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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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Papelão ondulado deve ser reajustado em até 10% devido aumento de custos

O aumento no custo da energia elétrica, dos fretes, a valorização do dólar frente ao real e inflação em alta obrigou as fabricantes de papelão ondulado a reajustar os preços em pelo menos 10%.


De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO), Sérgio Ribas, desde o início do ano vários custos do setor registraram elevação, em especial a conta de luz e o preço do diesel - que se reflete nas despesas com Logística. Essa pressão nos custos de produção, diz ele, fez o setor iniciar um movimento de recomposição de preços.

"O cenário para esse ano é bastante delicado. O aumento do diesel fez o frete subir. Também teve o reajuste do preço da energia elétrica. O repasse médio deve ficar em cerca de 10%", afirmou Ribas.

Ele também conta que a valorização do dólar aumentou o custo de importação de alguns insumos. "O real mais fraco ajuda quem exporta, mas aumenta o preço de importação de alguns insumos. Além disso, nosso setor não é um grande exportador".

Para o presidente da Irani, Péricles Pereira Druck, o desafio das empresas do setor é conseguir repassar esse aumento de custos. Isso porque os clientes da empresa também estão enfrentando dificuldades com os mesmos aumentos de custos. "Um dos nossos maiores desafios para esse ano é conseguir repassar o aumento nos nossos custos para os clientes. Todos já estão trabalhando com margens pequenas e pressionadas pelos mesmos aumentos de custos que nos afetam", avaliou o executivo, em entrevista.

Segundo ele, a Irani produz cerca de 50% da energia elétrica que consome em suas unidades, mas o reajuste da energia "teve um peso importante nos outros 50%".

Para o diretor da Mazurky, Eduardo Mazurkyewistz, ainda existe um aumento de custo relativo ao ano passado que não foi repassado à cadeia. Ele afirmou que além das despesas adicionais com frete e energia elétrica a empresa já está contabilizando em seu caixa um reajuste de cerca de 10% nas chapas de papelão.

Ele explica que a empresa compra essas chapas, transforma em caixas de papelão e vende para o mercado. "Desde o início do mês o custo dessas chapas foi reajustado em cerca de 10%. O mercado entende que temos que repassar esses reajustes, mas a dificuldade de repasse é grande", afirmou.

Uma questão que preocupa os empresários é o fim das desonerações. O governo federal pretende aumentar a alíquota de contribuição previdenciária, reduzida em 2011. A proposta do governo prevê que as empresas que tinham alíquota de 2%, passariam a pagar 4,5% sobre o faturamento bruto, enquanto as que tinham alíquota de 1% de contribuição previdenciária sobre a receita bruta passariam para 2,5%.

"Isso vai gerar um aumento de custos com pessoal muito grande e as empresas não estavam preparadas para esse cenário. Quando a desoneração foi aprovada em 2011 acreditávamos que duraria mais tempo. Essa medida nos pegou de surpresa", afirmou Ribas.

Diante do cenário de incertezas, a Irani está adiando alguns investimentos. "Nós temos alguns projetos de expansão, mas estamos aguardando uma definição mais clara dos rumos da economia para tomar a decisão final", revelou o presidente da Irani.

Perspectivas

A indústria de papelão ondulado deve manter neste ano o mesmo nível de produção de 2014, estima o presidente da ABPO, Sérgio Ribas. No ano passado foram fabricadas 3,4 milhões de toneladas, alta 0,15% sobre 2013.

"Este ano deve ser de estabilidade de produção em relação ao ano passado. Em termos de faturamento, a expectativa é conseguir recompor a inflação e ter uma leve margem", afirmou Ribas.

Eduardo Mazurkyewistz crê que o setor como um todo não deverá crescer ao longo desse ano devido ao cenário de instabilidade e de aumento de custos. "O primeiro bimestre já foi muito ruim para o setor que está com muita dificuldade de crescer a produção", afirmou o diretor da Mazurky.

No primeiro bimestre deste ano, a produção registrou retração de 2,04% na comparação com o mesmo período de 2014. Nos dois primeiros meses do ano foram fabricadas 531 mil toneladas de papelão.
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