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TERRA XAVANTE

Força Nacional e Exército mandam mais homens para retirada de famílias de demarcação indígena

06 Dez 2012 - 15:55

Da Reportagem Local - Lucas Bólico - Enviado Especial

Foto: José Medeiros - Fotos da Terra

Força Nacional e Exército mandam mais homens para retirada de famílias de demarcação indígena
A Força Nacional e o Exército Brasileiro continuam mandando homens para a operação de desintrusão de não-índios da demarcação indígena Xavante Marãiwatsédé, localizada no município de Alto Boa Vista, na região do Araguaia em Mato Grosso.


Dois comboios flagrados pelo Olhar Direto a caminho da região do Posto da Mata nesta quinta-feira (6) vinham do estado de Mato Grosso do Sul. Os homens da Força Nacional partiram de Corumbá e os soldados do Exército partiram de Campo Grande com destino a área em disputa.

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“Ainda não sabemos como está a estrada, parece que tem um bloqueio lá na frente”, declarou em Primavera do Leste um dos membros envolvidos na operação, marcada para começar na manhã de sexta-feira (7). O Exército e a Força Nacional já têm acampamento na área.

O prazo para a saída voluntaria das famílias esgota-se hoje e a retirada forçada dos produtores inicia-se amanhã pela manhã. Os moradores locais, no entanto, prometem “lutar” pelas terras. Autoridades de Mato Grosso temem que haja um intenso confronto no com a resistência dos produtores.

“Vai haver um derramamento de sangue lá”, declarou o suplente de deputado estadual Adalto de Freitas (PMDB) ao Olhar Direto, em Barra do Garças. Daltinho lembra que tem alertado sobre o problema há anos e lamenta que o governo não tenha conseguido reverter a desintrusão há tempo.

“São famílias que estão lá, pessoas sérias”, defende. De acordo com o peemedebista, talvez a desintrusão seja revertida após as autoridades se depararem com o provável colapso social que pode acontecer. “Talvez isso pare depois que eles vejam três ou quatro pessoas mortas lá”, indigna-se.

Enquanto as últimas horas para a desocupação voluntária se esgotam, parlamentares de Mato Grosso fazem um intenso esforço político nos bastidores em Brasília para evitar o despejo. O governador Silval Barbosa (PMDB) também tenta articular uma saída para a questão.

Entrevistado pelo Olhar Direto em Primavera do Leste, o xavante Augusto Werehité, de 65 anos, critica as tentativas de manobras políticas para evitar a saída. A “politicagem”, segundo o indígena, começaram com a ocupação da área.

“Lá [Marãiwatsédé] é o primeiro território. É nosso território, então a gente sabe o que está acontecendo”, afirma. “Agora, os fazendeiros que encheram a terra Marãiwatsédé começam com a politicagem. Foi candidato que queria passar as terras para fazendeiros para poderem votar neles. Foi isso que aconteceu”, aponta.

Augusto é sobrinho do cacique Damião Paridzané, índio que defende que a terra em questão é xavante e quer a retirada dos não-índios para a ‘reocupação’ da área por parte da etnia. Em entrevista recente ao Olhar Direto, Rufino, irmão de Damião se posicionou contra a desintrusão e declarou que a terra não é xavante.

Os posseiros também argumentam que a terra não é de interesse Xavante e acusam a Fundação Nacional do Índio (Funai) de falsificarem o laudo antropológico usado para a demarcação da terra.
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