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Sábado, 20 de abril de 2024

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Queda dos preços do petróleo restringe revolução de Chávez

Uma queda abrupta nos rendimentos do petróleo está forçando o presidente venezuelano Hugo Chávez a restringir as políticas econômicas do período de alta, colocando riscos severos à sua "revolução", que era sustentada por gastos públicos pesados. 


Chávez usou a alta dos preços do petróleo, que atingiu seu ápice em julho de 2008, para financiar enormes programas sociais no país.
Aventurando-se no exterior, ele também ofereceu planos para financiar óleo para o aquecimento dos moradores pobres do Bronx e tarifas de ônibus mais baratas para os idosos de Londres.

Seu governo respondeu à queda dos preços do petróleo, e dos lucros com a exportação, restringindo a quantidade de dólares distribuídos aos importadores e aos venezuelanos em viagem ao exterior. A companhia de petróleo estatal PDVSA está revendo suas operações. Caracas também retirou dinheiro dos US$ 50 bilhões em reservas de câmbio internacionais do banco central, dos quais US$ 12 bilhões em "excesso"
foram destinados para uso do governo.

Segundo analistas, Caracas espera evitar mais medidas impopulares como cortes nos gastos, aumento de impostos e talvez até mesmo uma desvalorização antes do referendo de 15 de fevereiro, que decidirá se os limites atuais dos mandatos dos governantes eleitos devem ser descartados. Se passar, a medida permitiria a Chávez concorrer nas próximas eleições presidenciais de 2012.

O petróleo responde por mais de 90% das exportações da Venezuela e por mais da metade da renda do governo. A queda dos preços significa que o déficit fiscal do país deve aumentar de 2,5% do produto interno bruto em 2007 para até 7% esse ano, ou quase US$ 30 bilhões, disse Milton Guzmán, economista-chefe do Santander Investiments em Caracas.

Efrain Velázquez, presidente do Conselho Econômico Nacional da Venezuela, disse que a dependência do governo em relação às reservas poderia pressionar tanto a inflação quanto a moeda. Mas o governo negou a possibilidade de aumentar os impostos ou desvalorizar a moeda, medida que aumentaria o número de bolivares que o governo recebe por dólar de petróleo vendido. "É uma estratégia arriscada", disse Velázquez. "Se as reservas forem gastas sem um conjunto de decisões sérias e a economia global [e os preços do petróleo] não se recuperarem rapidamente, a Venezuela ficará numa posição ainda mais fraca".

Apesar de os lucros do petróleo terem aumentado quase um terço, chegando a níveis recordes no ano passado, o crescimento econômico da Venezuela caiu de 8,4% em 2007 para 4,8% em 2008 e a inflação aumentou para 30,9%. A maioria dos analistas acredita que a queda no crescimento e o aumento da inflação continuem este ano. A despeito das negativas do governo, os analistas argumentam que ele já adotou uma desvalorização disfarçada ao restringir o acesso a dólares pela taxa oficial de câmbio, fixada a 2,15 bolivares desde 2005. O movimento forçou os venezuelanos a comprarem moeda estrangeira cada vez mais no câmbio paralelo, no mercado negro, onde o dólar está atualmente fixado a 5,6 bolivares.

Apesar de o governo temer os efeitos que a desvalorização teria sobre a inflação - por conta da alta dependência que a Venezuela tem em relação aos bens importados - alguns economistas argumentam que restringir o acesso aos dólares oficiais também estimula a inflação.

Entretanto, Mark Weisbrot, um economista do Centro de Política Econômica e Pesquisa em Washington, diz que não há um perigo iminente para a economia da Venezuela, graças às suas amplas reservas, pequeno débito internacional e um superávit confortável, mesmo que reduzido. 

"Não há pressão no governo para desvalorizar a moeda", disse Weisbrot, argumentando que, na pior das hipóteses, o governo poderia emprestar da China e da Rússia. "A questão é se o governo é capaz de fazer o suficiente, com a rapidez necessária, para evitar a desaceleração econômica", disse.
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