Universitários indígenas da Universidade de Brasilia (UnB) solicitaram apoio para solucionar em definitivo problema de moradia na capital federal e a fiscalização das bolsas disponíveis nas instituições federais de ensino superior nos estados, política implementada pelo Ministério da Educação (MEC).
Reunidos nesta quinta-feira (12.6), em Brasília, com os deputados Padre Ton (PT-RO) e Erika Kokai (PT-DF), da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas, os universitários afirmam que o ingresso na UnB é considerado muito rigoroso. São dez vagas por semestre, e o acesso à instituição se dá por meio de vestibular específico.
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Para evitar fraude na bolsa permanente adotada pelo MEC, ao se inscrever na UnB o aluno tem de apresentar documento reconhecido pela comunidade da etnia ao qual pertence, assinado por cinco lideranças; ata de reunião e autodeclaração de identidade indígena. Esse sistema, entretanto, não é adotado por todas as instituições.
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Além de prova, o aluno faz entrevista, segundo Poran Poriguara, universitário que coordena o grupo. A UnB oferece 14 cursos para alunos indígenas. Os estudantes oriundos de diversas etnias e estados do país frequentam cursos como Medicina, Nutrição, Enfermagem, Agronomia, Ciências Sociais e Biologia e outros.
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Outra questão é a permanência dos estudantes em Brasilia, cidade com alto custo de aluguel e burocracia no contrato da moradia, com exigência de fiadores. Os universitários relataram que houve atraso no repasse dos recursos da Funai para a moradia dos estudantes, tendo ocorrido, por conta disso, o despejo de sete universitários. Eles querem uma solução definitiva sobre isso, e sugeriram a criação da Casa do Universitário Indígena para evitar novos despejos.
Coordenador da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas, o deputado Padre Ton disse que será solicitada audiência no Ministério da Educação para tratar dos critérios de admissão de alunos indígenas e fiscalização na concessão das bolas, e também na Funai, a fim de ver a possibilidade de se destinar prédio da instituição para os estudantes.
“A Funai é um órgão centenário, tem muitos bens. Tem um prédio que está fechado, sei disso, no SIA. Pode ter outros. Vamos ver isso, e também pressionar o MEC para que tenha fiscalização e controle sobre os cursos”, disse Padre Ton, registrando que a Frente está a disposição para tratar de temas de interesses dos universitários.
Já a deputada Erika Kokai (PT-DF) se comprometeu a destinar emenda para a construção de um local para moradia dos universitários.