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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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Superiores orientaram Sabesp a não alertar população sobre falta de água

SÃO PAULO - Em uma reunião com a cúpula dos dirigentes da Sabesp, a presidente da estatal paulista, Dilma Pena, admitiu ter recebido ordens de seus superiores para não orientar a população de São Paulo a economizar água. É o que mostra áudio da reunião obtido por O GLOBO.

Na gravação, Dilma Pena critica a orientação superior, mas diz que é obrigada a obedecer:

"Cidadão, economize água". Isso tinha de estar reiteradamente na mídia, mas nós temos de seguir orientação, nós temos de seguir orientação, nós temos superiores, e a orientação não tem sido essa. Mas é um erro”, diz a presidente da estatal, na gravação. Ela afirma ainda que contestou essas ordens para seus próprios superiores, mas não foi ouvida.

Na mesma reunião, ocorrida em agosto, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, reconheceu que o governo enfrenta "ações desafiadoras" para prolongar a vida útil do Sistema Cantareira e "esticar um pouco mais" o abastecimento de água e diz que a situação é de “agonia”.

“Se repetir o que aconteceu este ano, de final de 2013, de outubro pra cá, se voltar a repetir em 2014, confesso que não sei o que fazer, tá certo? Essa é uma agonia, uma preocupação”, diz Massato.

O diretor também brinca que será preciso comprar água mineral e tomar banho no litoral. “Não vai ter água para o banho, não vai ter água para a limpeza da casa. Quem puder compra garrafa água mineral, tá certo? Quem não puder, vai tomar banho na casa da mãe, lá em Santos, lá em Ubatuba, em Águas de São Pedro, sei lá. Aqui não vai ter”, diz o diretor na gravação.

São Paulo vive a maior crise hídrica de sua história. O sistema Cantareira, que abastece 8 milhões de pessoas, está em 3% de sua capacidade. O governo de São Paulo é o acionista majoritário da Sabesp. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) acaba de ser reeleito, em primeiro turno, para mais quatro anos de gestão.

Em nota, o governo afirmou que “nunca vetou qualquer alerta sobre a crise hídrica” e que “cabe à Sabesp, empresa autônoma da administração indireta, composta por uma diretoria e um conselho de administração, esclarecer as circunstâncias e o sentido das frases gravadas e vazadas seletivamente a dois dias das eleições”.

A Sabesp informou que áudio divulgado “diz respeito a uma reunião de trabalho, interna, com equipes operacionais, envolvendo mais de 100 pessoas. O objetivo era atualizar as equipes para a intensidade da crise e mobilizá-las para ampliar as ações operacionais e de comunicação para o uso racional da água”.

A empresa também diz que o trecho divulgado “foi extraído de maneira distorcida e fora do contexto”. “A presidente da empresa responde às demandas das equipes operacionais, que questionavam a estratégia de comunicação. A presidente informa que a estratégia de comunicação já havia sido decidida pelas instâncias superiores da própria empresa. É óbvio o claro intuito eleitoreiro da divulgação desonesta desta reunião interna de trabalho, a dois dias da eleição presidencial”, diz nota da Sabesp.

O presidente da a Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, afirmou nesta semana que, se não chover o volume médio nos próximos meses, a Sabesp vai tirar água do lodo, já que não existe terceira cota do volume morto.

Nos últimos dias, a crise da água virou tema da campanha presidencial e entrou na propaganda de TV da presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição. Dilma atribuiu a falta de água á gestão tucana. Já o PSDB diz que o PT está fazendo terrorismo e uso eleitoral do caso.

INVESTIGAÇÃO

A liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo informou que vai entrar com representação no Ministério Público para investigar ato de improbidade do governador Geraldo Alckmin e do secretário de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce. “Os dois foram omissos com a população em não esclarecer a gravidade da crise da água que afeta principalmente as regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas”, informou o PT em nota.

A comissão de Infraestrutura da Assembleia, presidida pelo PT, vai convidar Dilma e Massato para prestarem esclarecimentos e investigar possíveol crime eleitoral pela omissão de informação do governo.
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