Deise Regina Violin, Manu Novaes e Débora Martins. Três empresárias que foram vítimas da criminalidade e tiveram que fechar as portas de suas lojas após sofrerem com diversos roubos, furtos e depredações. De janeiro a setembro deste ano foram registrados 19.097 ocorrências desta natureza em Cuiabá e Várzea Grande, de acordo com dados da Secretaria do Estado de Segurança Pública (Sesp).

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A empresária Manu Novaes, proprietária da loja de roupas Lazulli Store, no bairro Santa Cruz, em Cuiabá, teve a loja invadida pela segunda vez em menos de quatro meses após a inauguração. Na madrugada do dia 27 de outubro, bandidos entraram na loja e roubaram praticamente tudo o que havia em seu interior. Em sua pagina pessoal à empresária anunciou o fechamento da loja e o fim de um sonho.
 
Ao compartilhar as imagens da ação dos bandidos em sua página pessoal e na página da loja no Facebook, Manu postou um desabafo: “Essas são as imagens do fim de um sonho. Um sonho lindo que durou pouco, muito pouco. Para ser mais exata menos de quatro meses. Pela segunda vez, formos furtados”. 
 
Ela conta que os ladrões cortaram os cadeados para entrar na loja e roubaram além das roupas, cabides, sapatos, maquiagem, impressora, monitor, bolsas e acessórios. Em seguida, eles atravessaram a avenida e fugiram em direção ao matagal.


Imagem dos assaltantes compartilhadas em sua rede social. 

Visivelmente irritada, ela ainda relata: “além do prejuízo financeiro, fica o sentimento de revolta. Um sonho que demorou anos para sair do papel, acabar assim, com um piscar de olhos”. Ela finalizou agradecendo a todos os clientes e seguidores da página da loja nas redes sociais e pediu que a justiça fosse feita.
 
Vítima de roubos, furtos e atos de vandalismo por 19 vezes, a empresária Deise Regina Violin, proprietária da loja de cosméticos ADCOS, localizada na Avenida Isaac Póvoas, em Cuiabá, decidiu fechar as portas e se mudar para outro local. Quem passa na avenida se depara com uma faixa: “Fomos vencidos pelo vandalismo. Luto”.
 
Ao Olhar Direto, a empresária contou que a loja ocupava três pontos comerciais. No entanto, dois foram vendidos e Deise se adaptou com somente um. Depois disso, os moradores em situação de rua, que muitas vezes fazem uso de drogas, começaram a depredar os pontos que ficaram vazios e furtar a fiação elétrica.

Tempos depois, o local da loja, mesmo em atividade, também começou a ser alvo de constantes furtos e depredações. Eles levavam toda fiação elétrica, ar-condicionado e “destruíam tudo”, segundo Deise. Chegou ao ponto de os invasores defecarem na loja.


Loja na Avenida Isaac Póvoas. Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto 

Cansada de ver seu patrimônio invadido, ela chegou a contratar um segurança para dormir no local. Mesmo com o profissional no interior, os criminosos tentaram arrombar o comércio. Em um dos casos de furto, por exemplo, os funcionários chegavam pela manhã para trabalhar e se deparavam com usuários de drogas saindo da loja.

A loja ADCOS ficou aberta por 18 anos na Avenida Isaac Póvoas. Neste período foram 19 ocorrências entre furtos, invasões e depredações. A empresária disse que acionou os órgãos de segurança, mas não adiantou. “Fiquei muito abalada emocionalmente”, disse. 
 
Em uma das invasões, por exemplo, os criminosos causaram prejuízo de R$ 10 mil.
A mudança aconteceu há cerca de 40 dias. Agora, a nova unidade da loja deverá ser inaugurada até o final do mês Avenida São Sebastião.
 
Débora Martins, proprietária da loja Diz, na Avenida Couto Magalhães, em Várzea Grande, não teve outra opção a não ser fechar as portas. Em um período de um ano e seis meses, ela teve a loja invadida oito vezes. “A falta de segurança não nos deixou outra opção. Várzea grande, cidade sem lei. É um absurdo”, disse ela em uma publicação em sua rede social. À reportagem, ela disse que “Ficou inviável para a empresa manter uma loja naquele local”.



 Loja 'Diz' em Várzea Grande. Reprodução / Facebook

Dados
 
O número de roubos e furtos caíram nos primeiros seis meses deste ano em Mato Grosso no comparativo com o mesmo período do ano passado. Em todo o Estado, a redução de roubo foi de 24% (12.019 para 9.137) e furto de 16% (28.435 para 23.756). Os dados da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) são prévios e podem sofrer alterações quando forem consolidados.
 
Das 15 Regiões Integradas de Segurança Pública (Risp), 10 apresentaram redução de furto e sete de roubo. A Risp de Várzea Grande que contempla cinco municípios (Nobres, Jangada, Rosário Oeste, Nossa Senhora do Livramento e Poconé), foi a que mais apresentou queda de roubo, de 2.673 para 1.653 (-38%), seguida pela Risp de Tangará da Serra (Porto Estrela, Barra Do Bugres, Denise, Brasnorte, Campo Novo do Parecis, Sapezal e Nova Olímpia), 526 em 2017 para 333 em 2018 (-37%).
 
Em relação ao furto, a Região Integrada de Cuiabá (Acorizal, Chapada dos Guimarães, Nova Brasilândia, Planalto da Serra, Santo Antônio de Leverger e Barão de Melgaço) apresentou a maior baixa nos índices, 34% (10.257 para 6.790), seguida pela Risp de Tangará da Serra que apresentou queda de 26%, registrando 1.447 casos no ano passado e 1.075 em 2018.
 
Cuiabá e Várzea Grande
 
Em nove meses, Cuiabá registrou 4.479 roubos e 9.597 furtos. Já em Várzea Grande foram 2.102 roubos e 9.597 furtos. Isso significa uma media de 70 ocorrências foram registradas por dia nas duas cidades.