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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Adolescente que vivia 'rodeada' de agrotóxicos em lavoura luta contra o câncer e bullying

Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal

Adolescente que vivia 'rodeada' de agrotóxicos em lavoura luta contra o câncer e bullying
Com oito anos de idade, Eduarda dos Santos (hoje com 12 anos) foi diagnosticada com Dermatofibrosarcoma Protuberans, um tipo raro de câncer. Ela morava com a família em Alta Floresta (a 812 quilômetros de Cuiabá), próximo de uma fazenda que produzia soja. Os primeiros sintomas foram sentidos pela garota após um avião pulverizador passar na plantação. Para se proteger dos agrotóxicos lançados pela aeronave, Eduarda correu para caso com o corpo coçando. O que ela não esperava é que um dia depois um caroço surgisse em sua pele. A família associa a doença aos defensivos agrícolas usados na região.


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O caroço surgiu no tórax da garota. De acordo com a irmã de Duda, como é carinhosamente chamada, Patrícia Almeida, de 30 anos, após uma biopsia, a menina teve o diagnostico de câncer. Embora morasse nas proximidades da lavoura, a doença nunca foi associada aos agrotóxicos pelos médicos. “Não foi feito uma pesquisa na época e nem exames para comprovar se foi por causa disso, não podemos afirmar”, disse Patrícia.
 
Durante seu tratamento, Eduarda foi submetida à quimioterapia e a uma cirurgia para retirada de um tumor. Por um tempo, ela também ficou na Associação de Amigos da Criança com Câncer (AACC-MT), localizada no bairro Jardim Alvorada, em Cuiabá.

Atualmente, Duda mora em Várzea Grande com sua irmã. Os médicos consideram que a doença foi curada. Por este móvito, ela só faz acompanhamento a cada seis meses no Hospital de Câncer de Mato Grosso (H-CanMT). No entanto, durante estes intervalos de tempo, um novo caroço nasceu em seu pescoço. A adolescente deve ser submetida a um novo procedimento cirúrgico para retirada.

Por conta dos tratamentos, Duda acabou se atrasando do período escolar. No quinto ano do ensino fundamental, ela sofre bullying por conta de uma mancha de nascença que tem em parte do rosto.



“Chamam ela de cara manchada e varias coisas. Ela [Eduarda] responde: calça meus sapatos e faz toda a caminhada que eu fiz, para você que está fazendo bullyng comigo por causa de uma mancha”, contou a irmã.
 
Aumento 
 
A comercialização de agrotóxicos aumentou 155% em dez anos no Brasil, segundo os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS), estudo elaborado pelo IBGE no ano passado. Os dados foram analisados entre 2002 e 2012, período no qual o uso saltou de 2,7 quilos por hectare para 6,9 quilos por hectare.
 
O número é preocupante, especialmente porque 64,1% dos venenos aplicados em 2012 foram considerados como perigosos e 27,7% muito perigosos, aponta o IBGE, segundo pesquisa divulgada pela BBC Brasil.
 
A polemica envolvendo agrotóxicos veio à tona nas últimas semanas, após um projeto de lei que restringe a venda de orgânicos direto no supermercado.
 
O PL 4576/2016, de autoria Edinho Bez (MDB-SC), muda as regras da venda direta em feiras orgânicas. O texto prevê que a venda de produtos orgânicos deverá ser feita exclusivamente pelo agricultor familiar que faça parte da organização de controle social.
 
Para o nutricionista esportivo, Leandro Freire, alimentos com agrotóxicos podem trazer diversas complicações para saúde. “Riscos de maior consumo de agrotóxicos, em níveis não aceitáveis para saúde,  podem acontecer desde pequenas alergias e intoxicações alimentares até  riscos carcinogênicos ( câncer), mutações genéticas (mutagênicos) e vários outros distúrbios metabólicos e hormonais, por isso precisamos nos atentar a essa lei  Pacote de Veneno PL 6299/2002, e termos um equilíbrio na nossa alimentação para que possamos ter saúde e longevidade”, disse.
 
Sobre a lei da restrição de alimentos orgânicos, Freire entende que os consumidores encontrarão dificuldades na aquisição de produtos saudáveis.

“Minha opinião é que se tenha realmente uma maior fiscalização na área de orgânicos, a fim de evitar diversas fraudes ocorridas na comercialização, onde são vendidos alimentos da agricultura convencional, produzidas com agrotóxicos e pesticidas como se fossem orgânicos. Porém feita uma fiscalização com honestidade afim de não prejudicar os agricultores orgânicos e sem favorecer a indústria alimentícia milionária de produtos químicos e alimentos transgênicos”, finalizou.
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