Olhar Direto

Quinta-feira, 25 de abril de 2024

Notícias | Cidades

Morte no Shopping

PJC conclui inquérito e seguranças podem ir a júri

Foto: Lucas Bólico/OD

PJC conclui inquérito e seguranças podem ir a júri
Após um mês do assassinato por espancamento do vendedor ambulante Reginaldo Donnan dos Santos Queiroz, nas dependências do Shopping Goiabeiras, a Policia Civil concluiu o inquérito de mais de 800 páginas e confirmou a culpa dos seguranças. Eles devem ir a júri popular.


A delegada responsável pelo caso, Ana Cristina Feldner, apresentou há pouco a conclusão do inquérito, que deverá ser protocolado na Justiça ainda nesta quinta-feira (1). Segundo a delegada, após todo o trabalho investigativo realizado pela polícia não sobraram mais dúvidas de que os seguranças Ednaldo R. Belo, Jefferson Medeiros, Valdenor de Moraes e Jorge Dourado Nery assassinaram brutalmente o ambulante.

Três seguranças foram presos no dia 10 de setembro, com exceção de Jefferson Medeiros, que só se entregou quatro dias depois. Em 24 de setembro os seguranças foram indiciados por crimes de homicídio triplamente qualificado, furto qualificado e calúnia. Pois além da barbárie, os seguranças ainda roubaram dinheiro de Reginaldo e mentiram que ele teria tentado feri-los com um estilete.

Entenda tudo o que aconteceu com Reginaldo desde sua entrada no Shopping Goiabeiras

Reginaldo Donnan, o vendedor ambulante conhecido por seu chapelão e irreverência entrou no Shopping Goiabeiras no dia 29 de agosto para sair de lá carregado em um conteinner. Ele chegou precisamente às 16h26, usava seu chapelão, roupas humildes e carregava os produtos que vendia habitualmente. Sua presença logo chamou a atenção dos seguranças que por radio alertaram a entrada de um “TRU” no estabelecimento, o que no jargão deles significa nada mais que um “problema”.

O “problema” Reginaldo, e ao contrario do que alegavam os seguranças, se dirigiu diretamente à praça de alimentação. Sua entrada naquele shopping tinha dois motivos: tomar um suco com duas amigas e comprar um ingresso para uma festa.

Já na praça de alimentação, abordado pela primeira vez e alertado que não podia realizar vendas ali dentro, Donnan deixou claro ao seu futuro algoz que essa não era a sua intenção. Três minutos mais tarde, Medeiros e Valdenor voltaram à mesa e tomaram seus pertences, levando-os para sala de segurança.

Ali, na mesma mesa, Reginaldo permaneceu por cerca de uma hora com as amigas, sem atrapalhar nada nem ninguém. Então foi embora. Quando já estava fora do shopping, Valdenor voltou a abordá-lo. Como consta no próprio depoimento de Valdenor, usando “jogo de cintura”, ele convenceu Reginaldo a voltar ao Goiabeiras para pegar suas coisas. O ambulante aceitou sem saber que esta seria sua última vez no shopping.

Dentro do estabelecimento, Reginaldo foi escoltado por dois seguranças até uma sala, mas não aceitou entrar. Talvez se tivesse entrado e sido espancado ali, não haveriam testemunhas no caso, e a versão dos seguranças ganhasse crédito.

Donnan então vai a um quiosque para comprar o ingresso que tanto queria. O vendedor pede sua identidade e ele conta que os seguranças a levaram, mas informa os respectivos números. De lá Reginaldo vai a uma cafeteria e conta a uma senhora tudo o que estava passando dentro do shopping, pede ajuda e relata estar com R$ 1 mil na carteira levada pelos seguranças. Ao deixar o local um segurança aborda a senhora para descobrir o que Reginaldo havia lhe falado.

De lá, Donnan se dirigiu a uma loja de esportes onde deixou uma carta relatando o que estava acontecendo. O corredor que fica em frente à loja é um ponto cego do circuito interno de câmeras e os seguranças sabiam disso. Eles ficaram esperando Reginaldo por cerca de 40 minutos, pediram para uma vendedora forjar uma pane nos computadores para que eles entrassem e ela se negou. Ao fim eles entraram na loja sem mais explicações, deram uma chave de braço, tamparam a boca de Reginaldo e o levaram para a sala de segurança.

Reginaldo então foi espancado sem piedade. Os seguranças ligaram para a Polícia Militar tiraram-no do shopping dentro de um contêiner de lixo. Ele foi colocado na viatura pelos próprios seguranças. Os policias levaram-no para a delegacia onde forjaram um boletim de ocorrência que colocava Reginaldo como culpado na história. O delegado vendo a situação de Reginaldo mandou os PM's levarem-no para o Pronto Socorro, onde morreria três dias depois.

PM’s sob suspeita

Está clara a participação dos policiais militares no caso Reginaldo, no mínimo eles omitiram socorro, além do controverso boletim de ocorrência. Mas a delegada Ana Cristina lembra que não cabe a Polícia Civil apurar a participação deles, e sim a instituição que eles representam, uma vez que estavam em horário de trabalho, com viatura e farda.

Hora extra

Quando o incidente ocorreu, o horário de trabalho do principal espancador, Jefferson Medeiros, já havia se encerrado, e seu sucessor, que também participou do crime já havia chegado no local de trabalho.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 

Comentários no Facebook

xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet