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Envergadura moral de Silval Barbosa quase faz delação contra Maggi e Wellington ser rejeitada; temor de chacota

Da Redação - Ronaldo Pacheco e Arthur Santos Silva

A homologação da delação premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) demorou para ser homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por conta do que era visto como fragilidade das provas. A reportagem do Olhar Direto apurou que o ministro Luiz Fux, relator do processo no STF, advertiu o procurador geral de Justiça, Rodrigo Janot, que deixa o cargo em poucas semanas, sobre a necessidade de buscar provas contundentes e irrefutáveis sobre o possível envolvimento dos senadores mato-grossenses Wellington Fagundes (PR) e Blairo Maggi (PP), ministro da Agricultura e Pecuária, e o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB), em casos de peculato.
 
O histórico de Silval fez o STF titubear, antes da homologação. Ele saiu de Borrazópolis (PR) para Matupá, no nortão de Mato Grosso, como garçon e, depois, garimpeiro. Se elegeu prefeito de Matupá e, depois, deputado estadual, primeiro secretrário e presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

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Em julho de 2006, às vésperas das convenções partidárias, numa manobra ousada do PP, então sob o comando dos deputados federal Pedro Henry e estadual José Geraldo Riva, ele foi indicado vice na chapa encabeçada pelo governador Blairo Maggi, que buscava a reeleição.

Até poucas horas antes de convenção do PPS, legenda de Maggi à época, o candidato a vice era o ex-secretário de Infraestrutura, Luiz Antônio Pagot, homem de confiança do governador e sua família. Pagot foi derrubado pela tropa de Silval.
 
Em março de 2010, Maggi deixou o cargo para disputar o Senad, quando Silval assumiu o governo e foi candidato à reeleição. Em outubro, acabou reeleito, no primeiro turno. Cumpriu o mandato até dezembro de 2014.
 
Após passar mais de um ano e meio atrás das grades, no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), Barbosa já tinha sido delatado, no âmbito do Poder Judiciário de Mato Grosso. Inclusive por pessoas às quais ele próprio reputava como sendo de sua de estrita confiança, como os ex–secretários Silvio César Correa (Governo), Pedro  Nadaf (Casa Civil) e Arnaldo Alves Souza  (Planejamento).
 
Desta forma, diante das exigências da Lei 12.850, de 2 de agosto de 2013, após ser delatado por antigos assessores de confiança, ele sabia que somente se denunciasse alguém que estivesse acima de seu patamar teria esperança de melhorar sua condição processual. E, ainda, delação que supostamente pudesse trazer novos fatos à investigação é que lhe garantiria seus direitos aos benefícios da lei, como redução de pena ou – em alguns casos – até mesmo o perdão total.
 
A Lei da Delação Premiada, de autoria da ex-senadora mato-grossense Serys Slhessarenko (PT), sancionada pela então presidente Dilma Rousseff (PT), praticamente não garante qualquer benefício a quem denuncia subordinados.  Em sendo assim, não iria adiantar Silval fazer revelações contra alguns dos ex-assessores.
 
Para não voltar ao cárcere, teria de apresentar ao Poder Judiciário, numa avaliação ampliada, possíveis provas que trouxessem fatos novos à investigação. Afinal de contas, todos os subordinados o denunciaram. Foi então que colocou Maggi, Fagundes e Bezerra na mesma denúncia.  
 
Na delação, para o cumprimento da lei, além de provas, o Ministério Público e o Judiciário exige que o denunciante identifique um por um dos membros da organização criminosa e qual ilícito foi praticado. Silval não traria fatos novos merecessem prêmio sem citar quem hierarquicamente, em tese, está acima do seu patamar, como Blairo e Wellington.
 
Os possíveis indícios apresentados por Silval ainda são desconhecidos. Contudo, num comparativo a grosso modo  sobre o histórico de vida de cada um, sem fazer juízo de valor, se torna essencial no mínimo desconfiar da veracidade e das intenções de Barbosa ao envolver nomes exponenciais da atual vida pública de Mato Grosso, principalmente o ministro Blairo Maggi.
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