Quase um mês depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, determinou a quebra no sigilo da delação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), trazendo à tona uma série de esquemas de corrupção que, segundo o peemedebista, eram praticados na Assembleia Legislativa, a extrema maioria dos deputados estaduais finalmente registrou presença na sessão plenária vespertina da última quarta-feira (13).

O feito, no entanto, não deve ser visto novamente nos próximos dias, em que a Casa de Leis deveria votar e dar início a apreciação de projetos importantes como a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto de Gastos. Com a deflagração da Operação Malebolge, a Assembleia deve voltar a registrar crise de quórum.

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“Vou continuar exigindo dos deputados que compareçam às sessões”, limitou-se a dizer o presidente da AL-MT, Eduardo Botelho (PSB), um dia após a Malebolge.

Um dia antes da deflagração da operação, pela Polícia Federal, Botelho comemorava a presença de 23 deputados na sessão plenária. Somente o deputado Silvano Amaral (PMDB) não compareceu.

“Essa semana a Assembleia rendeu bastante, as sessões de ontem tiveram quórum, a de hoje teve quórum nas duas sessões com painel cheio. E nós estamos votando, temos a PEC em andamento, a partir da semana que vem temos vários vetos do Governo para votar. Todos os deputados estão atuando”, havia afirmado, após a sessão vespertina da última quarta-feira.

Na última semana, foi necessário Botelho convocasse uma coletiva de imprensa para dizer que os deputados deveriam resolver, individualmente, a vinculação de seus respectivos nomes à delação do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). “Não podemos ficar parados olhando para o retrovisor”, disse Botelho, conclamando para que seus colegas voltassem ao trabalho.

Embora não fossem comuns sessões com grande número de deputados, na semana passada o Legislativo viveu uma de suas maiores crises de quórum. Os parlamentares, em sua maioria delatados por Silval, optaram por fugir dos holofotes depois que o Jornal Nacional, da Rede Globo, divulgou imagens em que deputados estaduais aparecem recebendo dinheiro, que segundo Silval, seria referente a um “mensalinho” pago durante a gestão passada.

Para Botelho, apesar dos pesares, isso são águas passadas. “Acabou a depressão, acabou a ressaca, vamos trabalhar. A contrapartida do deputado é o trabalho, é mostrar resultados para a sociedade”, garantiu.

Malebolge

A Operação Malebolge investiga a prática de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, gestão fraudulenta de instituição financeira, crimes contra a ordem tributária. Além disto, ainda apura a prática de obstrução de investigação criminal, que consistiu em pagar colaborador para mudar versão de depoimentos e pagar investigado para não celebrar acordo de colaboração.

Dentre os investigados estão o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), deputados estaduais, empresários e conselheiros do Tribunal de Contas do Mato Grosso (TCE-MT), sendo que cinco destes últimos (José Carlos Novelli, Waldir Júlio Teis, Antônio Joaquim Moraes Rodrigues Neto, Walter Albano da Silva e Sérgio Ricardo de Almeida) foram afastados de suas funções.

Participaram da ação 270 pessoas dentre policiais federais e membros do MPF nos seguintes municípios: Cuiabá/MT, Rondonópolis/MT, Primavera do Leste/MT, Araputanga/MT, Pontes e Lacerda/MT, Tangará da Serra/MT, Juara/MT, Sorriso/MT, Sinop/MT, Brasília/DF e São Paulo/SP.