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VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Homem acusado de tentativa de estupro apanha da vítima e acaba preso

20 Jan 2016 - 16:11

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Ilustração

Homem acusado de tentativa de estupro apanha da vítima e acaba preso
Um desfecho inusitado para um problema recorrente foi registrado no centro de Cuiabá às 5h40 desta última terça-feira (19). A estudante de enfermagem de 21 anos, M. C. da S. foi assediada verbalmente e sofreu tentativa de estupro, mas conseguiu se defender agredindo o acusado, J.C.D., de 43 anos, que foi imobilizado com a ajuda de populares à tempo de ser preso por policiais.

 
O episódio contou com dois momentos distintos: no primeiro, a mulher sofreu a abordagem verbal violenta ainda e foi molestada, mas conseguiu escapar. No entanto, enquanto ela procurava uma equipe da Polícia Militar, já nas imediações da Praça Ipiranga, para denunciar a situação, se deparou novamente com o criminoso. Mais uma vez, ele fez gracejos. Para se defender, ela reagiu a socos. O agressor acabou caindo no chão e foi imobilizado por populares e posteriormente encaminhado às autoridades. Por oferecer resistência, foi algemado. 
 
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A estudante relata ter vivido o pesadelo que muitas mulheres vivem diariamente, nesta última terça-feira. Segundo relata em sua página de rede social e ao Olhar Direto, o homem, identificado como J.C.D.S,  teria dirigido ofensas e dito obcenidades enquanto tocava, à força, em seu corpo. “Quando (o suspeito) se aproxima de mim, diz palavras ao meu ouvido [...] ao mesmo instante em que me assedia fisicamente, eu me virei e imediatamente, e nem pensei, comecei a bater nele. Nisto, ele caiu no chão e fugiu [...] por coincidência minha professora estava perto me acolheu”, relata.

O problema é que, segundo a vítima, o caso não termina por aí. “Estava determinada a procurar um policial para conversar sobre o que poderia fazer a respeito. Não encontrei na Praça Alencastro”. Ao se deslocar para a Praça Ipiranga, atravessando o semáforo, encontrou seu agressor. “Corri pra cima dele, joguei ele no meio da rua e comecei a bater novamente. Eu realmente não cheguei a pensar se ele tinha algo que poderia me ferir, a ira era tanta, e ainda ele veio pra cima de mim, ai que bati mais”, conclui. Populares se assustaram com a reação do suspeito, e o detiveram.

Lição:

Apesar do risco, a estudante não se arrepende da reação, e deixa uma mensagem às mulheres. “Espero que nós nos desprendamos do medo de denunciar. Eu mesmo neste caso que ele fugiu eu procurei um policial pra procurar o que fazer. Quando ele estava sendo preso, as mulheres que estavam lá me contaram que ele também estava assediando-as verbalmente. Eu reagi. Não digo que é o certo. Mas reagi e não aceitei a invasão dele sobre o meu corpo. Nós mulheres devemos nos defender. Por isto a luta precisa ser de mãos dadas pra que estas impunidades possam parar de acontecer. Pois geralmente por falta de testemunha e até medo, muitos casos são arquivados e não levados pra frente, infelizmente", afirma.

 Autuação: 
 
O 1º Batalhão da Polícia Militar interviu no conflito a tempo, algemou o suspeito e o encaminhou à delegacia para lavrar B.O. A natureza da Ocorrência: Crimes contra a dignidade sexual por tentativa de estupro (revisto no Decreto Lei 2.848 / 1940). 

O caso foi levado Centro Integrado de Segurança e Cidadania (CISC) Planalto. De acordo com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública  foi lavrado Termo Circunstanciado de Ocorrência. A audiência está marcada para às 18h do dia 09 de fevereiro por crime de Importunação ofensiva ao pudor, previsto no artigo 61 da Lei das Contravenções Penais. A jovem garante que ainda levará o caso para o Tribunal, por danos morais.

Prefeitura de Cuiabá:

O Olhar Direto apurou o caso para verificar a atividade profissional do suspeito. Segundo a Prefeitura de Cuiabá, J.C.D.S é reeducando da Fundação Nova Chance (FUNAC), uma iniciativa da Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH). Ele atuava como gari, uma vez que a Fundação possui parceria com Secretaria de Serviços Urbanos da Prefeitura da capital. Todavia, ele foi demitido em dezembro de 2015, por excesso de faltas. 

FUNAC:

Procurado pelo Olhar Direto para contextualizar o tratamento de J.C.D.S, a FUNAC emite resposta às 10h50 desta sexta-feira: 

J.C.D.S: "ficou recluso durante quase onze anos, quando ganhou o direito de concluir a pena em regime semiaberto. Hoje, Cuiabá não tem casas de albergados, que eram unidades onde o recuperando em regime semiaberto deveria comparecer para pernoite. Todos saem com tornozeleiras, atualmente. O J.C foi encaminhado à Fundação pelo Fórum em junho de 2015. Aqui ele foi encaminhado para uma vaga de emprego, onde ficou até dezembro. Em razão de não ter referencias familiares, permaneceu um tempo abrigado em um albergue, depois alugou uma casa. Tanto o albergue quanto o seu empregador não referiam problemas com ele. São as informações que temos dele.
Cintia Nara Selhorst
Presidente da Fundação Nova Chance"
 

Movimento das Mulheres:

Na coordenação do Coletivo de Mulheres Filhas de Maria Taquara, a graduada em Serviço Social,  Jéssica Fernandes Federici, analisa o caso e a iniciativa da jovem. "Assédios como o que M.C. foi vítima ocorrem todos os dias de diversas formas, vivemos uma cultura que legitima a irracionalidade e a violência como instintos masculinos. Segundo o Mapa da Violência 2015, Cuiabá ainda tem uma média de homicídios de mulheres maior que a nacional, porém até que se ocorra o assassinato diversas violências ocorrem com as vítimas, entre essas o assédio. As instituições ainda carecem de um melhor atendimento, muitas mulheres desistem da denuncia pela burocracia ou pela trato dos agentes que muitas vezes insistem na veracidade do que a vítima afirma. A atitude da jovem pode ter a colocado em exposição, porém entendemos que nós somos a principal ferramenta de transformação da cultura que trata as mulheres como pessoas de segunda classe. A escritora e militante Audre Lorde diz que ‘seu silêncio não vai te proteger’, parece uma frase dura para um grupo da população que já sofre diversas violências cotidianamente, contudo temos que fazer as mulheres (re)descobrirem seu valor e sua força", conclui.

Orientação Policial:
 
A Polícia Civil orienta que em casos de assédio, as mulheres vítimas de violência procurem um Distrito Policial de Atendimento à Mulher mais próximo e formalizem a denúncia para que o caso possa ser investigado. 

* Atualizada em 10h53 de 22/01/16
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