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Líder do governo diz que CPI dos Grampos não pode virar palanque: “tem deputado que esquece do seu passado”

Da Redação - Wesley Santiago/ Da Reportagem Local - Ronaldo Pacheco

O líder do governo na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Dilmar Dal'Bosco (DEM), refutou a ideia da criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, para apurar um suposto esquema de escutas ilegais feito em Mato Grosso: “Todas as autoridades já estão investigando”. Ele ainda disparou contra alguns colegas da casa: “Tem deputado que esquece o seu passado, do partido ao qual pertence, que fez um grande escândalo brasileiro de roubo de dinheiro público”.

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Dilmar afirma que o governo não tem “nenhuma preocupação com a CPI dos Grampos, nenhuma. Queremos que investiguem. É algo que estão envolvidos uma deputada, médicos, advogados. Se tivesse um cidadão mato-grossense só, teria que ser feito da mesma forma. Todos tem direito a privacidade”.
 
“Porém, não podemos polemizar e politicar. Não dá para fazer politicagem em cima desta situação. Precisa ter um tratamento com seriedade, analisar, pois não somos nós que vamos julgar alguma coisa. O que podemos fazer é procedimento, relatório e enviar para as autoridades, que já estão investigando. Não teria necessidade”, acrescentou o deputado.
 
“Polemizar esta situação, fazer palanque político não pode. Tem deputado da situação que esquece do seu passado, do partido ao qual pertence, que fez um grande escândalo brasileiro de roubo de dinheiro público. Precisamos ter mais cuidado, calma. É necessário analisar bem para não ter erro”, asseverou.
 
Por fim, Dilmar ainda garantiu que a sessão não foi encurtada para evitar polêmicas: “Liguei até para que todos deputados viessem. A ordem do dia estava normal. Não temos interesse nenhum nisto”.
 
O caso
 
Reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, revelou na noite do último domingo (14) que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime nenhum no Estado. A matéria destaca como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”, dentre medicos, empresários, funcionários públicos etc.
 
O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico. Em entrevista ao dominical, o ex-secretário Paulo Taques afirmou que seu desligamento da Casa Civil, confimado na última quinta-feira, não tem relação com o fato. O promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança da gestão Taques, revelou que informou ao governador sobre os grampos. O chefe do Executivo, no entanto, garantiu que não sabia de nada e informou que o protocolo apresentado por Zaque não corresponde ao assunto.
 
Barriga de aluguel
 
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados. Neste caso específico, as vítimas foram inseridas emu ma apuração sobre tráfico de drogas.

Governo:

 O governador Pedro Taques (PSDB) convocou coletiva de imprensa na última sexta-feira (12) após ter sido procurado pela equide do Fantástico e afirmou que nunca teve conhecimento e nunca ordenou grampos contra políticos, advogados e jornalistas. De acordo com ele, a denúncia feita pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança, a Procuradoria Geral da República (PGR) foi baseada em um documento fraudado. No entanto, ele deixou em aberto a possibilidade de os crimes terem ocorrido e apoia investigação.
 
Na versão do governador, Mauro Zaque disse ao Ministério Público que soube pelo coronel Zaqueu, ex-comandante geral da Polícia Militar, que o governador tinha conhecimento do suposto esquema de grampos. Mauro Zaque também fundamentaria a ciência de Taques porque ele mesmo teria informado o governador através de um ofício. Contudo, esse documento seria fraudado.

Ainda segundo o governador, em 8 de outubro de 2015, Mauro Zaque o comunicou sobre um suposto esquemas de grampos, e, como o fato não competia a ser investigado pelo chefe do Executivo, ele o repassou ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), através do então secretário-executivo de Segurança Pública, Fabio Galindo. O Gaeco então arquivou por falta de provas a denúncia após algumas investigações.

Ele ainda conta que um segundo protocolo teria sido feito por Mauro Zaque no dia 14, em qual vários documentos adicionais com provas. Com base nisso, o promotor teria encaminhado a denúncia PGR alegando que o governador tomou ciência de fatos graves, mas não tomou nenhuma providência.

Contudo, Pedro Taques afirma que nunca teve acesso a esse ofício e que o documento é uma fraude. “Fomos levantar nos arquivos do Palácio. Esse protocolo tem um número único quando ele é protocolado. Esse protocolo entrou na Casa Civil e não teve nenhuma circulação, nem física, nem magnética. Se vocês entrarem no site, vocês fazem o acompanhamento através do número do protocolo. Aí batemos no site, como qualquer um pode ter acesso. O número do protocolo que o Mauro Zaque diz que protocolou é 542635 de 2015, dia 14/10/2015, às 10h e 26 minutos. Mas esse número é de um processo da Sinfra que nada tem a ver”, detalhou Pedro Taques.
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