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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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infração disciplinar

Tenente investigada por morte de aluno soldado poderá ser presa e demitida dos Bombeiros

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Coronel Júlio Cézar Rodrigues

Coronel Júlio Cézar Rodrigues

Acusada de cometer crime militar de maus-tratos, a tenente Isadora Ledur poderá ser demitida do Corpo de Bombeiros, além de ser institucionalmente punida com prisão disciplinar, caso a conduta seja comprovada. A informação é do Coronel Júlio Cézar Rodrigues, que explica ainda que, para as transgressões, a penalidade mínima prevista é de advertência. O inquérito instaurado pela corporação apontou que além da tenente, outros dois oficiais cometeram infrações ao longo do  16º Curso de Formação da instituição. Agora a denúncia será encaminhada para a 11ª Vara Especializada da Justiça Militar.


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Além de Isadora, o comandante do 1º Batalhão, Marcelo Augusto Reveles, e o diretor de ensino da corporação, tenente-coronel Licínio Ramalho, responderão pelo não cumprimento da proposta pedagógica do curso. Eles também são acusados de negligência, uma vez que no local das aulas não havia ambulância disponível, nem outros equipamentos necessários a este tipo de ação. A decisão é do corregedor geral Sandro dos Santos Caíllava.Os três foram afastados do curso e seguirão cumprindo funções administrativa até o fim das investigações. Ledur, que estava prestes a ganhar uma promoção também teve a ascensão suspensa.

Com relação às condutas dos oficiais, Rodrigues afirmou em coletiva de coletiva de imprensa concedida na tarde desta segunda-feira (20), que houve falhas na ação. Exemplo disso é o fato de a coordenação não ter prestado atendimento adequado ao rapaz, que se sentiu mal durante o treinamento. No local, ao invés de uma ambulância, havia um carro de apoio. “Temos a ambulância da corporação mas como todo equipamento ela pode estar indisponível. Poderia não ter sido realizada a instrução sem isso. Faltou essa decisão da coordenação e eles responderão por isso.”

Questionado sobre a tipificação do crime, que aponta para maus-tratos e não tortura, o coronel explicou as situações se diferem pela motivação, não havendo elementos que apontassem para o segundo caso. “Na tortura a intenção do agente causador é outra, é de causar dano para causar intenso sofrimento, como castigo. No infração de maus-tratos, entendeu-se que ela expôs uma pessoa a perigo com o intuito de ensinar algo, havendo exacerbação dos meios. A diferença está entre expor ao perigo e causar dano.”

Ele também reforçou que as investigações não estabeleceram conexão entre os atos da militar e a morte do aluno. “Se tivesse havido essa relação de causalidade, estaríamos falando de homicídio. Contudo, as provas dos autos não permitem essa conclusão. Para o resultado morte estar ligado a conduta de a ou b, tem que haver um nexo de causalidade. O laudo apresentado pela Politec aponta para hemorragia cerebral de causas naturais. Este é um procedimento técnico, não podemos sair por aí inventando coisas.”

Revolta da família e investigação na DHPP

Ao Olhar Direto, a mãe de Rodrigo, Jane Patrícia Claro, disse que o resultado do inquérito é “vergonhoso”. “A conclusão é extremamente branda, como nós já imaginávamos que seria. É um tapa na cara da sociedade e de toda a família, de quem esperava por justiça. Claro que estamos revoltados com a situação, no entanto, não estamos surpresos. Já acompanhamos outros casos parecidos envolvendo militares e a conduta da corporação é a mesma.”

Segundo ela, a esperança da família agora é de que o Ministério Público ofereça a denúncia contra os suspeitos e que a promotoria exija a reabertura do inquérito. “Basta inverter a situação e se perguntar o que aconteceria se tivesse ocorrido o contrário. Se meu filho tivesse causado a morte da tenente, seria esta a conduta tão amena da Justiça Militar na condução das investigações?”, questiona.

A situação também é investigada pela Polícia Civil por meio da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP). Na última semana, Ledur prestou depoimento para delegada responsável pela apuração Juliana Palhares. A oitiva iniciou-se por volta das 15h30 e terminou às 19h. A tenente saiu sem falar com a imprensa e sua defesa também preferiu manter sigilo.

O caso 

Rodrigo ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e faleceu por volta de 1h40. Ele teria sido dispensado no final do treinamento após reclamar de dores na cabeça e exaustão. O Corpo de Bombeiros informou que já no Batalhão ele teria se queixado das dores e foi levado para a policlínica em frente à instituição.

Ali, sofreu duas convulsões e foi encaminhado em estado crítico ao Jardim Cuiabá, onde permaneceu internado em coma. O corpo de Rodrigo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal, mas análise preliminares não apontaram a real causa da morte e por isso exames complementares serão realizados, de acordo com a perícia criminal.

O Olhar Direto teve acesso ao prontuário de entrada do aluno bombeiro Rodrigo que mostra que o jovem apresentava pressão arterial normal, e que se queixava de dor de cabeça e náusea. O documento também aponta para queixa de calafrios após o mergulho e temperatura normal, sem sinais de afogamento.

O primeiro laudo de necropsia, realizado pelo Instituto Médico Legal (IML), foi considerado inconclusivo para a causa da morte. Deste modo, um novo exame é aguardado para que o motivo seja constatado. Ao Olhar Direto, o advogado da família, Júlio Cesar Lopes adiantou que em uma análise médica preliminar foi apontado um sangramento no cérebro, mas que o ferimento não configurava com aneurisma.

A reportagem tentou entrar em contato com a defesa da tenente Isadora Ledur, mas as ligações não foram atendidas até a publicação da matéria.

Atualizada às 16h00
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