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Selma compara próprio caso ao de Bolsonaro: “dinheiro sujo a gente não mexe com cheque nominal”

Da Redação - Érika Oliveira

Investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) por supostamente ter utilizado cheques pessoais para efetuar pagamentos irregulares de campanha, a senadora eleita por Mato Grosso, Selma Arruda (PSL), comparou ação movida contra ela ao caso do ex-assessor de Flavio Bolsonaro (PSL), Fabrício José Carlos de Queiroz, que segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) fez movimentações bancárias consideradas suspeitas. Para Selma, que é juíza aposentada, não se comete ilicitudes com cheques nominais.

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“Como bem o Bolsonaro disse, e eu afirmo a mesma coisa nessa ação que estão movendo contra mim, dinheiro sujo a gente não mexe com cheque nominal. Eu acho que não tem fundo nenhum de verdade nisso. Mas é claro que a gente não consegue explicar o que não foi a gente que fez. Então, essas explicações têm que estar restritas ao Flávio Bolsonaro e a equipe dele”, considerou a senadora eleita.

Conforme divulgado em primeira mão pelo Olhar Direto, no final de setembro, Selma foi acusada por suposta prática de ‘caixa 2’. A denúncia foi feita com base na ação monitória proposta por Júnior Brasa, seu ex-marqueteiro, que revela pagamentos desde abril deste ano, no valor de R$ 700 mil, utilizando cheques de sua conta pessoal, conduta que é vedada pela Justiça Eleitoral. O processo corre em segredo de Justiça e não tem data para ser concluso.

Desde que o processo foi aberto, a senadora eleita afirma, em sua defesa, que os valores pagos a Júnior Brasa seriam para serviços pessoais e não para a campanha. A juíza aposentada argumenta, ainda, que se tivesse a intenção de promover ‘caixa 2’ jamais o faria com cheques nominais.

“O contrato que foi assinado é o de 15/08. Não há ‘caixa 2’ antes da campanha. ‘Caixa 2’ se faz durante a campanha. Não se faz caixa 2 com cheque nominal assinado pela pessoa. Se eu fosse fazer coisa errada teria feito lá atrás, não ia fazer isso na campanha, muito menos agora”, rebateu, na ocasião.

O caso do também senador eleito, Flávio Bolsonaro, que é filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, veio à tona na semana passada, quando o Coaf divulgou dados da operação Furna da Onça, um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro que prendeu dez deputados estaduais.

Segundo o órgão, Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista de Bolsonaro, movimentou em sua conta bancária cerca de R$ 1,2 milhão entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017, o que foi considerado suspeito pelo Conselho.
 
Outra parte do relatório do Coaf revela saques em espécie no total de R$ 324.774, e R$ 41.930 em cheques compensados. Na época, um dos favorecidos foi a ex-secretária parlamentar e atual esposa de Jair Bolsonaro, Michele de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil.

Em conversa com a imprensa, o presidente eleito disse lamentar o “constrangimento” pelo qual sua esposa está passando e justificou que os depósitos na conta da futura primeira-dama se referem ao pagamento de uma dívida de R$ 40 mil de Queiroz com o próprio Bolsonaro.

"Não botei na minha conta por questão de... Eu tenho dificuldade para ir em banco, andar na rua. Deixei para minha esposa. Lamento o constrangimento que ela está passando no tocante a isso, mas ninguém recebe ou dá dinheiro sujo com cheque nominal, meu Deus do céu", afirmou Bolsonaro.

Para Selma Arruda, apesar da repercussão, o caso não deve gerar desgastes para o futuro Governo. A senadora eleita considerou, ainda, que as movimentações bancárias consideradas suspeitas pelo Coaf são operações normais entre colegas de trabalho.

“Eu não vejo desgaste. Aliás, pelos próprios valores ali dos pagamentos, eu vou lhe dizer uma coisa que vivi quando eu era juíza: é comum em um gabinete, por exemplo, uma das pessoas precisar de um empréstimo porque o nome está sujo e aí não pode fazer no seu nome, outra pessoa faz para ele, enfim, isso acontece. É uma coisa de colegas e que pode acontecer em qualquer ambiente de trabalho. Pelos valores ali que a gente viu de repasses, eu acho que não é nada ilícito”, pontuou.
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