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Terça-feira, 19 de março de 2024

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Morreu dias depois

Tenente acusada de tortura subia nas costas de aluno para afogá-lo durante travessia, aponta MP

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Tenente acusada de tortura subia nas costas de aluno para afogá-lo durante travessia, aponta MP
A denúncia do Ministério Público Estadual (MP) aponta que a tenente Isadora Ledur, do Corpo de Bombeiros, subia nas costas do aluno da corporação, Rodrigo Patrício Lima Claro, durante o treinamento do curso que ele participava com a intenção de afoga-lo. A cena teria se repetido diversas vezes, até levar a vítima à exaustão. As humilhações, conforme o órgão, eram constantes.

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Conforme o depoimento de um dos alunos que participava do curso, a tenente chegou próximo a Rodrigo e se apoiou nos ombros dele para submergi-lo, dando o que é chamado de ‘caldo’. A todo instante, ele pedia para que a tenente parasse, mas não foi ouvido. Os afogamentos aconteceram várias vezes, em diversos pontos da lagoa.
 
“Durante a odiosa sessão de tortura praticada por Isadora, o Sargento Eneas Xavier, também denunciando, arremessou uma boia ecológica a Rodrigo, após escutar os agonizantes pedidos de socorro advindo da vítima. Todavia, poucos metros à frente, Isadora exigiu de Eneas a retirada da boia. Sendo tal ordem manifestamente ilegal cumprida prontamente pelo Sargento e sem qualquer objeção de sua parte, colocando a vítima novamente em situação de risco, dada as condições de desgaste em que se encontrava”, diz outro trecho da denúncia do MP.
 
Em uma das sessões de tortura, a tenente teria afogado Rodrigo durante sete vezes. O aluno então teria implorado para o fim dizendo que “não aguentava mais e que estava sentindo muita dor de cabeça e que estava desistindo e que o deixassem parar”. Quando a vítima tirava a cabeça de dentro d’água para respirar, a acusada ainda jogava água no rosto dele, o atrapalhando.
 
Após a primeira fase da prova, Rodrigo e outros alunos foram obrigados a voltar até o ponto de início da prova, sem ter direito a nenhum descanso ou pausa. A vítima então tentou passar pela tenente, no que ela teria gritado: “Você está maluco? Está tentando me agredir? Quer bater em mulher?”, tendo Rodrigo respondido que não. Por fim, ela retrucou afirmando que ele não teria opção de desistir.
 
Na segunda etapa do curso, as torturas continuaram e só terminaram após a tenente identificar que Rodrigo não esboçava nenhuma reação. Após os atos, Rodrigo chegou a cair em posição fetal no chão e vomitar. Ele teve de seguir sozinho, em sua moto, até o quartel do Corpo de Bombeiros, onde só depois recebeu atendimento médico.
 
Já em um hospital particular de Cuiabá, Rodrigo foi submetido a uma cirurgia de emergência para tentar reverter o seu quadro clínico que foi relatado pelo neurocirurgião como grave. A partir dessa data, Rodrigo permaneceu internado em uma unidade de acompanhamento, vindo a óbito por hemorragia cerebral de causa natural no dia 15 de novembro, às 22 horas.
 
Prisão
 
O Ministério Público do Estado de Mato Grosso pediu a prisão da tenente Bombeiro Militar, Isadora Ledur de Souza Dechamps, por crime de tortura com resultado morte do aluno Rodrigo Patrício Lima Claro. A prisão preventiva foi pedido pela 24ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá Especializada da Defesa da Administração Pública e Ordem Tributária na tarde desta quarta-feira (19). Além dela, outros cinco militares também foram denunciados pelo mesmo crime.
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