Logo na segunda pergunta do debate entre os candidatos a prefeito de Cuiabá realizado pela rádio CBN, nesta terça-feira (13), ficou claro como seria difícil a “convivência” entre Julier Sebastião (PDT) e Emanuel Pinheiro (PMDB) durante todo o programa. O pedetista perguntou sobre matéria veiculada na Revista Veja na segunda-feira (12) a respeito do caso das “esmeraldas falsas”, que remonta ao ano de 1991, mas até hoje está judicialmente pendente. A resposta não deixou por menos e ligou Julier a venda de sentença.
Leia mais:
Poderia ter sido deputado federal se fizesse aliança com quem compra voto, diz Procurador
“Me admira muita sua pergunta, um magistrado que já foi envolvido em venda de sentença. Já teve invasão da sua residência e gabinete. (...) Isso mostra o desespero do nosso adversário. Isso é um problema do século passado. Carro de empreiteira encontrada em sua residência. Foi acusado pela Polícia Federal de vender sentença”, respondeu Emanuel Pinheiro. A fala fazr eferência a uma acusação de venda de sentença relacionadas a Operação Ararath.
Em 2013, a residência e o escritório de Julier Sebastião foram alvos de busca e apreensão da Polícia Federal na segunda fase da operação. O Ministério Público Federal (MPF) chegou a oferecer denúncia contra o ex-juiz por supostamente ter favorecido a empreiteira Encomind em uma decisão judicial ligada às obras do VLT. Ele chegou a ter parte dos bens bloqueados na Justiça, mas as investigações envolvendo seu nome acabaram sendo anuladas sem o julgamento do mérito.
O candidato do PDT, que é ex-juiz federal, justificou-se como alvo de uma “presepada”, na qual teriam tentado o envolver. Além disso, recorreu ao seu mais notório caso na carreira como magistrada para garantir a própria idoneidade. “Quem prendeu Arcanjo e acabou com o crime organizado em Mato Grosso não vende sentença”, asseverou.
Já o caso de Emanuel Pinheiro é sobre uma dívida dele com Salim Kamil Abou Rahal, o qual acusa o candidato de tê-lo pago com esmeraldas falsas e entrou com ação de execução para receber a dívida do parlamentar. A Justiça chegou a bloquear parte do salário de Pinheiro como deputado, para quitar a dívida, enquanto o parlamentar, por sua vez, processa o credor por danos morais por e afirma nunca ter mexido com pedras preciosas.
A questão das esmeraldas ainda foi lembrada por Julier mais tarde, mas isso depois de ser provocado por Emanuel Pinheiro e rebater com outro tema espinhoso para o candidato do PMDB. “Vou dar oportunidade para que ele (Julier) não fique nervoso e fale de propostas”, disse Emanuel. “Se eu tivesse me aposentado como o senhor, aos 30 e poucos anos eu estaria tranquilo também”, rebateu o pedetista, em referência ao Fundo de Aposentadoria Parlamentar (FAP) que Emanuel Pinheiro recebe.
“Eu tenho uma previdência parlamentar, que eu contribui, eu paguei para ter, diferente do senhor, que ninguém sabe do que vive desde que deixou de ser juiz”, retrucou o peemedebista, para receber outra resposta com sarcasmo de Julier: “Eu tenho meu escritório de advocacia, 205, edifício Santa Rosa Tower, a disposição caso você precise de defesa nas acusações das esmeraldas falsas”.
Pequenas provocações entre perguntas e respostas não faltaram, mas, em alguns momentos, os candidatos também discutiram propostas para saúde. Ambos afirmaram que vão ampliar o programa da Saúde Familiar, reabrir policlínicas e concluir o novo Pronto-Socorro de Cuiabá. Julier focou na criação do terceiro turno da saúde, para quem trabalha durante o dia poder ser atendido no período noturno pela saúde pública, enquanto Pinheiro prometeu a conclusão de duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) em Cuiabá.
