A grande onda de assaltos em postos de combustíveis da Grande Cuiabá, em 2009, vem criando um clima de insegurança entre os empresários do setor, a ponto de muitos desses já estudarem saídas como o fechamento dos postos aos domingos, para tentar diminuir os prejuízos e a violência constante contra os funcionários, as maiores vítimas da ação dos marginais. Em muitos casos, a audácia e o sentimento de impunidade dos marginais tem sido tamanha, que eles agem à luz do dia, desarmados e chegam a repetir, com freqüência, os ataques a um mesmo estabelecimento.

“Os marginais que atacam os postos já perderam o medo. Para isso, contam com a fragilidade do aparato de segurança que, quando não está corrompido, faz corpo mole para barrar a ação dos bandidos”, protesta o empresário João Carlos Soares, dono de uma rede de postos em Cuiabá e que, somente nos últimos três meses, um de seus postos, o Red Serv, localizado na Rua Barão do Melgaço, na região do bairro do Porto, foi assaltado nada menos que 45 vezes. “É um assalto a cada dois dias. Já não aguentamos mais essa onda de violência”, protesta, indignado, o empresário. “Os ladrões chegam aqui e nos humilham, batem em nossas caras, nos chamam de vagabundos e temos que ficar calados. Estamos com as mão atadas, sem a quem recorrer, porque o setor de Segurança Pública está sucateado, não dá respaldo aos nossos pedidos de socorro”, lamenta João Soares, que tem evitado de registrar boletins de ocorrência na polícia, tamanho é o descrédito que possui em relação à instituição. Segundo o empresário, na região do posto em que opera na Barão do Melgaço ele não tem sido a única vítima dos assaltantes.

Segundo ele, um outro empresário do mesmo segmento, que opera um posto a cerca de 150 metros do seu, reveza com ele o dilema de a cada dois dias ser alvo dos bandidos. “Os bandidos têm se revezado no ataque a nossas empresas. Um dia o alvo sou eu, outro dia é meu vizinho”, assegura João Soares, que tem limitado os atendimentos noturnos até ao máximo às 23h em seus postos. Além do posto, uma conveniência que o empresário opera no pátio do Red Serv também tem sido alvo dos assaltantes. “Quando não assaltam o posto atacam a conveniência”, diz o empresário.

João Soares diz que os assaltos a postos de combustíveis têm se tornado uma prática comum na Grande Cuiabá, e que a grande maioria dos empresários do setor já foi vítima do tipo de violência. “O desespero está batendo a porta dos donos de postos de toda a região. Estamos acuados pelos bandidos. Pagamos impostos e não temos o respaldo necessário do governo do Estado no setor de segurança”, critica o empresário, que lembra que os ataques dos marginais aos postos também tem afugentado a clientela desses locais. “Cientes dos riscos que correm em abastecer os veículos nos locais visados pelos bandidos, os clientes deixam de se dirigir a esses pontos”, observa João Soares.

O empresário cobra uma vigilância mais constante da polícia junto aos postos, para inibir a ação dos marginais. Segundo ele, além de manter policiais diuturnamente na região dos postos, a Secretaria de Segurança Pública precisa atacar pontos que tradicionalmente os marginais usam de base ou esconderijo para planejar as ações contra os estabelecimentos. “O que precisa ser feito são operações de desarmamento em favelas e áreas de risco para tirar os marginais de circulação. Esses bandidos têm agido na cara da polícia e nada é feito para barrar sua ação. Isso é um absurdo. O empresário que paga imposto tem de ter o respaldo da Segurança Pública”, reclama João Soares.

Segundo ele, há pouco tempo, ele e alguns funcionários de um de seus postos conseguiram evitar um assalto ao conseguir neutralizar a ação de marginais que se preparavam para atacar a empresa. “Chegamos ao ponto de nos arriscarmos no confronto com os bandidos, pela ausência de policiais nas ruas”, protesta o empresário.