei islâmica) do norte não se aplica.

Indecência

Grupos feministas e manifestantes que apoiaram a jornalista em uma audiência na semana passada reclamaram que a lei não dá uma definição clara de indecência e dá aos policiais o poder de decidir se uma mulher está ou não vestida de forma indecente.
O advogado de Hussein, Nabil Adib Abdalla, disse que, para impedir que sua cliente viaje, a Justiça deve dar uma ordem específica para ela ter o direito de recorrer.