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Domingo, 07 de julho de 2024

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Brasil, Argentina e EUA se unem para alavancar venda de milho

Os produtores de milho do País ingressaram em uma articulação com agricultores dos EUA e da Argentina para pressionar os países que ainda resistem à compra do grão transgênico a destravar barreiras que ainda impedem a exportação de 30 milhões de toneladas de milho ao ano, segundo representantes do setor. Uma ação que pode mexer também nos preços da commodity.


A associação, batizada de Maizall - The International Maize Alliance, será sediada na Cidade do Panamá, buscará convencer países como China, Coreia do Sul e Alemanha a importarem maior quantidade de milho com modificação genética.

A formalização da aliança foi feita em Buenos Aires, com a presença do ex-ministro da Agricultura e presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, do vice-presidente da entidade, Sergio Bortolozzo, e de representantes da National Corn Growers Association (NCGA) e da US Grains Council (USGC),que representam o setor nos Estados Unidos, e da Maizar, associação dos produtores da Argentina. Os três países representam, juntos, 50% da produção e 70% das exportações mundiais do cereal.

Paolinelli considera "imprescindível que os governos do mundo todo reexaminem as regulamentações dos produtos derivados da biotecnologia. A inexistência de políticas regulamentares e comerciais práticas está impondo ônus exorbitante na inovação".

Atualmente, 70% das variedades de milho plantadas no inverno e colhidas no verão no Brasil são modificadas geneticamente, enquanto o índice de transgenia na safra plantada no verão e colhida no inverno, o "milho safrinha", chega a 80%.

Esta é exatamente a proporção de transgenia na lavoura de Laércio Lenz, de Sorriso, Mato Grosso (MT). Daqui a duas semanas, ele começará a colher a segunda safra do ano do cereal, que será 16% mais produtiva que a última safrinha, segundo suas estimativas. O aumento da produtividade, segundo o agricultor, se deve aos investimentos em adubação e fungicida, mas ele garante que o uso de sementes transgênicas lhe garante maior estabilidade no manejo da plantação.

A produção do milho safrinha, concentrada majoritariamente no Mato Grosso, é voltada principalmente para a exportação. O País exportou 4,5 milhões de toneladas entre fevereiro e abril, mas a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safrinha do milho elevará esse volume para 15 milhões de toneladas até o fim do ano. Em volume, as exportações correspondem a 19% de toda a produção nacional do grão, de acordo com o último levantamento de safra da Conab - o órgão prevê que os produtores colherão 77,9 milhões de toneladas entre a primeira e a segunda safra de milho de 2012/2013.

Se os milhocultores conseguissem derrubar as barreiras externas que impedem a exportação dos 30 milhões de toneladas, a balança comercial do setor ganharia mais RS$ 6,4 bilhões, de acordo com a cotação do milho de ontem. Como base de comparação, até abril, as exportações do ano renderam ao setor US$ 2,2 bilhões, segundo análise preliminar do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Regulamentação

O vice-presidente da Abramilho e representante da entidade na Maizall, Sergio Bortolozzo, afirmou ao DCI que a primeira ação do grupo internacional ocorrerá na próxima rodada internacional para discutir um novo patamar de Low level presence (LLP), que estabelece um valor máximo de presença de transgenia aceitável para consumo. A rodada ocorrerá em 2014, na África do Sul. Para Bortolozzo, as barreiras que ainda existem nos mercados com relação à transgenia são mais de caráter comercial do que técnico. "Existe uma propaganda mundial contra o produto geneticamente modificado por questões que foram incentivadas na Europa, principalmente no Reino Unido, sem nenhum fundamento do ponto de vista técnico. O interesse [em barrar] é puramente comercial", argumenta.

Para garantir a aceitação, ele diz que a Maizall vai trabalhar para garantir "uma padronização entre os órgãos regulatórios de cada país produtor para que todos tenham um só procedimento" com relação à modificação genética. A padronização será uma garantia internacional, já que, segundo Bortolozzo, a biotecnologia usada no Brasil, na Argentina e nos Estados Unidos já é a mesma, voltada à resistência ao glifosato e a lagartas.

O produtor Laércio Lenz, de Sorriso (MT), acredita que a articulação internacional será boa para conquistar novos mercados, mas ele ressalta que a prioridade para o setor é melhorar as condições de escoamento da produção. Na última safra, o custo do frete aumentou para ele em 40%, passando de R$ 13 a saca para R$ 20 a saca. O preço supera o que ele recebeu por saca vendida: R$ 12.
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