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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Ex-prefeitos garantem que fizeram o máximo possível em suas épocas e veem Cuiabá como melhor para se viver

Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto

Ex-prefeitos garantem que fizeram o máximo possível em suas épocas e veem Cuiabá como melhor para se viver


“A cidade vive dos que vivem nela” (João Alves de Oliveira, jornalista cuiabano)
 
Cada tijolo colocado ou cada serviço prestado em Cuiabá nas últimas décadas era uma declaração de amor e, de forma direta ou indireta, representando mais um passo em sua preparação para os 300 anos, a serem completados em abril de 2019. Para tentar mostrar ao menos parte daquilo que foi feito por cada um, a reportagem do Olhar Direto entrevistou cinco prefeitos da Capital, pós divisão de Mato Grosso – outubro de 1977. 
 
Desde o Arraial da Forquilha fundado por Pascoal Moreira Cabral, Cuiabá nunca teve "vida fácil", do ponto de vista administrativo. Todos os ouvidos pelo OD acreditam, todavia, que a outrora Cidade Verde está cada vez mais bela e melhor para se viver. E, cuiabanos de nascimento ou não, na abordagem da entrevista, os ex-prefeitos sempre falaram com muito carinho sobre a Capital, como se fosse uma referência a alguém que cala fundo no coração.

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Numa época em “tudo era diferente”, há 40 anos,  Manoel Antônio Rodrigues Palma assumiu a Prefeitura de Cuiabá, em 1975, numa grave crise financeira. As receitas correntes líqudas quase não davam para fezer frente à folha de pagamento e houve necessidade de aporte financeiro da União a fundo perdido.
 
Mesmo assim, chamado de Titito pelos velhos amigos, Palma conseguiu parcerias que permitiram alavancar sua gestão, considerada pela maioria da população como uma das melhores de Cidade Verde. “Lógico que Cuiabá era muito diferente. Tínhanmos  pouco mais de 100 mil habitantes [hoje são cerca de 600 mil] e fizemos o que foi possível. O projeto Cura foi, sim, um marco”, avaliou Palma, sobre o Programa Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada (Cura), quando asfaltou 90% da cidade.
 
Palma coloca também como obra importante a regulamentação do ensino fudnamental da rede municipal, perante o Ministério da Educação (MEC). Até 1976, os alunos que concluíam a antiga 4ª série primária na rede municipal eram obrigados a fazer uma prova para ingressar na extinta 5ª série ginasial, em escolas estaduais.
 
Nonagenário, o ex-governador e prefeito Frederico Carlos Soares de Campos (PFL, hoje DEM) optou por abordar apenas o mandato pós divisão. Antes disso, havia sido prefeito de Cuiabá nomeado pelo então governador biônico Pedro Pedrossian, de 1967-69. Gosta de lembrar que foi demitido por telefone ao não obedecer a uma ordem que considerou descabida.
 
Depois, em 1988, vindo de Cubatão (SP), foi eleito prefeito e comandou o Palácio Alencastro de 1989 até 1992, sucedendo o primeiro mandato do saudoso prefeito Dante Martins de Oliveira (in memorian). “Assumi a Prefeitura de Cuiabá com graves problemas financeiros e num período de transição, por causa da promulgação da Constituição da República, com a implantação do Sistema Único de Saúde [SUS] e municipalização do trânsito”, citou ele.

Mais do que obras, Frederico entende que preparou a Prefeitura de para se auto-gerir, com equilíbrio de receitas e desepsas.  “Conseguimos fazer a máquina funcionar, o que era um desafio para a época”, comemorou ele. Campos fez questão de explicar à reportagem do Olhar Direto porque calçou algumas ruas com parelelepítido, ao invés de asfalto.  “Não tinha dinheiro para fazer o asfalto, que custa caro. Mas, convenhamos: o calçamento é melhor do que o atoleiro e a poeira. Pergunte aos moradores”, comparou Frederico. Ele avalia que, talvez, muitas das conquistas de seu mandato foram esquecidas porque foi precedido (1988) e, depois, sucedido (1993) por Dante Martins de Oliveira, o maior homem público da história mato-grossense.
 
Detentor do mais longo período de mandato (1997-2004), Roberto França Auad (PSDB, hoje sem partido) foi o prefeito das “mil obras”, apesar de ter enfrentado graves crises financeiras e de ter assumido pouco depois da mudança de moeda do Cruzado Novo para o Real (oriundo do Plano Real 1994-95). Ainda hoje é quem mais construiu creches e centros de saúde.
 
“Fizemos um plano de governo com o que realmente era prioritário e tentamos implementá-lo da melhor forma possível, dentro da realidade da época”, avaliou ele. França foi eleito em 1997 e, na sequência, reeleito em 2000, ambas vitórias no primeiro turno. Aliás, foi o último a se eleger prefeito da Capital sem a necessidade de disputar segundo turno.
 
Roberto França teve que municipalizar o trânsito e o saneamento básico. Então, criou a Companhia de Saneamento da Capital (Sanecap) e criou a Secretaria de Trânsito e Transporte (SMTU), hoje Mobilidade Urbana (Semob), e fortaleceu foi o primeiro a se preocupar com o paisagismo da Capital.
 
Atual deputado estadual e ex-prefeito (2005-2010), Wilson Pereira dos Santos (PSDB) considera a melhoria dos índices da educação e a redução da mortalidade infantil como os principais feitos de sua administração. “Tiramos Cuiabá das últimas colocações [no ensino fundamenta] para ficar entre as 10 primeiras, porque tratamos educação como prioridade”, explicou Santos, que por décadas foi professor de História.
 
Como obras físicas, Wilson citou a Avenida das Torres, a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Tijucal e as parcerias com o governo do Estado e o governo federal para a construção de milhares de casas populares. Na mobilidade urbana, Santos também implantou a bilhetagem eletrônica, com o fim do Terminal de Integração da Praça Bispo Dom José, na Prainha; e obrigou as empresas a investir em ônibus com ar condicionado, em ao menos 40% da frota – hoje não chega a 20%.
 
Professor, empresário do ramo educacional (fundador da Unic) e ex-deputado, o ex-prefeito Francisco Belo Galindo Filho (PTB) exerceu um mandato tampão – 2010-12. Ele crê que os maiores legados foram o ajuste fiscal, com equilíbrio de receitas e despesas; a concessão do sistema de saneamento de Cuiabá, e o Programa Novos Caminhos, que resultou em quase 400 quilômetros de asfalto – 140 em seu mandato e cerca de 270 quilômetros na gestão do prefeito Mauro Mendes (PSB), seu sucessor.
 
“Fizemos o que foi possível e os resultados estão aí: melhoramos a vida de milhares de pessoas, com asfalto. E, embora haja, sim, graves problemas, a concessão [do saneamento] foi a melhor decisão, porque a Sanecap não tinha capacidade de investimentos e os problemas se avolumavam. A concessão foi uma medida acertada, independente se houve equívoco ou não na concessionária, que venceu uma licitação limpa, uma das mais fiscalizadas”, pontuou Galindo Filho.
 
E a direção do Olhar Direto apresenta um agradecimento especial à presteza e disposição dos que atenderam à equpe de reportagem, côncios do que representaram para a Capital mato-grossense. Dos sete procurados, cinco atenderam à equipe de reportagem: Rodrigues Palma (1975-79), Frederico Campos (1967-69 e 1989-92), Roberto França (1997-2004), Wilson Santos (2005-2010) e Chico Galindo (2010-12). 
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