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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Estava internado

Símbolo do 'Mata Cavalo', morre aos 113 anos Antônio Mulato

Foto: José Medeiros

Símbolo do 'Mata Cavalo', morre aos 113 anos Antônio Mulato
Mato Grosso perdeu na tarde do último sábado (15), o quilombola mais velho Brasil e um dos homens mais velhos de Mato Grosso, símbolo do quilombo de Mata Cavalo, em  Nossa Senhora do Livramento. Antônio Benedito da Conceição, conhecido como Antônio Mulato, estava internado há dez dias na cidade de Várzea Grande.


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Mulato estava recebendo cuidados médicos no Pronto-Socorro Municipal de Várzea Grande. A saúde dele estava bastante debilitada por conta da idade. Na tarde de ontem, não resistiu e foi a óbito.

O quilombola completou os seus 113 anos em junho, em uma festa que aconteceu na escola estadual Tereza Conceição Arruda, que ele ajudou a implementar e, para agradecer a presença de todos, ele chegou até a tentar fazer uma flexão de braço.

Antônio Mulato nasceu pouco tempo depois da abolição da escravatura, e lutou pela igualdade racial. Foi ele quem conseguiu levar a primeira escola ao Quilombo Mata Cavalo.

Seus pais eram escravos libertos – nasceram na servidão e receberam a liberdade pela Lei Áurea – já na vida adulta, no final do século XIX.
 
O seu filho Eduardo Benedito da Conceição, 55 anos, o mais velho do segundo casamento, destacou a luta do pai em defesa das terras quilombolas e da educação. “Ele sempre defendeu ali [Mata Cavalo] como se fosse parte do seu corpo; como se fosse o seu próprio coração. Sem ele, certamente Mata Cavalo não existiria”, pontuou Eduardo Benedito.
 
Graças à luta de Antônio Mulato a maioria dos 13 filhos que ficaram vivos tem formação em nível superior. Manoel Irineu da Conceição, 90 anos, filho mais velho do primeiro casamento, é advogado. De sua descendência, além dos 13  flhos, tem 38 netos, 44 bisnetos,  29 tatarenetos e quatro trinetos. “E os números da família continuam crescendo”, declarou o neto Airton Conceição de Arruda, 50 anos, em tom de brincadeira.

Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, em decorrência de sua defesa da terra quilombola, recebeu incontáveis ameaças de morte, por não aceitar deixar as terras que receberam da ‘sinhazinha’. Mesmo enfrentando Mal de Parkinson e Alzhaimer, Antônio Mulato ainda se lembra de fatos do século passado. E, para se “manter forte”, ainda toma um cálice de vinho por dia, antes do almoço.
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