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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Corretoras elevam exigência de garantias e suspendem folgas

SÃO PAULO - As corretoras brasileiras preparam uma verdadeira operação de guerra para segunda-feira, temendo uma corrida de investidores no primeiro pregão pós-eleição, para ajustar suas posições e liquidar operações, com ganhos e perdas decorrentes da estratégia adotada. As medidas vão da exigência de garantias maiores ao cancelamento de folgas. Na corretora Gradual, por exemplo, o nível de alavancagem dos clientes que trabalham com home broker (sem auxílio de operadores) foi reduzido à metade. E a Clear Corretora, do grupo XP, vai testar a capacidade dos sistemas este fim de semana, quadruplicando o volume normal de operações.


— O prazo dessa redução da alavancagem será dado pelo próprio mercado. Quando verificarmos que a volatilidade está menor, voltamos aos padrões anteriores — diz Aparecido de Sousa Lima, superintendente de risco da Gradual.

Na prática, a alavancagem permite ao cliente comprar ativos em um volume acima das garantias (dinheiro, títulos públicos e outros ativos financeiros) que ele tem depositadas na corretora. Se, normalmente, com R$ 1 mil na conta da corretora era possível comprar até R$ 7 mil em ativos, na segunda-feira ele arrematará no máximo R$ 3,5 mil. O limite menor, diz Lima, protege tanto o cliente como a corretora — que arca com o prejuízo se o cliente apostar errado, perder dinheiro e não puder pagar.

— Além disso, as posições de todos os clientes serão submetidas a testes de estresse compatíveis com o atual momento e, se necessário, novas garantias serão exigidas — explica Flávio Martins, diretor de Controles Internos da Ativa Corretora.

Além disso, os clientes mais agressivos, que investem em operações de maior risco, terão de depositar mais garantias. Esse procedimento, conhecido como “chamada de margem”, é exigência da BM&FBovespa. Cada tipo de ativo tem uma margem diferente. No caso das ações preferenciais da Petrobras, a margem é de 25%, o seja, a garantia precisa ser equivalente a 25% do preço à vista da ação.

Essa não é a única ferramenta de proteção da Bolsa. Em casos extremos, ocorre o chamado circuit breaker, que é a paralisação das negociações por meia hora quando há uma queda superior a 10%. A Bolsa informou que não fez ajustes específicos para segunda-feira, mas ressaltou que seu comitê técnico está sempre avaliando os níveis de risco e fazendo correções.

As corretoras, porém, podem ser mais conservadoras e exigir garantias adicionais. Na Gradual, a elevação será de 15 pontos percentuais nas operações com ações na Bovespa e de 20 pontos para ativos como dólar e futuros. A XP Investimentos também elevou suas margens. Nas operações em renda variável, de ontem para segunda-feira, a margem passou de 12% para 36%. Já para a segunda-feira, nas operações no intraday, passou de 4,5% para 13,5%. Também foram elevados os pedidos de garantia nos mercados de câmbio, café e soja.

— Está prevista uma volatilidade acima do normal na segunda-feira, que pode se confirmar ou não. O objetivo é proteger o cliente e deixar todos cientes dos riscos — explica Eduardo Glitz, diretor de varejo da XP.

Para o executivo, isso é necessário porque, dependendo de quem ganhar as eleições, a Bolsa pode abrir com uma variação muito alta ou muito baixa -- "gap", no jargão do mercado financeiro --, e o cliente não vai ter tempo de se desfazer de uma operação calculada de forma equivocada.

— Preparamos todas as nossas áreas operacionais porque acreditamos que será um dia atípico. A tecnologia e a retaguarda estarão de prontidão — afirma Glitz.

Ari Santos, gerente de renda variável da H.Commcor, lembra que o "gap" pode ocorrer e se intensificar porque têm sido comuns as operações de "stop loss", que é quando um cliente limita qual será a sua perda e, quando a ação chega a um determinado preço, são disparadas ordens de venda automaticamente, forçando o preço do ativo ainda mais para baixo ou para cima.

A busca por proteção ocorre em momento de estresse no mercado. O imbróglio envolvendo as empresas do Grupo X fez com que várias corretoras exigissem garantias adicionais de seus clientes. Também em 2008, em meio à crise financeira global, também houve o aumento das margens. No entanto, profissionais do mercado financeiro lembram que naquela época havia menos transações eletrônicas, e os clientes tinham que, a cada compra ou venda, conversar com um operador, o que já era um filtro natural para alavancagens, além de reduzir a velocidade das negociações. Agora, com a concentração dos procedimentos em plataformas eletrônicas, o risco acaba sendo maior.

Já uma das principais corretoras do mercado, que preferiu não ser identificada, cancelou todas as folgas de seus mais de 200 funcionários na segunda-feira, por temer uma corrida de investidores.
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