O delegado Flavio Stringueta, que era titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), criticou duramente o comando da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) pela sua transferência da unidade. O policial apontou o secretário da pasta, Rogers Jarbas, como um dos culpados pelo fato e disse que tais atitudes remetem a “ditadura militar”. Por fim, ainda diz que a medida foi uma espécie de retaliação: “Vemos hoje uma limitação implícita ao direito de se expressar, não nos sendo permitido contrariar/criticar as ações do Governo e da Sesp”.
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Troca na GCCO
Em postagem em seu Facebook, o delegado inicia dizendo que trabalha há seis anos na unidade e que a sua remoção da GCCO foi feita de forma autoritária: “sem motivação expressa, pré-requisito indispensável a qualquer ato administrativo. Até ontem, terça-feira (11), o nosso Delegado Geral não teve a decência, consideração, ou mesmo delicadeza, de me chamar para uma conversa sincera sobre o ocorrido. Agiu com covardia, transferindo a sua responsabilidade para o Dr. Veiga, que hoje acumula as Diretorias de Atividades Especiais e Metropolitana, e que me afirmou que não tem o que me informar sobre o porquê dessa remoção repentina de uma unidade de elite da PJC/MT para uma indesejável pela maioria dos policiais (2° DP), dando-me a convicção de que foi um ato com motivação pessoal, totalmente desprovido de interesse público”.
O delegado ainda aproveitou para criticar duramente o comandante da Sesp, Rogers Jarbas: “As digitais do secretário de Segurança Pública aparecem reluzentes nessa redoma que encobre a real motivação para explicar o inexplicável, o que nos remete aos tempos negros da pior ditadura militar vividos neste país, condição de vida que até me dá saudades, onde os direitos da população eram extremamente limitados”.
“Vemos hoje uma limitação implícita ao direito de se expressar, não nos sendo permitido contrariar/criticar as ações do Governo e da SESP. Não pensava em me perpetuar na titularidade da GCCO, mas esperava ser tratado com um mínimo de respeito, direito de qualquer servidor. Triste, covarde e autoritária a conduta do DG Fernando Vasco, em cuja pessoa eu cheguei a depositar expectativas de uma mudança na forma de agir e pensar da diretoria da PJC/MT, e me decepcionei profundamente. Entra diretoria, sai diretoria, as condutas se repetem, o que acaba me tirando a esperança de ver uma forma dinâmica e corajosa de gerir a nossa instituição. Continuam provincianas”, continua o delegado em seu depoimento nas redes sociais.
Stringueta garante que não se curvará ao que chama de “desmandos de pessoas que se mostram, com suas atitudes, despreparadas para as funções que desempenham, no caso o Dr. Fernando Vasco e Dr. Rogers Jarbas”. Além disto, lembra que “este último ainda não nos mostrou qual foi a vantagem que a PJC/MT teve em ter um delegado como secretário. (...) Creio que nem a PM/MT sabe nos informar alguma vantagem em ter um policial na mais alta posição da segurança pública de um estado”.
O policial garante se despedir de cabeça erguida do cargo que ocupou: “Se a intenção desse ato de remoção compulsória era me derrubar, informo que já aprendi a cair e me levantar mais forte. Desejo ao Dr. Diogo, meu amigo, que tenha uma excelente gestão à frente desta unidade especializada, podendo contar comigo em qualquer situação. Desejo a todos vocês sucesso, e lhes peço que continuem agindo com o mesmo profissionalismo, companheirismo e lealdade que tiveram comigo”, finaliza.
O Secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Rogers Jarbas, disse que não iria comentar críticas e afirmou que as substituições são procedimentos de rotina da Polícia Judiciária Civil (PJC).
