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Praça Ipiranga

Mulheres se reúnem para fomentar a discussão sobre direitos e combate à violência

08 Mar 2017 - 18:30

Da Redação - Patrícia Neves / Da Reportagem Local: Isabela Mercuri

Mulheres se reúnem para fomentar a discussão sobre direitos e combate à violência
Cerca de cem pessoas debatem o fomento às ações de conscientização sobre os direitos das mulheres em Cuiabá. A atividade faz parte do movimento 'Greve Nacional de Mulheres' e agrega atividades culturais, além de intensa discussão e uma caminhada pela região central de Cuiabá. A ação foi desenvolvida na praça Ipiranga, no final desta tarde de quarta-feira,8.


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Além da capital de Mato Grosso, a estimativa é de que mais 29 cidades do país também promovam ações semelhantes.  Atualmente, a cada quatro minutos uma mulher vítima de violência sexual, física ou psicológica é atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São cerca de 147.691 registros por ano; uma média de 405 por dia, de acordo com o Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil.



Patrícia Acs, membro da organização do evento avalia: "No Brasil, veio em um momento bastante oportuno já que estamos enfrentando um retrocesso com a reforma da previdência. Atende bem a realidade nacional. Em Mato Grosso esse chamado corresponde também a nossa realidade porque recentemente saíram pesquisas contra à violência. Temos uma taxa acima da média nacional de feminicídios, de crimes de estupro, entre diversos outros tipos de violência. A gente resolveu se organizar para mostrar que em Mato Grosso a gente precisa, com urgência, lutar todos os dias para dar um basta a violência que tem nos atingido muito". 


Patrícia Acs

Em Mato Grosso, dados da Polícia Civil indicam que em dois anos aumentou em 48%o número de denúncias. As seis Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher de Mato Grosso apresentam aumento no registro de casos de violência envolvendo mulheres e vítimas menores de 18 anos.Dados da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT) apontam que, em 2016, foram registradas 43.804 mil ocorrências envolvendo vítimas femininas de 18 a 59 anos em Mato Grosso. Já em 2015, foram 34.720 mil e em 2014 foram 29.229 mil registros.

Participam do protesto a Central Única do Brasil (CUT), a Associação dos Docentes de Mato Grosso (Adufmat) entre outras entidades. Ana Carolina Costa Marques, 29, é uma das representantes. Coordenadora Geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), estudante de Educação Física, e orientadora de mestrado, ela contou ao Olhar Direto que já sofreu agressões dentro da Universidade, em reuniões, e quer levar a discussão para o meio acadêmico.


Ana Carolina Costa Marques

“A gente está lançando dentro da Universidade uma campanha contra o machismo, porque é um local onde há muita opressão contra grupos feminismos, além de homofobia e lgbtfobia. Então a gente está na luta todos os dias para que acabem e diminuam essas opressões”, disse. 

De outra geração, mas com a mesma luta,  a Professora Enelinda Scala, 68, professora aposentada da UFMT e Vice-presidente do Partido dos Trabalhores, associa a luta feminina à luta dos trabalhadores em geral. " Já foram muitos avanços, mas tem mais a avançar. Só que agora temos que travar uma luta para não perder direitos conquistados duramente pelos trabalhadores como um todo”, disse. Uma das críticas foi em relação à reforma da previdência. "É uma injustiça para as mulheres, principalmente, porque no país a jornada das mulheres é imensa, não é só no trabalho". Além disso, ela lembrou a importância de um movimento como o de oito de março para incentivar as mulheres brasileiras a participarem da luta política. "Eu acredito que a mulher humaniza o exercício do poder". 


Eleninda Scala

Presidente do Instituto de Mulheres Negras, ​Antonieta Costa, também estava presente e fez questão de pontuar que a luta feminina não é homogênea, e que cada recorte tem suas próprias necessidades. "É
importante a gente usar o 8 de março para refletir sobre a situação da mulher em sua diversidade, discutir as políticas públicas que estão faltando para as mulheres. A gente fala muito sobre violência, mas a gente não fala do que causa essa violência. O importante hoje é reunir essa diversidade de mulheres, e aqui a gente tem muitas, e reinvindicar políticas públicas que atendam as mulheres. A questão do mercado de trabalho, gênero e identidade, a saúde da mulher, a educação,  e enquanto Instituto de Mulheres Negras a gente ainda faz um recorte de raça, porque isso é importante. Nós não somos iguais, nós somos diferentes, e viva a diferença. E é nas diferenças que a gente quer construir um mundo melhor". 


Antonieta Costa (esq.)

Há apenas um mês em Cuiabá, a estudante de Serviço Social da UFMT Marcela Souto é militante ativa já há algum tempo, e fez questão de comparecer à marcha. "É importantes fazer essa manifestação num lugar tão central, onde a gente pode ter acesso a outras mulheres trabalhadoras, que não participar pelo horário e a condição de trabalho que tem", lembra. Sobre os motivos de lutar, ela comenta: "Pra você ser reconhecida quanto mulher, pra nenhum direito ser retirado, pra mostrar a força da mulher na rua, mostrar que  a gente é capaz de ter um ato desse todos os dias”.

Marcela também criticou a reforma da previdência, que ainda não foi votada. “A previdência é uma coisa que afeta as mulheres de forma direta, a PL 55, a PL 5069, são vários tramites legais que tentam retirar direitos que já foram conquistados nos últimos 10 anos, e em apenas 2 anos de governo ilegítimo  estamos perdendo. Então o importante é levar para um maior número de mulheres isso, porque sabemos que pela mídia essas verdades não chegam”, finaliza. 

Marcela Souto

As mulheres saíram da Praça Ipiranga por volta das 17h50 em marcha até a Praça da República, onde aconteceria um sarau hás 18h30. 
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