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Terça-feira, 02 de julho de 2024

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"Caos no porto de Santos não é culpa da superssafra", diz Cargill

A superssafra da soja está sendo apontada injustamente como a origem no colapso do transporte de grãos ao porto de Santos, afirmou nesta terça-feira (2) o diretor de portos da Cargill, Clythio Buggenhout, que opera o terminal de grãos do Guarujá, no litoral paulista. O executivo participou da Intermodal South America, evento que aconteceu em São Paulo na terça-feira.


"Do total de caminhões que chegam para descarregar mercadorias no terminal, 30% transportam grãos e 70%, outras commodities", aponta o executivo. De acordo com ele, o limite do terminal foi atingido em 2011, antes da supersafra.

Como exemplo do caos na acessibilidade ao porto de Santos, Buggenhout cita a atuação de agentes privados nas rodovias para controlar o tráfego de caminhões rumo ao terminal no Guarujá, na ausência de agentes públicos.

Perda de competitividade

O presidente da Associação de Comércio Exterior no Brasil (AEB), José Augusto Castro, classifica a situação atual como "apagão logístico", que é agravada pelo aumento nos custos do transporte e pelo encalhe de mercadorias para exportação.Como resultado, o País tem perdido competitividade no mercado internacional.

No último relatório da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil ocupava a 22ª posição no ranking mundial de exportadores em 2011, mesmo sendo a sétima economia mais rica do mundo.
Para Castro, a ineficiência operacional e os elevados custos do transporte – que aumentaram em 30% com o recente agravamento da crise nos portos – estão afastando o país da globalização industrial. A infraestrutura nos portos deveria ser planejada em conjunto com rodovias e ferrovias, segundo ele.

A associaçao pondera que a crise não é eterna e, se houver uma política integrada para criar infraestrutura portuária, o Brasil pode ser amplamente beneficiado no mercado externo. "O crescimento econômico e o êxodo rural na China e Índia reduzirão a produção de alimentos neste países, gerando maior necessidade de importação de nossas commodities", diz.

Portos 24 horas

O presidente da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegários (Abtra), Luis Augusto Ópice, defende que, para ser mais ágil, o transporte de cargas nos portos deveria funcionar 24 horas por dia, 365 dias por ano, e não apenas em horário comercial. "Se houver um processo integrado, funcionando sem parar, boa parte da carga encalhada poderá fluir, especialmente durante a noite, quando as rodovias têm baixíssima taxa de ocupação", sugere o executivo.

Ópice também diz acredita que, para solucionar a crise logística nos portos brasileiros, investir apenas em infraestrutura não é suficiente. "Falta rever questões tributárias e aumentar a capacidade das plataformas para receber cargas cada vez maiores, com o crescimento dos navios", declarou.
Entre 1996 e 2012, a participação do Brasil no comércio exterior subiu de US$ 100 bilhões para US$ 465 bilhões. No ano passado, a movimentação de cargas nos portos brasileiros cresceu 2,03%, totalizando 904 milhões de toneladas de mercadorias transportadas.
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