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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Maratonista se perde no Saara e é obrigado a beber sua própria urina e sangue de morcego para sobreviver

Um corredor de maratona enfrentou a morte e foi obrigado a beber a própria urina e sangue de morcego para sobreviver depois de se perder em uma corrida no deserto mais famoso do mundo, o Saara.


Mauro Prosperi tinha 39 anos quando fez a inscrição para a Maratona de Areia, em 1994. Em seis dias, o competidor tem que caminhar por quase 250 km no meio do deserto. O trajeto é considerado como o mais difícil do mundo.

Prosperi foi um dos 80 corredores e se perdeu no meio do caminho, depois de ficar temporariamente cego ao ser atingido por uma tempestade de areia no Marrocos.

Armado apenas de uma bússola, um mapa e uma garrafa de água, o penta-atleta embarcou em uma angustiante jornada de dez dias, em busca de abrigo e segurança.

Com três filhos, mulher e familiares na Itália, Prosperi era obrigado a enfrentar a morte em todos os momentos da sua “viagem”.

“As coisas começaram a dar errado no quarto dia. Quando saímos naquela manhã, já havia um pouco de vento. Eu já tinha passado por quatro postos de controle quando entrei em uma área de dunas”, conta.

— De repente, começou uma tempestade de areia muito violenta. O vento era muito forte e eu estava cego. Também não conseguia respirar. A areia chicoteava meu rosto, parecia uma tempestade de agulhas e eu tive que me manter em movimento para que não fosse enterrado.

A tempestade durou oito horas e Prosperi teve que ficar agachado em um lugar protegido, enquanto esperava as dunas se acalmarem.

“Eu tinha uma bússola e um mapa, então, pensava que poderia caminhar naturalmente. Porém, sem os pontos de referência, fica muito mais difícil. Eu caminhei por quatro horas, subi em uma duna e quando olhei, não conseguia ver absolutamente nada”, recorda.

Casal morre de sede em deserto saudita

— Quando percebi que estava perdido, a primeira coisa que fiz foi urinar em minha garrafa de água para repor o líquido. Quanto mais água você bebe, a urina fica mais clara e mais potável.

Os competidores recebiam água potável nos postos de controle, mas quando Prosperi foi atingido pela tempestade de areia, tinha apenas metade de uma garrafa. “Eu bebi tão devagar quanto podia”, diz.

Depois de dois dias, Prosperi encontrou um santuário muçulmano onde peregrinos descansam quando cruzam o deserto. No local, descansou e comeu rações, que tinha cozinhado com urina fresca. Também comeu alguns morcegos.

“Eu cortei a cabeça deles e tirei toda a parte de dentro. Em seguida, chupei o sangue. Comi pelo menos uns 20. Tinha certeza de que ia morrer e que seria agoniante. Preferi acelerar a morte”, conta.

Enquanto ficou no santuário, ele escreveu uma carta para a família e depois cortou os pulsos, em uma tentativa de tirar a própria vida. Ele dormiu enquanto esperava o sangue escorrer pelos cortes, mas por que seu sangue engrossou, ele não conseguiu fazer o que queria. “Eu não tinha conseguido me matar. A morte ainda não me queria”, brinca.

Depois de descansar por 12 horas, ele decidiu ir embora e continuou caminhando. No trajeto, comeu cobras, lagartos e continuou bebendo sangue de morcegos.

A partir de então, os organizadores da maratona começaram a procurar por Prosperi. Seu irmão e cunhado saíram da Itália e foram até o Marrocos para auxiliar nas buscas.

Depois de nove dias no deserto, Prosperi foi encontrado por uma jovem menina que pastoreava ovelhas em um acampamento.

“As mulheres do acampamento cuidaram de mim. Eles eram muito bons e enviaram um porta-voz para chamar a polícia. Eles viviam perto de uma base policial para ter maior segurança”, relembra.

Os policiais levaram Prosperi com os olhos vendados para a delegacia, porque não sabiam quem ele era e pensavam que poderia ser perigoso. “Eles tinham armas. Eu pensava que eles podiam me matar a qualquer momento”.

“Quando eles descobriram que eu era o corredor perdido da maratona, tiraram minha venda e fizeram uma festa”, conta.

O maratonista tinha cruzado a fronteira com a Argélia e estava 291 km de distância do trajeto oficial.

O homem foi levado às pressas ao hospital de Tindouf, onde foi diagnosticado com pouco líquido no corpo e danos no fígado. Ele não podia comer nada além de sopa ou líquidos durante meses e levou quase dois anos para se recuperar ao ser transferido para a Itália.

Porém, surpreendentemente, Prosperi voltou à maratona em apenas quatro anos. Ele já competiu em oito corridas de desertos desde então.

Em 2015, Prosperi planeja percorrer de costa à costa do Saara, no Marrocos, até o Egito.
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