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Notícias / Cidades

Proprietário de clínica de reabilitação nega acusação de cárcere privado e questiona Estado sobre fechamentos

Da Redação - Isabela Mercuri

O assistente social Anderson Michel Mendonça, 32, proprietário da comunidade terapêutica ‘Valor da Vida’ negou que tenha acontecido cárcere privado de um homem de 33 anos no local. O suposto crime foi denunciado pela esposa dele, na última quinta-feira (10) (veja AQUI). Segundo o proprietário, foi a mãe do paciente que pediu a internação.

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A esposa da suposta vítima afirmou que cinco homens entraram na casa dela e levaram seu marido a força em um Fiesta branco. Ela relata ainda que seu marido é ex-usuário de álcool e seria a mãe da vítima quem teria ordenado o serviço, sendo que esta já é a segunda vez que isto acontece.
 
Segundo Anderson, no entanto, não houve cárcere privado. “Não tem como ter cárcere privado, porque assim que a Polícia Civil chegou dentro da comunidade o rapaz falou que queria ficar, ele disse aos policiais, tem mais de vinte testemunhas”.

O assistente social relatou ao Olhar Direto, ainda, que a prisão do gerente não foi feita em flagrante, mas que houve somente a detenção do mesmo na delegacia, três horas depois, e que ele teria ido até a delegacia apenas para acompanhar o paciente.

“Quem pediu a internação [do rapaz] foi a mãe. Como a gente já conhecia o rapaz, a empresa terceirizada foi lá e pegou o menino e ele veio numa boa”, disse Anderson. “Em nenhum momento a gente impediu ele de ir embora. Aqui Não tem muro, não tem tranca, é um lugar todo aberto, com campo de futebol, tem médico e psiquiatra”.

Questionamento

O assistente social questionou, ainda, a ação do estado, que fechou quatro clínicas de reabilitação de Várzea Grande em 2018, e anunciou que fará uma fiscalização nas de Cuiabá. “As clínicas foram fechadas, não sei os motivos, e nos jornais apareceu que os pacientes foram encaminhados para outras cidades, para a CAPES, albergues... Eu, como assistente social curioso, tem 12 anos que trabalho na área, me vesti como se fosse um usuário, e fui dar uma volta no Zero, no Fiotão e no 31 de março. Lá encontrei mais de 50 pessoas que estavam nessas clínicas e hoje estão morando na rua”, afirmou.

Segundo Anderson, no entanto, o que essas comunidades fazem é ‘tampar o buraco’ do Estado. “Se as comunidades terapêuticas existem, é porque o SUS não está fazendo a parte dele. O SUS deveria dar gratuitamente tratamento a esses dependentes químicos. Ele fala que tem o CAPES, mas não é pra tratar depende químico (...) Não existe no estado de Mato Grosso nenhum leito pra nenhum depende químico. O que as comunidades terapêuticas estão fazendo é o trabalho do SUS”, denuncia.

“Na 31 de março, do lado do aeroporto, tem um esgoto. Eu fui lá, e tinham três dependentes químicos morando ali. Dois estavam em uma clínica que foi fechada. Eles estavam morando dentro do esgoto. Ai eu pergunto, os direitos humanos foram lá? Eles estão sendo amparados pelo estado neste momento? Será que eles estavam piores na clínica do que dentro do esgoto?”, finaliza.
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