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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Aumento assustador

Após sete feminicídios, promotora alerta: “nenhuma vítima acreditava que iria acontecer com ela”

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Após sete feminicídios, promotora alerta: “nenhuma vítima acreditava que iria acontecer com ela”
A promotora Lindinalva Rodrigues, do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher do Ministério Público, se assustou com a onda de feminicídios que atinge Cuiabá neste segundo semestre de 2017. Até agora, sete casos consumados foram registrados e outros três tentados. Por conta disto, ela aproveita para alertar as mulheres sobre a importância de denunciar e se afastar destes homens: “nenhuma vítima acreditava que ia acontecer com ela”.


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“Até hoje, foram sete mulheres vítimas de feminicídio na Capital. Além disto, temos mais três tentados. Se levarmos em consideração que no ano passado tivemos apenas um, isso assusta muito. É um ano muito sangrento para as mulheres que estão em situação de vulnerabilidade”, avalia a promotora, em entrevista ao Olhar Direto.
 
Lindinalva acrescenta ainda que chama atenção o número de jovens que estão matando suas companheiras. Para ela, o comportamento medieval e antigo de possessividade, baixa tolerância a frustração e de não aceitar o fim do relacionamento, está voltando à tona e acabando com a vida das mulheres, mesmo após todos os avanços conquistados por elas.
 
“Quem comete feminicídio, em sua maioria, são homens que não tem nenhum tipo de doença, psicopatia. Muitas vezes, eles não possuíam nenhum tipo de ficha criminal. Só vamos conseguir diminuir isto com políticas públicas bem feitas. Muitos são jovens que não deveriam ter este tipo de pensamento. São pessoas que cresceram aprendendo que as coisas mudaram e não são como antigamente. Hoje as mulheres são donas de suas vidas, empoderadas”, disse a promotora.
 
Lindinalva enfatiza que “todos os autores de feminicídio estão presos. É bom que se diga isto, a pena é altíssima, não tem prazo para sair da cadeia, é crime hediondo, gravíssimo”. Além disto, faz um alerta: “Gostaria de dizer para todas estas mulheres que nenhuma vítima acreditava que ia acontecer isso com elas. É uma marca comum de todas as vítimas, subestimar a capacidade violenta do companheiro, achar que ele não é capaz de matar, que a ameaça é da boca para fora”.

Foto: Vinícius Mendes/Olhar Direto
 
“Tem que estar consciente que não é normal alguém ameaçar você de morte, não é uma discussão familiar isto. Não é natural, mesmo de cabeça quente, que alguém diga que vai te matar. Não vale a pena continuar o relacionamento, porque muitas vezes acabam pagando com a própria vida”, finaliza a promotora.

Casos

No dia 04 de novembro, a jovem Sâmela dos Santos Alves, 21 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-marido Luís Henrique de Aquino de Deus, 20 anos, em sua residência, no bairro Santa Isabel – região Oeste de Cuiabá. O crime ocorreu supostamente por ciúmes, já que o ex-marido não se conformava com o fim do relacionamento.

Relato do boletim de ocorrência da Polícia Militar de Mato Grosso, obtido com a vizinhança, dá conta de que o suspeito não aceitava a separação e foi à casa da vítima, em busca da reconciliação. Diante da negativa, desferiu golpes de arma branca na ex-mulher.

Em agosto deste ano, Adriana Aparecida de Siqueira, de 41 anos, e Andreza Maria Vilharga da Siqueira, de 19, mãe e filha, foram assassinadas no bairro CPA II, em Cuiabá. O autor do crime, identificado como Jhony Marcondes, 41 anos era companheiro da mulher mais velha e fugiu do local logo após o homicídio.

Segundo as informações iniciais, o suspeito teria utilizado um martelo e um objeto perfurante para assassinar as vítimas, que tiveram o rosto desfigurado.

Feminicídio

Feminicídio é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher. Suas motivações mais usuais são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle e da propriedade sobre as mulheres, comuns em sociedades marcadas pela associação de papéis discriminatórios ao feminino.

Em seu relatório final, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência contra a Mulher definiu que “o feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o controle da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido por parceiro ou ex-parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher, por meio da violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação ou desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a a tortura ou a tratamento cruel ou degradante”.
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