O coronel Wanderson Nunes de Siqueira, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (Assof-MT), disse que acha normal a situação em que se encontram os coronéis presos por suposto envolvimento no esquema de grampos clandestinos montado no Núcleo de Inteligência da Polícia Militar, denunciado em maio deste ano.
Os alojamentos onde estão detidos oferecem alguns itens de conforto como televisão, ar condicionado e frigobar, como apurou a vistoria feita após determinação do desembargador Orlando Perri, que é relator da investigação sobre os grampos no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
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Para o coronel Nunes, essa situação não é especial porque mesmo nos grandes presídios é possível encontrar aparelhos de televisão nas celas dos detentos. “Na época que eu trabalhei em presídios, as celas já tinham a TV. Se você for no do Pascoal Ramos você vai ver, lá também tem a TV, não tem os outros eletrodomésticos, mas ali é uma cela. Então não é uma situação anormal”, garantiu.
De acordo com Nunes, o coronel Zaqueu e o coronel Lesco, estão presos em alojamentos já que quase todos os quartéis de Mato Grosso não possuem celas. O coronel Barros é o único que está preso em uma cela, pois foi levado ao quartel do Bope, único que possui celas.
“Eles não podem ficar presos no mesmo quartel, aí apenas algumas unidades do BOPE tem celas, os demais só tem os alojamentos. Mas eles não recebem tratamento diferenciado por serem coronéis, o cabo Gerson Correa Junior também recebe o mesmo tratamento, assim como qualquer outro militar na situação deles”, disse.
Pela Lei, oficiais militares não podem ser encaminhados a presídios comum, mas sim às celas dos quartéis, porém, pela falta de celas, os coronéis permanecem em alojamentos, com acesso aos itens de conforto. O coronel Wanderson disse que os eletrodomésticos podem ser de propriedade da corporação, e não das famílias dos coronéis.
“A Lei diz que eles tem que ficar nos quartéis, não podem ficar detidos com outros presos. E assim, eu não confirmei essa situação, mas acredito que estes eletrodomésticos são da própria corporação. Mas esta não é uma situação anormal”, afirma.
Entenda o caso
Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crimes.
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”.
O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico. Neste domingo, o programa dominical voltou a dar destaque para o assunto.
