O Fórum Estadão Centro-Oeste, evento promovido por um dos mais importantes e influentes periódicos do Brasil, "O Estado de São Paulo", em parceria com a Caixa Econômica Federal, objetiva discutir a situação sócio-econômica das regiões brasileiras, entre outros pormenores. Desta vez, como esclarece o tema escolhido para esta edição, a região Centro-Oeste foi o foco das discussões.

“Nós precisamos de ferrovias. Se tivéssemos ferrovias, hidrovias e rodovias, os gestores reclamariam menos”, frisou o chefe do Executivo de Mato Grosso, para uma seleta platéia no auditório do Jornal Estadão, dando ênfase a um discurso repetido há 30 anos, em todos os rincões do Estado.


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Políticos, empresários e autoridades de diversos setores da economia dos quatro estados e do Distrito Federal lá estavam. Representando Mato Grosso, importantes peças do quadro de autoridades do estado: o governador Silval Barbosa (PMDB), o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, e mais meia dúzia de supostos técnicos do setor agroindustrial.

Por lá discutiram a "galinha dos ovos de ouro" de Mato Grosso: a logística, para ampliar a competitividade do agronegócio do Centro-Oeste. Silval disse, pela enésima vez, que a bendita é a solução para os problemas enfrentados pelo Estado. Alguém mais deve tê-lo dito. Este é um discurso que vem sendo proferido por autoridades mato-grossenses há pelo menos três décadas.

A travessia urbana do município de Rondonópolis, segunda potência econômica de Mato Grosso e um dos maiores produtores de grãos do Centro-Oeste, está moribunda há cerca de 25 anos. O projeto inicial, que previa gastos que não ultrapassavam os R$ 10 milhões, já batem na casa das R$ 60 milhões.

Todos sabem da necessidade de duplicar os 14 quilômetros da BR-163/364 que passam pelo perímetro urbano da cidade. Berço político de líderes exponenciais, como Carlos Bezerra – ex-governador e atual deputado federal, Blairo Maggi – ex-governador por duas vezes e atual senador da República -, e do também deputado federal Wellington Fagundes, Rondonópolis agoniza uma situação vexatória por conta de uma obra de pequenas proporções.

Caso fosse finalizada, destravaria boa parte do problema logístico que afeta a economia de Mato Grosso. Assim como a passagem urbana de Lucas do Rio Verde o faria, o término das intermináveis obras de duplicação da BR-163, que dependem não só da boa vontade do Governo Federal, mas muito mais da vontade política dos administradores públicos do Estado.

São tantas as obras de infraestrutura que caminham a passos de tartaruga, que enumera-las seria tarefa herculana.

Em seu discurso durante o fórum, Silval tachou Mato Grosso como "um estado solução", ao tentar definir suas potencialidades. A assessoria do governador deveria te-lo alertado que as potencialidades de Mato Grosso são conhecidas inclusive pelo candidato a presidência da República, o político mineiro Aécio Neves (PSDB), que foi à Sorriso gravar programa eleitoral para destacar uma dessas ‘potencialidades’.

Em mesa redonda, na qual compartilhou com o governador de Mato Grosso do Sul, André Puccineli, vice-governador de Goiás, José Eliton Figuerêdo Júnior, e com o editor de Economia do jornal, Cley Scholz, mediador do debate, Silval apresentou dados da produção agropecuária de Mato Grosso (maior isso, maior aquilo).

Se esqueceu de mencionar que o grande mérito disso vem das entidades de classe e dos empresários, que firmam parcerias com multinacionais e criam associações como Famato e Aprosoja para não depender das inabilidade do governo para lidar com estas potencialidades.

Falou, falou e falou de logística. Mas o que o governador fez mesmo foi chover no molhado.