É certo que existe, sim, casos de venda de carnes e outros produtos fraudados. Todavia, o frenesi da população nas redes sociais e no cotidiano, inclusive em Mato Grosso e outros estados em que a Operação Carne Fraca não passou nem perto, chega às raias do absurdo. O pânico disseminado contra o consumo de carne dá a impressão de que mais de 90% dos produtos são contaminados, enquanto o Ministério da Agricultura e Pecuária assegura que 99% é de confiança. Aliás, o próprio nome da operação da Polícia Federal, fazendo alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor, por grandes grupos corporativos do ramo alimentício, já deixa margem para interpretações dúbias. Afinal de contas, o ditado popular demonstra uma fragilidade moral de agentes públicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos à sociedade. É óbvio que deve-se tomar cuidado com os gêneros alimentícios, antes de serem colocados à mesa. Agora, tratar a todos como bandidos e toda carne como podre, por mais que o momento exija cuidados, soa no mínimo como pouca inteligência coletiva.