Imprimir

Notícias / Política MT

Barranco afirma que ‘disparada’ dos números de feminicídio se deve à posicionamento de Bolsonaro

Da Reportagem Local - Érika Oliveira / Da Redação - Isabela Mercuri

O deputado estadual Valdir Barranco (PT) afirmou, na tarde desta segunda-feira (11), que o aumento no número de feminicídios e de agressões às mulheres se deve, primordialmente, à eleição de Jair Bolsonaro (PSL).

Leia também:
Audiência pública discute papel da mulher na sociedade e sua relevância na AL

“Nós temos um presidente que é misógino, que é truculento com as mulheres, que é covarde, que agrediu enquanto deputado federal uma deputada, colega dele, e que ele e os filhos dele, durante todo o período de campanha e pré-campanha do ano passado, foram muito claros em dizer que a mulher não pode ocupar o mesmo espaço que o homem na sociedade. Então tudo isso fez com que após as eleições, assim como as pessoas acharam que com a eleição dele ia poder sair todo mundo armado por aí atirando em quem quisesse, também os homens passaram a achar que estavam protegidos e poderiam sair agredindo as suas parceiras”, disse.

Para Janaína Riva, o posicionamento do presidente é temerário, mas não o principal fator que levou ao aumento dos números. “Algumas declarações são extremamente preocupantes, eu não sei o quão isso afeta de forma direta, porque eu vejo também um desmonte das policias militares e civil acontecendo por todo o Brasil e isso eu acho que atrapalha muito mais inclusive do que qualquer declaração. Nós estamos por exemplo, com dificuldades de adquirir viaturas no Estado, então isso com certeza contribui muito. O trabalho em Barra do Garças por exemplo, é feito com uma patrulha Maria da Penha que é uma viatura que faz acompanhamento e nós não temos condição hoje no Estado de fazer isso como um todo, então eu não vejo como sendo esse o principal fator, mas é claro que em certos momentos isso contribui sim quando você trabalha com essa diminuição da figura da mulher como eu vi o caso, por exemplo, da senadora Selma falar tratando a mulher de forma igualitária, a gente sabe que não existe essa igualdade de forma verdadeira ainda. Então eu acho que isso sim contribui para o aumento", disse.



A fala faz referência a dados recentes que dão conta do aumento de 15% nos casos de feminicídio e de quase 60% nas chamadas no Canal 180 (Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência). Para discutir estes números, Barranco e Janaína Riva (MDB) requereram uma audiência pública sobre o tema, que começou às 14h30 desta segunda (11) na Assembleia Legislativa. O objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade e sua relevância em todas as esferas. 

Para Barranco, além da eleição de Bolsonaro, outro motivo para o aumento é que “a medida que [a mulher] vai avançando e conquistando seus espaços, boa parte dos machistas que não aceitam esse avanço”. Janaína complementa afirmando que Mato Grosso é um dos estados mais machistas do Brasil. "Acho que essa pauta tem que ser tratada aqui e tinha que ser tratada até de forma constante. Eu sempre venho falando que é preciso algumas medidas e essa audiência é exatamente para isso, as pessoas vem trazer alternativas no Estado, onde fizeram algum trabalho de combate a violência e funcionou. Caso de Barra do Garças que quase zerou o índice de violência doméstica. Essas são referencias que vêm hoje serem colocadas aqui para que o Estado inteiro e as pessoas que estão aqui possam acompanhar outros modelos que dão certo". 

Outra questão criticada pelo parlamentar foi o fato de as delegacias da mulher de Mato Grosso não estarem abertas aos finais de semana. “Não funcionam nos finais de semana e não funcionam nos feriados, que são exatamente as datas em que os companheiros se embriagam, voltam pra casa mais alterados e acabam agredindo suas companheiras, e elas não encontram esse amparo nas delegacias, porque elas estão fechadas exatamente nesses dias”.

Por fim, o deputado afirmou que o papel da Assembleia Legislativa, além de promover a discussão sobre o tema, é “cobrar do Estado pra que aquelas medidas que já foram tornadas legais aqui, através de aprovação da casa e também de sanção dos governos anteriores, possam ser cumpridas”.

Barranco também chamou atenção para o alto número der mulheres encarceradas sem terem passado por julgamento em primeira instância. O deputado afirmou que, após a audiência, ele e Janaina vão apresentar, na sessão de terça-feira (12), um requerimento para o Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, para que informe a quantidade de mulheres nesta situação, e solicitar que haja ‘mutirões’ para que elas sejam, enfim, julgadas.
Imprimir