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Terça-feira, 23 de abril de 2024

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9 mortos

"O que nos chega é que até hoje ameaças são feitas", diz Pastoral da Terra após massacre em MT

Foto: Reprodução:Machadinho News

"As pessoas estão apavoradas. A situação é de grande tensão na região. As informações que nos chegam é de que ameaças ainda são feitas aos moradores da vila". A afirmativa foi feita ao Olhar Direto pelo coordenador regional da Pastoral da Terra em Mato Grosso, Cristiano Cabral, após o massacre de nove trabalhadores rurais na Gleba Taquaruçu do Norte, região de Colniza (a 1.065 km de Cuibá), no último dia 20 de abril. Dados da Pastoral, apontam mais de 200 pessoas ameaçadas de morte em decorrência da disputa pela terra.


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Para ele, a inoperância do Estado em propiciar segurança, aliada a demora na resolução de conflitos agrários no país por parte do Goveno Federal, servem para perpetuar ações de extrema violência no campo.

"Pelo que sabemos de quatro a seis pessoas chegaram ao local {gleba} atirando. O massacre só não foi pior pois como se tratava de uma véspera de feriado muitas pessoas saíram da vila para resolver problemas na cidade. Atacaram as pessoas com facões, torturam. Mataram pais de famílias. Há viúvas que vão ter que cuidar sozinhas de quatro crianças". 

Ele relembra ainda que em 2014, a  presidente da Associação de Produtores Rurais Nova União,  Josias Paulino de Castro, 54 anos, e sua esposa, Ireni da Silva Castro, 35 anos, foram assassinados no dia 16 de agosto. A execução revoltou moradores da região, já que todos sabiam que o casal iria realizar várias denúncias à ouvidoria Agrário Nacional. 

Cabral cita que os dados da Comissão Pastoral da Terra indicam que no ano passado mais de 40.028 mil famílias se envolveram em conflitos agrários. De 95 para cá,  a estatística aponta ainda que 236 pessoas foram ameaçadas de morte. "É A gente denuncia ano a ano e não há uma saída para a situção. Na última semana, em um outro extremo, chegaram atirando para cima em um assentamento", conta. 

Na data de hoje, 24, os secretários de Segurança Pública e de Assistência Social, Rogers Jarbas e Max Russi, respectivamente, chegaram a região de conflito. Eles acompanham o trabalho da força-tarefa que tenta identificar os 'encapuzados' que executaram com requintes de crueldade posseiros e ainda um pastor da Igreja Assembleia de Deus. Em decorrência da agressividade no ataque, os nove foram velados com os caixões lacrados.

Na tarde de hoje, 24, o secretário Rogers Jarbas reafirmou que  "todas as hipóteses são exploradas na atividade investigativa". Na terça-feira, peritos criminiais e uma equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), coordenados pelo delegado Marcelo Miranda, também são aguardados na região.

As vítimas são: Izaul Brito dos Santos, de 50 anos, Ezequias Santos de Oliveira, 26 anos, Samuel Antônio da Cunha, 23 anos, Francisco Chaves da Silva, 56 anos, Aldo Aparecido Carlini, de 50 anos, Edson Alves Antunes, 32 anos, Valmir Rangeu do Nascimento, 55 anos e Sebastião Ferreira de Souza, 57 anos, que era pastor da Assembleia de Deus.

O bispo Dom Pedro Casaldáliga, morador de São Félix do Araguaia que participou, na década de 70, da criação da Comissão Pastoral da Terra expressou sua indignação com a chacina que aconteceu na última quinta-feira (20), na Gleba Taquaruçu, município de Colniza.

Em nota, enviada pela Prelazia de São Félix do Araguaia, seus agentes de pastoral, seu bispo dom Adriano Ciocca Vasino e Casaldáliga, ele lamentou que “Vivemos um clima de “Terra sem lei”, uma verdadeira guerra civil em nosso país”.
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