O governo da Grã-Bretanha foi duramente criticado nesta quinta-feira, 10, pelo escândalo da carne de cavalo, que atingiu a Europa no começo do ano e envolveu algumas das maiores empresas de alimentos do continente. Em relatório, o Escritório Nacional de Auditoria (NAO, na sigla em inglês) afirmou que o escândalo expôs uma série de dificuldades na forma como a autenticidade dos alimentos é checada no Reino Unido. O NAO também recomendou uma mudança na supervisão para que o caso não se repita.

'O incidente da carne de cavalo em janeiro de 2013 revelou uma diferença entre o que os cidadãos esperam do controle da autenticidade de seus alimentos e a eficácia desses controles na realidade', disse o presidente do NAO, Amyas Morse. De acordo com o relatório, a administração britânica não identificou o risco, apesar do grande potencial de fraude - o preço da carne bovina subia nos últimos anos, enquanto o da de cavalo ia no sentido oposto. Segundo o escritório, o governo não realizava testes para detectar a presença de carne de cavalo em alimentos desde 2003.

O caso teve início na Irlanda em janeiro, quando traços de DNA equino foram encontrados em produtos bovinos vendidos em grandes redes de supermercado da Inglaterra. Nas semanas seguintes, lojas na Grã-Bretanha, França, Alemanha, Suécia e Suíça retiraram milhares de produtos das prateleiras, principalmente alimentos prontos.

Como envolveu algumas das maiores empresas de alimentação da Europa, o escândalo levantou temores sobre a complexa cadeia de suprimentos do continente e sobre a falta de controle no transporte e na classificação de comida. A investigação do Reino Unido testou 24.480 amostras, das quais 47 continham DNA equídeo. De acordo com o NAO, a fonte original da adulteração ainda não foi identificada. Desde janeiro, cinco acusados foram detidos no país por suposta ligação com o caso.