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Laudo contesta versão de delegado e diz que médica não estava embriagada

Da Redação

A médica Letícia Bortolini não estava embriagada na noite de 14 de abril deste ano, quando se envolveu em um acidente que terminou com a morte do verdureiro Francisco Lúcio Maia. A afirmação consta no laudo pericial, decorrente do exame clinico ao qual ela foi submetida, no Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá.

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No total, o perito, médico legista Marcos de Moraes Gomes, que realizou o exame, respondeu a cinco questões que compõem o teste. O exame foi aplicado quatro horas depois do acidente, momento em que Leticia foi conduzida pela polícia ao IML.

Conforme descrito pelo médico no laudo, Letícia estava com marcha normal, vestes normais e a face ruborosa, o que, explicou o perito, ocorreu em decorrência do choro causado pelo choque do acidente. Ele destacou ainda que a locução dela na noite do acidente era normal, que o hálito era normal e a única variação se deu no humor da médica, “depressiva pelo fato”.



Ao assinalar a conclusão do exame, o perito destacou que “o periciando [Letícia] não apresentou, no momento do exame, evidências de embriaguez alcoólica”. Por conta disso, ao responder aos quesitos que compõem o exame, o profissional foi taxativo ao afirmar que a médica não estava clinicamente embriagada e nem tampouco colocava em risco sua segurança ou a de terceiros.

Mesmo com a evidência de que não estava embriagada, Letícia foi denunciada pelo Ministério Público Estadual (MP) por quatro crimes, homicídio por dolo eventual, omissão de socorro, se afastar de local de acidente e dirigir veículo embriagada. O dolo eventual, usado pelo delegado, foi justificado pela ingestão de bebida alcoólica, fato negado pela perícia.

A denúncia, que exclui de qualquer responsabilização o marido de Letícia, o médico Aritony de Alencar Menezes, ainda será analisada pela Justiça.

A Politec se manifestou na tarde de hoje quanto ao laudo. Veja a íntegra da nota:

" Perícia Oficial e Identificação Técnica, através da Diretoria Metropolitana de Medicina Legal, vem a público esclarecer acerca do exame de constatação de embriaguez da médica Letícia Bortolini, acusada de ter atropelado e matado o verdureiro Francisco Lucio Maia, na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, ocorrida, no dia 14 de abril de 2018. 

Matéria veiculada no site Olhar Direto nesta sexta-feira (14.09) divulgou o laudo com os apontamentos aos quesitos do exame descritos pelo perito oficial médico legista que procedeu às análises, a qual constatou a ausência de sinais de embriaguez na acusada.  

A Politec confirma os resultados em tela, e esclarece que a médica foi encaminhada para a DMML com lapso temporal de cinco horas aproximadamente, entre o horário do atropelamento e a chegada às dependências da DMML, período suficiente para alteração das condições clínicas do indivíduo, caso no momento do fato a pericianda apresentasse sinais de embriaguez.  

Assim como todos os testes, a perícia de Embriaguez está sujeita a interferências que não podem ser contornadas, e a principal delas é o tempo decorrido entre a ingestão de bebida alcoólica e a realização do exame. Com o transcorrer do tempo, os sinais de embriaguez desaparecem, e mesmo que a pessoa tenha estado embriagada há algumas horas, esse estado de embriaguez estará ausente no momento do exame, e o Médico Legista acabará por concluir que não há Embriaguez, mesmo que o indivíduo tenha ingerido álcool nas horas anteriores ao exame.

Trata-se de um exame clínico realizado por um Perito Oficial Médico Legista, servidor público de carreira, lotado no DMML/POLITEC. Esse exame procura a presença de sinais que possam constatar a ocorrência de embriaguez. É um exame minucioso da capacidade psicomotora do indivíduo que avalia entre outras coisas, o equilíbrio, a motricidade, os reflexos, a coordenação motora, a memória, o humor e a aparência externa. 

É um exame pericial objetivo, realizado por profissional altamente treinado na sua execução, que ao fim, conclui pela presença ou não de embriaguez na pessoa avaliada naquele momento. Esta conclusão, em conjunto com a descrição de todo o exame e suas circunstâncias, dão origem ao Laudo Pericial, que é enviado para a autoridade requisitante (Delegado de Polícia)"
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