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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Após rebelião

Em ato por direitos dos detentos, mulheres se mobilizam e bloqueiam BR-364

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Em ato por direitos dos detentos, mulheres se mobilizam e bloqueiam BR-364
Mobilizadas por supostas infrações de direitos dos internos do presídio Paschoal Ramos, em Cuiabá, dezenas de mulheres se reuniram e bloquearam um trecho da rodovia BR-364, na tarde desta sexta-feira (10). Revoltadas com a situação, criada, segundo elas, pelos agentes prisionais, mães, esposas e irmãs de detentos prometem dar seqüência a manifestação na manhã de sábado (11). Elas acusam os servidores públicos, em greve desde o dia 31, de terem simulado uma confusão que terminou em uma rebelião nesta manhã, apenas para chamar a atenção para sua causa.


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Além da suspensão das visitas, interrompidas em decorrência da paralisação, as mulheres alegam que um dos detentos foi morto por agentes durante a ação de conteção na manha. Não haveria ainda médicos na unidade prisional e a comida servida estaria estragada. “Tem gente lá dentro que está vomitando sangue, por conta da tuberculose, e ninguém faz nada. Eles dizem que não, mas nós vimos quando a Assistência Social ligou pra mulher do preso que foi morto," alegou uma das manifestantes no local.

De acordo com a representante do Sindicato do Sistema Penitenciário, Josilene Muniz, as alegações são falsas, e o serviços essenciais, como saúde, alimentação e segurança, foram mantidos no local. Para ela, a motivação para o ato é a interrupção na entrada de drogas no presídio, facilitada pela ausência de um aparelho de Raio-x no local. “Você vê o desespero quando começam a jogar o material por cima do muro. Estamos com 100% dos funcionários responsáveis por atividades essenciais trabalhando. No momento da rebelião, até os colegas que estavam de folga vieram para ajudar na contenção.”

Na entrada da Penitenciária Central do Estado (PCE), uma família aguardava a saída do sobrinho, liberado hoje. Emocionado ele preferiu não dar informações sobre o clima no interior do local, informando apenas que não sabia de nenhuma morte lá dentro.



Usando galhos, lixo e pneus em chamas, as manifestantes aproveitaram a ocasião para denunciar o sistema de revista, no qual afirmam ser humilhadas, uma vez que, antes de cada entrada, são obrigadas a ficar nuas e tem a genitália revistada. Esposa de um dos detentos, D.P.S, diz que em um dos casos, a filha de uma colega, de 5 anos de idade,  também foi submetida ao processo.

L.M é mãe de um dos internos e diz que só está no protesto porque sabe que o filho é inocente. “Ele já foi inocentado pela vítima, que não o identificou como autor do crime, mas ainda não foi solto. Estou aqui pra lutar por ele, pra mostrar que ele tem apoio. Se não for eu, quem vai vir?”

Esse é o segundo dia de protestos com a interdição de vias federais promovidos por familiares de presidiários. No local, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), informava a existência de duas rotas alternativas, uma pela Avenida das Torres, e outra pela rua lateral a rodovia BR 364, que dá acesso a Rodovia dos Imigrantes.

A fila de caminhões e carros, que se estendia por quilômetros, só foi desafogada no momento em que as manifestantes decidiram abrir a via para a passagem, às 15h, retomando o bloqueio uma hora depois.



A decisão foi motivada pela informação de que um acidente na Serra de São Vicente também estaria atrapalhando. No local, motoristas se indignaram com a ação, e gritavam para que elas protestassem na sede do Governo Estadual, onde o governador, responsável pela situação, deveria ouvi-las. “Eu pago meus impostos, estou indo pagar conta. Agora virou moda no Brasil fazer bloqueio de BR, aí é que o país não anda mesmo”, disse um condutor em atrito com manifestantes.

Em conjunto elas decidiram encerrar o ato às 18h, quando a PRF se retiraria do local. A decisão foi tomada, segundo D.P.S, porque os caminhoneiros podem agredi-las ou intimidá-las na ausência das autoridades. A confirmação sobre a atuação na manhã de sábado ainda será confirmada em um grupo que criaram no Whatsapp. O mesmo espaço usado para marcar a manifestação desta sexta-feira. 
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