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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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PMs acusados de matar e arrastar auxiliar de serviços gerais estão soltos e trabalham na corporação

Quatro meses depois de Claudia Silva Ferreira ser morta durante operação no Morro da Congonha, em Madureira, e arrastada por uma viatura por 300 metros na Estrada Intendente Magalhães ao ser socorrida, os seis policiais indiciados pelos crimes estão soltos e ainda trabalham em atividades administrativas na PM. Já a família da auxiliar de serviços gerais, cansada de conviver com a lembrança de Cacau baleada a poucos metros da porta de casa, deixou a favela.


No relatório final do inquérito, obtido pelo EXTRA, o delegado Carlos Henrique Pereira Machado conclui que o disparo que matou Claudia partiu da arma de um dos PMs. O tenente Rodrigo Medeiros Boaventura e o sargento Zaqueu de Jesus Pereira Bueno foram indiciados por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e fraude processual, por terem tirado o corpo de Claudia — já morta, segundo a perícia — do local do crime. Eles ficaram presos até o fim de abril, quando o prazo da prisão temporária expirou. Desde então, dão expediente, respectivamente, dentro do 3º (Méier) e do 41º BPMs (Irajá).

Já Adir Serrano Machado, Alex Sandro da Silva Alves, Rodney Miguel Archanjo e Gustavo Ribeiro Meirelles, responsáveis por colocarem o corpo de Claudia na mala da viatura e transportarem-no até o Hospital estadual Carlos Chagas, foram indiciados pelo crime de fraude processual. Eles seguem trabalhando internamente no 9º BPM (Rocha Miranda).
— Após ouvirmos todos os lados e realizarmos uma reprodução simulada no local, conseguimos esclarecer que havia uma troca de tiros entre um suspeito e dois policiais e Claudia passou na linha de tiro no momento dos disparos — afirmou o delegado.
A promotora Isabella Lucas concordou com a decisão da Polícia Civil e pediu a transferência do processo do Tribunal do Júri para uma vara Criminal. Ainda esta semana, o juiz Murilo Kieling, da 3ª Vara Criminal, deve decidir se aceita a manifestação do Ministério Público.
— Diante de uma situação de stress, os PMs teriam agido com erro e não com dolo, porque, como são treinados para isso, deveriam ter mais cautela. Eles queriam acertar uma pessoa e acertaram outra — disse a promotora.
Espera pela indenização
Somente um terço da indenização acordada entre o governo do estado e a família de Claudia foi paga. O acordo, intermediado pela Defensoria Pública do estado, foi dividido entre três núcleos da família. Os filhos e o viúvo receberiam uma parte, os quatro sobrinhos receberiam outra e a mãe e as irmãs de Cacau ficariam com outro terço. Até agora, só o pai e os filhos de Cacau receberam indenização. Com o dinheiro, eles compraram um imóvel de dois quartos na Zona Oeste, onde moram o viúvo Alexandre, os quatro filhos e mais quatro sobrinhos de Claudia.
— O acordo foi assinado em 9 de abril e a família concordou que era a melhor forma de ser indenizada. Um processo contra o estado iria demorar anos tramitando na Justiça. Agora é esperar a conclusão dos processos administrativos abertos pelo estado — afirmou o defensor que representa a família, Francisco Horta Filho.

A família também aguarda a conclusão da obra do apartamento do programa “Minha Casa, Minha Vida” para onde vão se mudar até o fim do ano. As crianças estão estudando em colégios públicos. Após a morte de Claudia, Alexandre parou de trabalhar para cuidar dos filhos. Para ajudar no orçamento, Thais, a mais velha, vai começar a trabalhar.
— Vou fazer curso de cabelereira para ajudar meu pai — conta a menina de 19 anos.
Vídeo
No dia seguinte à morte de Claudia, o EXTRA divulgou um vídeo mostrando o corpo da auxiliar de serviços gerais sendo arrastado por pelo menos 250 metros na Estrada Intendente Magalhães, em Marechal Hermes.
Imagens
Em outro vídeo, publicado também no site do EXTRA, dois dias depois, é possível ver que corpo da vítima foi arrastado por pelo menos mais 50 metros.
Relatório
O documento da Polícia Civil mostra que Ronald Felipe dos Santos, suspeito baleado durante o confronto, confirma que três homens, dois deles armados, seguiam pela rua quando os PMs começaram a atirar.
Claudia
Segundo Ronald, que foi indiciado por tentativa de homicídio, Claudia andava na mesma direção dos suspeitos quando foi atingida.
Tiro
O relatório afirma que o tiro que a atingiu partiu da direção em que “progrediam” os policiais militares.
Morte
A auxiliar teria morrido “em tempo inferior a dez minutos após o disparo".

Socorro
Há indícios, diz o documento, de que a ordem dada pelo tenente Boaventura para que a vítima fosse “socorrida” tenha tido a intenção de “desfazer o local”, para dificultar a constatação de que o disparo partiu da arma de um dos PMs.
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