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“Lugar de mulher é onde ela quer estar e isso só diz respeito a nós mesmas”, diz deputada

Da Redação - Érika Oliveira

“Lugar de mulher é onde ela quer estar e isso só diz respeito a nós mesmas”. A fala é da deputada estadual Janaina Riva (PMDB), única mulher que compõe atualmente o Parlamento mato-grossense. Janaina faz parte do grupo de 13 mulheres que passaram pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso ao longo de toda a história da Casa de Leis, iníciada em 1835.

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“Mato Grosso está entre os três piores Estados do Brasil no que diz respeito à participação da mulher na política. Eu sou a única mulher entre 24 parlamentares e isso comprova o quanto nosso Estado é machista. É por isso que eu não fujo de nenhum embate, procuro sempre me colocar, mesmo podendo sair deles sem ter que fazer enfrentamento. Eu quero mostrar que esse preconceito que existe com relação à mulher ser bonita, usar batom e vestido é muito chulo”, disse a deputada.

Formada em Direito, a deputada, hoje com 28 anos, se desdobra para cuidar dos dois filhos - Sophia e José - e do trabalho que desempenha a frente do Legislativo Estadual.

Herdeira política do ex-deputado José Geraldo Riva (PSD), Janaina demonstrou interesse pela vida pública ainda na adolescência, quando entrou para a militância jovem de um grupo denominado Juventude 45 Graus do PSDB, que na época era idealizado pelo ex-governador de Mato Grosso, o já falecido Dante de Oliveira.

Eleita com 48.171 votos, a deputada se destaca por encabeçar diversos projetos de lei que buscam diminuir a desigualdade entre homens e mulheres na política. Para ela, a atual legislação que destina 30% de cota obrigatória para a entrada de mulheres na disputa eleitoral, só tem servido para aumentar ainda mais o preconceito em torno da participação feminina na administração pública.

“A gente garantiu o registro da candidatura, mas não garantiu participação no parlamento. Para mim, essa é uma lei de mentirinha para fingir que existia uma preocupação com a participação feminina, enquanto na verdade nunca houve. Isso, ao contrário, nos diminui”, declarou.

No Executivo

Em Mato Grosso, atualmente, somente 15 mulheres estão à frente da administração das prefeituras. Número considerado ainda muito pequeno para a prefeita de Chapada dos Guimarães, Thelma de Oliveira (PSDB).

“A nossa representatividade política é muito pequena e nós temos muita dificuldade em avançar porque a gente tem, ainda, partidos machistas que não cumprem com o que é determinado pela legislação eleitoral. Nós sofremos para conseguir financiamento de campanha, espaço na propaganda partidária, tudo isso são situações que levam a uma desigualdade muito grande e nos fazem eleger sempre menos mulheres”, considerou.

Conforme Thelma, que é militante desde os 17 anos, para alterar este quadro as mudanças precisam ser, primeiramente, culturais. Segundo a prefeita, as futuras gerações precisam ser ensinadas desde cedo a não dar tratamento diferente para homens e mulheres independente do espaço que ocupam.

“Eu estou com 59 anos. Entrei para a política na época da faculdade, em 1975, antes mesmo de conhecer o Dante. Eu militava nos centros acadêmicos, na União Nacional dos Estudantes, enfim. Já enfrentei bastante resistência e isso acontece até hoje, porque os partidos são dirigidos por homens”, afirmou.

“Na minha visão, há uma necessidade de mudança cultural. Isso começa desde a educação, nós precisamos ensinar as crianças de um jeito diferente. E claro, os partidos realmente precisam ser mais abertos e cumpridores daquilo que determina a justiça eleitoral”, acrescentou.

Thelma é viúva do ex-governador de Mato Grosso Dante de Oliveira. Junto do marido fez história na política mato-grossense e continua, até hoje, desenvolvendo diversos trabalhos voltados para a valorização da mulher na sociedade.

A candidata a prefeita mais votada em Mato Grosso nas eleições do ano passado, entre homens e mulheres, foi Lucimar Campos (DEM), de Várzea Grande, com 95.634 de votos válidos. Apesar do desempenho significativo, a presença de mulheres na política mato-grossense representa apenas 9,9% do total de 141 prefeitos do Estado.

Para Lucimar, o resultado das eleições aponta para a possibilidade de se alcançar espaços importantes e de forma igualitária, principalmente em questões ligadas ao trabalho em prol da população.

“Não dissocio a presença de homens ou mulheres na política. Se queremos, e eu defendo igualdade de condições, temos que ter espaços iguais. A mulher tem resultados significativos pelos cargos onde passa e isto deveria servir de exemplo para todos, inclusive para nós mesmas, até porque existem resultados a serem comparados”, disse a prefeita de Várzea Grande.

Lucimar é a segunda mulher que conseguiu se eleger prefeita em Várzea Grande. Antes dela, Sarita Baracat ocupou o cargo. 
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