O líder comunitário Carlos Oliveira, pai do jovem morto por policiais militares no dia 2 de agosto do ano passado, acusou nesta terça-feira (31) o secretário de Segurança Pública do Estado, Roger Jarbas, de ter sido omisso e de ter permitido a morte de André Luiz Oliveira.
Leia mais:
Promotor afirma que PM agiu “por vingança” contra jovem morto no CPA e pedirá prisão de major
O promotor de justiça responsável pelo caso, Jaime Romaquelli, foi questionado diretamente por Carlos sobre a participação do secretário. Em resposta, Romanquelli afirmou acreditar que Jarbas não teve participação direta e que só teria chegado no local depois do jovem já ter sido morto.
Mas para o pai de André, o secretário esteve de fato no local durante o crime e foi omisso ao não impedir a morte de seu filho. Nesta terça, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou apenas o major Valdir Félix Oliveira como responsável pelo homicídio.
“Eu vejo a reação do promotor como a de alguém que quer proteger o secretário. O secretário é um homem de autoridade, ele teria que resolver o problema. Eu tenho certeza que ele esteve no local, quando ele chegou meu filho não tinha levado os tiros porque eu não ouvi, eu não sou surdo, assim que ele [Jarbas] saiu é que ocorreram os disparos. Então, ele não interveio e não quis salvar a vida do meu filho", afirma.
Para o promotor da 2ª Promotoria Criminal, no entanto, as investigações não constataram indícios de que o secretário estivesse no local. Jaime explicou a imprensa que o que os policiais fizeram foi justamente se aproveitar do barulho causado pela chegada de Jarbas para efetuar os disparos contra a vítima:
“Fizemos um esforço na tentativa de entender em que momento o secretário de Segurança estava no local. Foi possível entender que enquanto o helicóptero descia, aproveitou-se o barulho para realizar os disparos. Quando ele chegou ao local, a vítima já estava morta. Não existiu nenhuma ordem partindo do secretário. Ele esteve lá como uma visita rotineira”.
Outro lado
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) esclareceu que "o inquérito policial presidido pelo delegado Alexandre Vicente, que já foi concluído e encaminhado ao Ministério Público Estadual indiciando o major Valdir Félix de Oliveira, não apresentou nenhuma correlação entre a chegada do secretário Rogers Jarbas e demais autoridades no local do crime com a morte de André Luiz de Oliveira ou do policial militar Élcio Ramos Leite".
Além disto, também acrescentou que "durante a investigação policial, o delegado ouviu autoridades, jornalistas e particulares que estavam no local e concluiu que o secretário chegou após a morte do policial e André Luiz".
Entenda o caso
André Luiz Oliveira foi morto pela Polícia MIlitar no dia 2 de agosto do ano passado. Ele foi o responsável pela morte do soldado Élcio Ramos Leite, que aconteceu na mesma data. Na ocasião, Élcio e o colega Wanderson José Saraiva investigavam denúncia de que André e o seu irmão, Carlos Alberto Oliveira Júnior, estariam vendendo armas pelo aplicativo Whatasapp.
Durante as investigações, os policiais entraram em confronto com os suspeitos e a luta corporal só teria acabado quando André Luiz Oliveira disparou contra Élcio Leite. Por vingança, policiais foram até o bairro e mataram André Luiz, depois que este já tinha sido rendido. O autor dos tiros, o major Valdir Félix Oliveira foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) como responsável pela morte de André. Já Carlos foi preso pouco tempo depois do crime, acusado de ter auxiliado o irmão a matar o policial.