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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Cicloturismo conquista adeptos de viagem a pedaladas

A prática de pegar a bicicleta para fazer turismo já é regra na Europa e está conquistando novos adeptos no Brasil. Em São Paulo, existe até o Clube de Cicloturismo, que chegou a dez mil usuários cadastrados e que organiza reuniões mensais com adeptos do turismo sobre duas rodas.


Um dos diretores do clube é a bióloga Eliana Garcia, de 41 anos, que viajou de bicicleta pela primeira vez em 1988, ano em que fez o percurso Rio-Santos. “Na época, eu não conhecia ninguém que fizesse isso. Eu achava que ia ser a única viagem de bicicleta, mas foi tão incrível que não parei mais”, conta Eliana, que levou um mês para fazer o percurso.

De lá para cá, a bióloga já percorreu a Chapada Diamantina (BA), a Serra da Canastra (MG), Serra da Capivara (PI), o litoral nordestino e já saiu do Brasil pedalando, a caminho do Chile. Os passeios são feitos na companhia do marido, o engenheiro elétrico Rodrigo Telles. “A gente vai de ônibus para os lugares e percorre a região de bicicleta. Podemos começar por uma cidade e voltar por outra. É uma viagem independente”, conta.

Interação
Os cicloturistas evitam circular pelas rodovias e preferem as estradas de terra, que são pouco movimentadas e levam a surpresas, como uma cachoeira deserta ou a um vilarejo de gente hospitaleira.

Esse é um dos principais motivos que levam a funcionária pública Angela Sibinel, de 39 anos, a deixar o carro na pousada e só de lá de bicicleta. Junto com o marido, ela pega o veículo, vai até a cidade escolhida e pode passar dias sem dar notícia. “No ano passado, a gente foi até a Chapada Diamantina, deixou o carro em uma cidadezinha e percorreu o parque de bicicleta. Foram 240 km em oito dias”, relembra.

Na memória, Angela guarda as pessoas que conheceu pelo caminho. “É muito mais fácil se aproximar das pessoas de bicicleta do que de carro. Apenas parar e baixar o vidro não adianta. O carro cria uma barreira entre quem está dentro e quem está do lado de fora. De bicicleta, é só parar e puxar conversa”, justifica.

Outra vantagem apontada por Angela é a interação com o ambiente. “A sensação de viajar de bicicleta é indescritível porque a gente passa a fazer parte do cenário, sente o vento, o sol, a chuva”, lista.

A bibliotecária Marici Slavec, de 42 anos, está empolgada com o cicloturismo porque fará a sua primeira viagem de bicicleta em maio pela Eslovênia. “Meus pais são eslovenos e já fui lá duas vezes, mas nunca andei pelo país de bicicleta”. A bibliotecária viajará com o marido. “Ele vai levar a bicicleta dele e eu vou comprar uma na Alemanha”, planeja. 

A viagem sobre duas rodas está prevista para durar duas semanas e deve abranger 10 cidades, incluindo os vilarejos. “O bom de viajar de bicicleta é aprendermos que podemos sobreviver com poucas coisas porque precisamos levar só o básico para sobreviver”, afirma Marici.

Kit sobrevivência
Uma das principais curiosidades do cicloturistas de primeira viagem é justamente o que levar no passeio, afinal, cada toalha, sapato ou sabonete a mais deverá ser carregado tanto na descida quanto na subida.

Por isso, o clube disponibiliza gratuitamente aos usuários cadastrados no site um manual para o viajante sobre duas rodas, e deixa claro que máquina fotográfica, repelente, documentos e papel higiênico não devem ser esquecidos.

O manual inclui ainda um kit batizado de “Mc Gyver” (numa alusão ao personagem de um antigo seriado da TV), em que não podem faltar fita adesiva, alfinete de segurança, barbante, agulha, linha e até aqueles arames usados para fechar a embalagem do pão de forma. “Pode ser útil em emergências”, justifica Eliana.

Encontros
Para trocar idéias e experiências, compartilhar equipamentos e mapas e até orientar os que vão viajar pela primeira vez, a reunião dos cicloturistas é realizada mensalmente no Sesc Ipiranga, na Zona Sul de São Paulo. Os encontros traçam um pouco do perfil dos atuais cicloturistas: de cada dez, oito são homens, e a maioria dos praticantes tem entre 26 e 45 anos.

“No encontros, reunimos entre 40 e 50 pessoas para discutir as novidades e orientar os iniciantes, que são a maioria nesses encontros”, conta Eliana. Condicionamento físico, condições da bicicleta e melhor forma de arrumar as malas são temas obrigatórios nos encontros. Apesar do grande volume de cuidados a serem tomados em uma viagem, conta Eliana, todos saem de lá com a sensação de que também podem ser cicloturistas.

Para o carnaval, os turistas sobre bicicletas já têm viagem marcada. Eles irão se encontrar no Vale Europeu, em Santa Catarina.
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