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Notícias / Picante

Internauta processado

Da Redação

Já pensou se a moda pega? Um internauta de Mato Grosso está sendo alvo de investigação na Polícia Federal pelos crimes de calúnia e difamação contra o juiz Sérgio Moro. O comentário acusa o magistrado de ter recebido “mala de dinheiro” para determinar prisão de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. A mensagem foi postada no portal de notícias G1, que não concede à equipe de repórteres a possibilidade de vetar comentários que ofendam a honra ou que promova acusações sem provas, ao contrário de Olhar Direto. Leitores agora podem perceber a importância do famigerado veto de comentários. Ele não resguarda apenas o site, mas o próprio comentarista. Em nosso país, poucos estão cientes dos limites da liberdade de expressão e suas consequências judiciais, de modo que não raras vezes, nossos comentaristas dizem tudo o que pensam e, vetados, queixam-se de censura. Os questionamentos que merecem foco, entretanto, são outros: teriam as autoridades exagerado? É, de fato, necessário mobilizar promotores, juízes, técnicos em informática e policiais federais de Curitiba e Cuiabá para investigar, quebrar sigilo virtual e mobilizar viaturas atrás de um único cidadão, residente no interior de Mato Grosso (ainda que ninguém negue que a mensagem que acusa Moro sem provas tenha sido patética, impensada e irresponsável). Em outras duas situações, há alguns meses, internautas foram presos por conta de comentários ofensivos contra policiais militares. Tiveram que se explicar perante à eles. Não é tirada a razão de qualquer cidadão mover ação por difamação ou calúnia quando sentir-se, comprovadamente, ofendido em honra. O que se problematiza é a banalização da prática pelas instituições, sobretudo as poderosas. Os resultados individuais, para os ofendidos, podem ser positivos, caso a honra seja reestabelecida com uma vitória judicial. Mas, e os resultados sociais? Autoridades observando cada passo nosso nas redes? Medo de expor opinião na internet? Quebras de sigilo à torto e à direito? Banalização dos ligitios em um contexto em que (sabemos bem) vence sempre quem se dispõe de recursos financeiros para contratar uma boa banca de defesa. (Para evitar problema, silêncio). Censura prévia? Qual será o limite?
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