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Mãe conta como investigou por conta própria e descobriu o paradeiro do suspeito de matar seu filho

Da Redação - Lázaro Thor Borges

Sempre que o filho saía de casa, Patrícia Gusmão da Silva, 40, cantarolava “Como é grande o meu amor por você”, música do cantor e compositor Roberto Carlos. A canção vem à memória da comerciante quando se lembra do filho, Maik Joilson Gusmão Nascimento, morto aos 19 anos durante uma festa no bairro Aricá, em Cuiabá.

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O filho, muito querido pela comunidade onde vivia, morreu a dois dias do seu aniversário, em 1º de maio do ano passado. O assassino fugiu logo em seguida. Elton Victor Silvestre Da Silva, suspeito do homicídio, escapou da polícia e passou a viver escondido por mais de um ano. Com ajuda da investigação feita pela mãe, a polícia conseguiu prender o suspeito. No dia 25 de setembro deste ano Elton será submetido a júri popular.

Desde que o filho morreu, Patrícia se tornou a principal investigadora do caso. Ela percebeu as dificuldades estruturais da polícia e descobriu que se não fizesse algo jamais conseguiria Justiça. “Na época eu não comia, não dormia e nem bebia, eu não fazia nada, eu vivia só para que ele fosse preso”, contou ela.

Foi pelo Facebook da sua irmã que descobriu a página pessoal da namorada de Elton, com quem ele mantinha contato. Elton recebia mensagens em sua linha do tempo. “Ela dizia que estava com saudade, mandava coraçõezinhos e aí eu fui percebendo que ele não estava mais em Cuiabá”, relata.

A informação foi passada aos investigadores da Polícia Civil, mas ainda não havia indícios suficientes para saber onde exatamente o suspeito estava. Dias depois Patrícia descobriu que a namorada de Elton trocava comentários com uma prima, que morava em Araputanga. Em uma das conversas, ela pedia informações sobre o namorado.

“Foi por aí que eu descobri que ele estava lá, mas eu ainda não tinha certeza do endereço da prima dele. Araputanga não é uma cidade grande, mas tem muita coisa, sítio, casa... Seria mais fácil se a gente descobrisse o endereço certo”, explicou ela.
Foi só quando a prima de Elton publicou uma foto de um teste de gravidez que Patrícia teve chances de encontrar o assassino. A mãe enviou a imagem à polícia e os agentes foram até o endereço do laboratório responsável pelo teste, onde conseguiram saber a casa onde o suspeito se escondia e prendê-lo no dia 21 de julho deste ano.

“Eu não quis ir com eles, na época eu sentia muita, mas muita raiva mesmo e eu não queria perder o controle, não queria me tornar um assassino como ele foi para o meu filho”. A comoção em torno do assassinato de Maike também envolveu os moradores do bairro. Patrícia conta que o filho participava da igreja evangélica, tinha um time de futebol e era querido por todos.

Júri marcado

No período que antecede o julgamento, Patrícia se diz ansiosa e com medo. Ela teme que a justiça não seja feita, que Elton seja absolvido e que todo o seu trabalho de investigação venha por água a baixo. Amigos, familiares e pessoas próximas da vítima também devem acompanhar o julgamento. A comoção em torno da morte do filho é tanta que Patrícia diz ter deixado de postar fotos do jovem, para evitar “incentivar raiva” naqueles que também perderam Maike.

“Antes eu publicava muitas fotos dele, as pessoas vinham em baixo e comentavam que era uma perda enorme, pediam pena de morte para o assassino, queriam justiça, mas eu parei porque não queria incentivar os amigos deles essa raiva, sei que não faz bem”, conta, “se vocês soubessem o tanto de gente que quer ir nesse julgamento, já estou fazendo faixa para levar, eu quero mostrar para outras mães que a gente precisa lutar por justiça, que muitas vezes não adianta só esperar a polícia fazer o trabalho”. 

Atualizada às 14h34
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