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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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2014 deve ser marcado pela retomada do consumo de aves

O brasileiro reduziu o consumo de ovos, frangos e outras aves em 2013, mas, em 2014, deve voltar ao nível de dois anos atrás, segundo as expectativas do setor produtivo. Problemas macroeconômicos como inflação elevada, crescimento da inadimplência e aumento do nível de poupança contribuíram para que, no ano passado, o consumo médio de cada um caísse de 45 quilos para 41,8 quilos anuais. Já para 2014, a expectativa é de que a Copa do Mundo e as eleições turbinem a demanda interna e o consumo volte aos 45 quilos per capita.


Por ser a proteína animal mais barata entre todas as carnes, o frango é mais popular entre as classes de menor renda, que sentiram mais fortemente o impacto da inflação e preferiram cortar o seu consumo, segundo Francisco Turra, presidente da União Brasileira da Avicultura (Ubabef), em encontro com jornalistas. Apenas a inflação de alimentos alcançou 9% no ano passado.

Essa é a explicação para o consumo de frangos ter caído, enquanto o de carne bovina e suína, que são mais caras e consumidas por classes de renda maior, ter se mantido estável, acrescenta.

Para este ano, o segmento acredita em retomada da demanda interna por causa do afluxo de turistas estrangeiros durante a Copa do Mundo, estimados em 500 mil pessoas até o momento, além das eleições.

Já os aspectos macroeconômicos não devem favorecer. Turra acredita que a inflação de 2014 "deve ser ligeiramente superior [à de 2013], mas não significativamente" e que o reajuste do salário mínimo "não devolveu todo o ganho que precisava para o consumidor, mas já ajudou".

Consumo interno e externo

Com isso, o mercado interno deve competir com o mercado externo e pode crescer em importância. Em 2013, a demanda nacional foi responsável por 68% da produção nacional de frango - participação menor do que em 2012, quando a fatia foi de 70%.

A concorrência será acirrada, já que também há perspectiva de aumento da demanda externa e de abertura de novos mercados. Mianmar e Paquistão devem ser os primeiros países neste ano a abrirem seus portos para receber frangos brasileiros. Mas, para pressionar os mercados que ainda se negam a comprar a carne brasileira, o setor se articulou com o governo brasileiro, que pretende entrar com um painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a Indonésia. "É para dar um exemplo para a região", salientou Turra.

A Índia já desobstruiu o mercado interno, mas ainda mantém tarifas de importação que dificultam a entrada da carne brasileira no país. O México, que era uma promessa para os exportadores brasileiros em 2013 e acabou não se concretizando por causa da concorrência com os Estados Unidos, deve aumentar as compras de frango neste ano, mas em um ritmo menor do que o esperado antes.

A expectativa da Ubabef é que o País aumente o volume exportado em 2% a 2,5%. "Se o governo ajudar, desobstruindo alguns canais para abrir mercados, nossa exportação pode chegar a [crescer] 5%", diz Turra.

Produção ajustada

Neste ano, os produtores de pintos reduziram ligeiramente o alojamento de matrizes (fêmeas) voltadas para o abate, o que deve se refletir em uma produção de frangos bem ajustada à demanda crescente esperada para este ano, segundo o diretor de mercados da Ubabef, Ricardo Santim.

A estimativa é de que a produção cresça entre 3% e 4%, o que significaria 12,7 milhões de toneladas, retomando o nível de produção de 2012.

A produção avícola vem caindo no País desde 2011, quando o estouro no preço das commodities, que servem de insumo para ração, inviabilizaram a atividade de muitos produtores. Para este ano espera-se que os avicultores não tenham sustos com os preços do farelo de soja e do milho.

Outra preocupação para manter a produção é a sanidade dos frangos. Segundo Santim, os frigoríficos já estão reforçando a biossegurança para evitar contaminação por influenza aviária.

Preço ao consumidor

Com uma produção ajustada, os preços ao consumidor podem subir no mercado interno e, principamente, no externo, já que os compradores de fora do País terão que competir com a forte demanda interna para comprar o frango brasileiro. "Será um ano de oferta ajustada. O que vai acontecer é que o mercado externo terá que disputar [com o mercado nacional]", afirmou Turra.

A possibilidade de vender mais caro deve levar a uma recuperação nos lucros dos produtores e dos frigoríficos, mas "em proporção lenta", disse.

Segundo Turra, as grandes empresas foram as que tiveram as menores margens no ano passado. "No ranking [de exportadores], as pequenas estão bem e com lucratividade até melhor do que as grandes", afirmou.

Porém, as grandes continuam dominando os embarques. De acordo com o ranking divulgado pela Ubabef, as gigantes BRF e JBS lideram com quase 70% de todo o volume exportado.
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