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Sábado, 20 de abril de 2024

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Siqueira diz que se “antecipou” ao entregar grampos no TJ por medo de que caso fosse usado contra ele

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Siqueira diz que se “antecipou” ao entregar grampos no TJ por medo de que caso fosse usado contra ele
O coronel Airton Siqueira Júnior “se antecipou” ao contar que operou interceptações telefônicas contra membros do Judiciário em 2007 por medo de que o episódio acabasse sendo usado contra ele neste momento em que é investigado por suposto envolvimento em grampos ilegais. É o que revelou o próprio Siqueira em depoimento prestado na quarta-feira (5) ao coronel Jorge Catarino, que preside o inquérito militar sobre a suposta “arapongagem” operada por policiais militares em Mato Grosso.


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No dia 29 de junho, aproximadamente uma semana antes do depoimento a Catarino, Siqueira autenticou uma declaração em cartório na qual afirma que em 2007 realizou interceptações telefônicas a mando de Orlando Perri, à época corregedor de Justiça do TJ, contra juízes e um desembargador que estavam sendo investigados por desvios de recursos do Judiciário à loja maçônica Grande Oriente. E agora é Peri quem está conduzindo as investigações sobre os grampos denunciados há algumas semanas pelo programa Fantástico, da TV Globo (leia mais aqui).
 
A declaração autenticada foi anexada ao depoimento prestado na quarta-feira. Na ocasião, Siqueira disse que o fez preocupado com “a inversão de alguns casos, a exemplo do que ocorreu em Lucas do Rio Verde”, em referência ao suposto envolvimento de seu nome na investigação sobre “espionagem” nas eleições municipais de 2016, quando teria intervindo, a pedido de Paulo Taques, para evitar que policiais militares investigassem de maneira irregular o comitê de Otaviano Pivetta (leia mais aqui).
 
Siqueira disse no depoimento a Catarino que foi intimado e tomou conhecimento de que havia sido instaurado um inquérito policial conduzido pelo delegado Flávio Stringueta sobre suposta a operação de inteligência ilegal em Lucas do Rio Verde em 2016. Soube ainda que dois policiais militares e o suposto contratante do serviço de espionagem que teria sido feito pela campanha de Luiz Binotti contra Pivetta já teriam sido ouvidos pela autoridade policial.
 
O delegado Flávio Stringueta afirmou em entrevista concedida por telefone a Olhar Direto que todas as investigações pertinentes ao esquema de grampo seguem em sigilo e não confirmou se o caso de Lucas do Rio Verde está no bojo do que vem sendo apurado. “Tudo o que eu recebo do TJ está sob sigilo”, limitou-se a dizer. Ele ainda sustentou que eventuais vazamentos de informação não atrapalham o andamento das investigações.
 
Entenda o grampo no TJ
 
Airton Siqueira registrou em cartório uma declaração na qual admite ter “grampeado” juízes em 2007 a mando do desembargador Orlando Perri, à época corregedor-geral de Justiça de Mato Grosso. De acordo com Siqueira, as interceptações eram para levantar informações sobre o desvio de dinheiro do TJ para os cofres da loja maçônica Grande Oriente.
 
Ele revela que o desembargador José Ferreira leite foi grampeado juntamente com os juízes Marcelo Barros, Antônio Horácio, Irênio Lima Fernandes e Marcos Aurélio Ferreira. As decisões para as interceptações, de acordo com a declaração, eram todas feitas de próprio punho por Perri.
 
“Ainda foi orientado pelo desembargador Orlando Perri que todos os relatórios produzidos em razão das interceptações dos investigados deveriam ser entregues única e exclusivamente ao próprio desembargador, em mãos, e a mais ninguém”, declara Siqueira. O coronel ainda informa que interceptações chegaram a ser prorrogadas e que o material gravado, em sua maioria, era de conversas de interesse privado (leia mais aqui).
 
Perri se defende
 
O desembargador Orlando Perri negou nesta quinta-feira (06) que tenha praticado qualquer interceptação telefônica ilegal em face de juízes ou desembargadores enquanto corregedor do Tribunal de Justiça. As especulações, segundo o magistrado, seriam para enfraquecer a investigação sobre grampos em Mato Grosso. Perri, porém, avisa: “Não me acovardarei diante de qualquer ameaça velada ou explícita. Não irei me afastar da condução do processo”.
 
Longe de ser intimidado, Perri disparou nesta quinta que não deixará o caso. “Querem me afastar do processo. Quando não, levando este processo para instância superior. Porque lá todos sabem que as investigações podem não ter a mesma eficiência”, asseverou Orlando Perri (leia mais aqui).
  
Entenda o episódio Lucas do Rio Verde
 
Siqueira afirmou em depoimento ao Inquérito Policial Militar instaurado para apurar o esquema de grampos ilegais operados em Mato Grosso que PMs “espionaram” o comitê de Otaviano Pivetta durante a campanha a prefeito em 2016. Ele revela que os policiais militares teriam recebido R$ 20 mil de Rogério Ferrarin, um dos coordenadores da campanha vitoriosa do prefeito Luiz Binotti, para investigarem a suspeita de compra de votos por parte de Pivetta. A espionagem envolveria instalação de câmeras, captação de áudio e invasão de ambiente privado.
 
O coronel sustenta que ficou sabendo da “espionagem” por meio do advogado Paulo Taques, cujo escritório prestava assessoria jurídica a Pivetta. À época, o coronel era chefe da Casa Militar. Siqueira informa que estava jantando em um restaurante na capital quando encontrou Paulo Taques. Na ocasião, o advogado recebeu um telefone de Lucas do Rio Verde informando que o escritório de advocacia instalado no município para assessorar Pivetta estava sendo alvo de investidas de supostos PMs.
 
Taques abordou Siqueira e contou sobre a suposta espionagem e informou que os advogados no município descobriram que o policial que estava tentando investigar o comitê era conhecido como “caveira 06”, em referência ao Batalhão de Operações Especiais. Ato contínuo, Siqueira ligou para um PM identificado no depoimento como major Barros, que seria o major Dulcézio Barros de Oliveira, à época lotado no Bope.
 
Siqueira ainda teria ligado para o comandante regional de Nova Mutum, identificado como Cunha e solicitou que o major Barros quando retornasse a Cuiabá que o procurasse. No dia seguinte, por volta das 10h30 Siqueira recebeu ligação de um cabo identificado como Rafael que informou sobre a “missão” em Lucas do Rio Verde.
  
Rafael informou que PMs haviam instalado escuta ambiental e câmeras de vídeo no comitê de campanha de Pivetta, além terem invadido o escritório da assessoria jurídica de Pivetta, fotografado e mandado as informações a Cesar Gomes. Siqueira sustenta que o chefe da Casa Militar tem tem como atribuição planejar, executar, controlar e avaliar as atividades de Inteligência, mas garante que não teve qualquer relação com o caso denunciado (leia mais aqui).
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